Por Fábio de Oliveira Ribeiro, no Jornal GGN:
Durante sua devastadora campanha aérea contra a Sérvia, a
OTAN e os EUA bombardearam estações de TV e de rádio que existiam no país. A
justificativa dada para atacar alvos civis foi absolutamente singela: as
empresas de comunicação ajudavam a sustentar o regime infame de Radovan
Karadžić que estava movendo uma guerra de conquista territorial mediante
limpeza étnica.
Gaza tem sido diariamente bombardeada por Israel. Mais de
mil de civis foram mortos, centenas de crianças inocentes tiveram suas vidas
ceifadas em virtude de terem cometido apenas um crime: nascer em Gaza de pais
palestinos. A Reuters e outras fábricas de consenso que ajudam a formatar a
opinião global sobre o conflito geralmente justificam o "ponto de
vista" israelense.
Quando não minimizam as baixas entre civis palestinos
dizendo que os mortos e mutilados são "danos colaterais", os
jornalistas culpam o Hamas por ter atacado Israel autorizando o país a
contra-atacar. Os dois lados são tratados como se fossem iguais, muito embora
Israel tenha centenas de aviões e tanques de guerra e Gaza não tenha nem mesmo
armamentos para repelir os sofisticados e devastadores ataques mecanizados
israelenses.
Apenas para exemplificar o modo de operar dos jornalistas
brasileiras em favor de Israel citarei o caso do Jornal da Gazeta. Hoje o
telejornal informou que bombas de israelenses caíram numa usina de energia
elétrica de Gaza deixando os palestinos sem eletricidade. Disse também que o
Hamas disparou mísseis contra alvos em Israel. O foco da matéria em relação aos
palestinos foi a intenção do Hamas (chamado de grupo terrorista) de atingir
alvos israelenses, mas a intenção de Israel de deixar quase toda população de
Gaza sem eletricidade é disfarçada pelo discurso jornalístico. Ao dizer que
"bombas israelenses caíram" na usina de energia o Jornal da Gazeta
sugeriu ao respeitável público que isto pode ter ocorrido por acidente (o que
evidentemente é um absurdo, pois Israel está usando armamentos precisos e
sofisticados made in USA).
O jornalismo sérvio foi considerado culpado por ter ajudado
Radovan Karadžić . Quem culpará o jornalismo ocidental por ajudar Israel a
produzir um genocídio infantil em Gaza? Esta pergunta nem mesmo é feita. Nada
do que os jornalistas ocidentais façam pode ser considerado crime. Eles ajudaram
os EUA a invadir o Iraque repercutindo as mentiras contadas pelos habitantes da
Casa Branca e do Pentágono sobre as "armas de destruição em massa" de
Saddan Hussein. E não foram responsabilizados por terem tocado os tambores de
guerra para justificar a injusta agressão militar norte-americana.
Fomos enganados, disseram alguns jornalistas depois que
ficou provado que o Iraque havia desmantelado completamente seus programas de
"armas de destruição em massa" 4 ou 5 anos antes da invasão comandada
por George W. Bush Jr. e sua quadrilha de assessores igualmente mentirosos.
Centenas de milhares de iraquianos foram mortos e mutilados desde 2003. A
tortura se tornou uma realidade fotográfica compartilhada na internet pelos
próprios torturadores. Os jornalistas norte-americanos fizeram um acanhado mea
culpa e foram receber seus cheques gordos no final do mês como se não tivessem
cometido qualquer crime.
Neste exato momento os jornalistas europeus,
norte-americanos e alguns de seus colegas brasileiros estão ajudando Israel a
transformar Gaza em um monte de entulhos e corpos despedaçados. Eles estão
lavando as mãos, sim. Mas fazem isto em bacias cheias de sangue infantil. E nem
sentem vergonha quando, nos telejornais diários, culpam os palestinos por serem
vítimas de crimes de guerra. Os jornalistas sérvios fizeram o mesmo e pagaram
caro. Antes deles, os jornalistas nazistas fizeram algo parecido e também foram
impiedosamente bombardeados. O nazijornalismo ocidental, contudo, parece
determinado a seguir em frente, fomentando guerras não autorizadas pelo
Conselho de Segurança da ONU como se isto fosse algo bom, belo e justo.
Hoje a Reuters anunciou no seu Twitter uma reportagem
especial sobre a origem das armas utilizadas pelos rebeldes russos na Ucrânica.
Nada dirá sobre a origem das armas que Israel utiliza para despedaçar crianças
em Gaza? Esta omissão me parece deliberada, pois os F-16 e as bombas e mísseis
que eles despejam sobre civis palestinos são made in USA. Os tanques de guerra
israelenses que disparam constantemente contra as casas dos palestinos em Gaza
também não são fabricados na Rússia.
Quando não estão ajudando Israel a destruir Gaza, os
nazijornalistas europeus, norte-americanos e brasileiros acusam a Rússia de ter
derrubado um avião de passageiro na Ucrânia. Eles fazem isto para desviar a
atenção do respeitável público do único fato relevante: eles mesmos estão com
as mãos ensanguentadas porque ajudam os israelenses a cometer crimes de guerra.
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