Por Eduardo Guimarães
Antes de analista político, sou um cidadão.
Uma de minhas maiores frustrações é não poder encarar o que
considero um dos maiores desafios do homem em qualquer época, o de ser capaz de
analisar qualquer coisa com base exclusivamente nos fatos, sem deixar que suas
idiossincrasias – desejos, ambições, preconceitos, rancores ou amores –
interfiram.
Para explicar por que não posso encarar tal desafio, tomemos
a política contemporânea no Brasil como exemplo. Antes de analista político,
sou um cidadão. Escrevo um blog intitulado pelo conceito imperioso de exercício
da Cidadania.
Ora, exercer a cidadania é, sobretudo, tomar partido de um
conjunto de ideias e ideais a partir dos quais aquele cidadão acredita que
conseguirá melhorar o seu país. E para fazer prevalecer esses valores em uma
democracia, só através de partidos políticos. Sem eles, a democracia
simplesmente não existe.
No caso da conjuntura política brasileira, na qual vige um
clima maniqueísta entre “tucanos” e “petistas”, fica difícil ser “imparcial”.
Basta ir a qualquer blog ou site político da internet e analisar os
comentários. Há uma vontade de um lado destruir o outro.
Quantas vezes você leu que os “tucanalhas” ou os “petralhas”
são o mal encarnado e precisam ser extirpados da vida da nação? Chegam a pregar
a prisão daqueles de quem divergem. Em alguns casos, já vi pregarem até a
exterminação física.
Entre a direita midiática e a centro-esquerda “petista” só
falta haver enfrentamentos físicos nas ruas, coisa que já acontece em países
como a Venezuela, por exemplo, onde as pessoas se atracam e até trocam tiros
por política, sejam chavistas ou antichavistas.
Apesar da quase inviabilidade da “imparcialidade” em um
quadro como esse, parcela imensa do jornalismo nacional vive de namoro com ela,
amante que corteja o tempo todo mas que trai em cada viés parcial que tenta
contrabandear em textos ou na oratória julgando que ninguém irá notar.
Não é nem culpa dos jornalistas. Muitos deles nem agem assim
conscientemente. A culpa é do caráter escandalosamente parcial que os donos dos
grandes órgãos de imprensa imprimem a eles. Essa parcialidade mal disfarçada
exacerba os ânimos e cria um clima propício ao sectarismo.
Se a grande mídia abandonasse o engajamento
político-partidário-ideológico ou se ao menos o reduzisse a níveis aceitáveis,
este blogueiro enveredaria pela seara da imparcialidade, pois gostaria muito de
provar a si mesmo que é capaz de ser imparcial.
Enquanto o milagre da tomada de consciência pela mídia não
vem, se não posso ser imparcial ao menos quero, em benefício do leitor,
esclarecer que tenho lado, sim. E recomendar que você que me lê desconfie de
quem disser que não tem. Simplesmente porque essa pessoa estará tentando lhe
passar a perna.
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