O ex-presidente Lula
palestrou na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo (SP),
nesta quinta-feira, em uma conferência com o tema “Uma Nova Política Externa”,
e falou sobre os problemas que o País enfrenta, principalmente em relação ao
transporte. “As pessoas se incomodam com o pobre tendo carro ou andando de
avião”, afirmou Lula.
Lula disse que, em 2007 o País tinha 48 milhões de
brasileiros viajando de avião; em 2012, esse número subiu para 101 milhões. “Em
10 anos, fizemos com que 53 milhões começassem a andar de avião. Claro que tem
problema em aeroporto. O pobre compra um carro e não consegue andar. É claro
que tem protesto. Aí ele fala, 'puta que pariu vamos protestar contra esse
prefeito'. E viva o protesto, porque de protesto em protesto vamos consertando
o telhado”, completou.
Em relação à política externa, Lula destacou seu trabalho
nos oito anos de governo e ressaltou o momento em que, segundo ele, “não
abaixou a cabeça” para os Estados Unidos, logo que assumiu a Presidência da República.
“Nenhum de nós quer romper relação com os Estados Unidos, pela importância, mas
você não pode ser dependente de um país ou um bloco. Quanto mais diversificada
a relação, mais chance tem de fazer a coisa funcionar”, afirmou.
Lula disse que, seu governo foi o responsável por
reconquistar a confiança da política internacional. “Na década de 90, existia a
dúvida de quem era o serviçal mais importante, Menem (Carlos Menem, presidente
da Argentina de 1989 a 1999), FHC, etc. Como o Brasil queria ser grande se não
cuidava dos que estavam perto de si? Fizemos um trabalho de reconquistar
confiança política. Em dois anos, aconteceram coisas extraordinárias, primeiro
o Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela), depois o Lula, o Kirchner
(Néstor Kirchner, presidente da Argentina de 2003 a 2007), etc. Aquilo que as
pessoas jamais imaginaram que iria acontecer nós vivemos, que foi o período
mais progressista, socialista e de esquerda da nossa América do Sul.”
Para Lula, o mais importante de uma política exterior é “se
respeitar”. O ex-presidente citou um caso que ocorreu em uma reunião do G8. “Em
politica internacional, ninguém respeita quem não se respeita. Ninguém respeita
lambe-botas, aquele puxa-saco. Em uma reunião, cumprimentei cada companheiro e
sentei numa mesa. Eis que chega o Bush (George W. Bush, presidente dos Estados
Unidos de 2001 a 2009). Todo mundo levantou, mas eu disse ao Celso (Amorim,
ministro das Relações Exteriores do governo Lula) para não levantar. Isso
parece bobagem, mas politica é feita de gestos. Eu apenas quis dizer que
ninguém levantou quando cheguei e eu não levantei pra ninguém”, disse.
Encerrando o discurso antes de abrir a palestra para o
debate com os universitários, Lula deu um conselho aos jovens presentes no
auditório da Universidade Federal do ABC. “Na hora que um jovem estiver dentro
de casa ou no computador, quando vocês estiverem putos da vida, dizendo que não
gosta do Lula, da Dilma, ainda assim, não neguem a política. E muito menos
neguem os partidos. Podem fazer outros. Quando estiver puto e negar as coisas,
em vez de negar a política, entre na política. É dentro de cada um de vocês que
está o político perfeito que vocês querem. Fora disso, não existe solução”,
concluiu.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam
governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte
público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram
protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços
públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional,
dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de
milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um
significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e
abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para
protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a
mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos
meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas
mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de
junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a
polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu
a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o
que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos.
Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados
por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014,
a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de
Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.No Terra
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