No pronunciamento em rede de rádio e TV pelo 7 de setembro,
Dilma focou no desenvolvimento social e econômico, com ênfase na saúde e no
programa "Mais médicos"; na educação que ganha reforço com a riqueza
do petróleo; na geração de emprego e renda, uma prioridade desde o governo
Lula; na maior participação popular para fazer a reforma política com
plebiscito. Veja:
A íntegra do texto do discurso:
Pronunciamento da Presidenta da República, Dilma Rousseff,
por ocasião do Sete de Setembro
06/09/2013 às 20h40
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Há 191 anos o Brasil viveu sua primeira grande mudança
política. Deixou de ser uma colônia para se transformar em um país
independente. Hoje, nosso Grito do Ipiranga é o grito para acelerar o ciclo de
mudanças que, nos últimos anos, tem feito o Brasil avançar. O povo quer, o
Brasil pode e o governo está preparado para avançar nesta marcha.
2013 tem sido um ano de intensos desafios políticos e
econômicos aqui e no resto do mundo. Apesar da delicada conjuntura
internacional, nossa economia continua firme e superando desafios. Acabamos de
dar uma prova contundente. No segundo trimestre fomos uma das economias que
mais cresceu no mundo. Superamos os maiores países ricos, entre eles os Estados
Unidos e a Alemanha. Ultrapassamos a maioria dos emergentes e deixamos para
trás países que vinham se destacando, como o México e a Coreia do Sul.
O melhor é que crescemos em todos os setores, e a indústria
e os investimentos mostraram franca recuperação. Falharam mais uma vez os que
apostavam em aumento do desemprego, inflação alta e crescimento negativo. Nosso
tripé de sustentação continua sendo a garantia do emprego, a inflação contida e
a retomada gradual do crescimento.
A inflação está em queda. Os índices de julho e agosto foram
baixos e a cesta básica ficou mais barata em todas as 18 capitais pesquisadas.
Vamos fechar 2013 com uma inflação, mais uma vez, dentro da meta, o décimo ano
consecutivo em que isso ocorre. O emprego continua crescendo. Já geramos 900
mil vagas este ano e mais de 4 milhões e 500 mil desde o início do meu governo.
Estamos também tomando medidas eficazes para conter as
oscilações bruscas do dólar, que afetam a economia de todos os países
emergentes, sem exceção. Essas oscilações são decorrentes de alterações da
política monetária americana e afetam a todos. A situação ainda exige cuidados,
porém há sinais de que o pior já passou. Não vamos descuidar um só instante.
Vamos manter o equilíbrio fiscal, o estímulo ao investimento, a ampliação do
mercado interno e a garantia de nossas reservas internacionais para estabilizar
as flutuações do mercado cambial.
Meus amigos e minhas amigas,
Eu sei tanto quanto vocês que ainda há muito a ser feito. O
governo deve ter humildade e autocrítica para admitir que existe um Brasil com
problemas urgentes a vencer, e a população tem todo o direito de se indignar
com o que existe de errado e cobrar mudanças.
Mas há, igualmente, um Brasil de grandes resultados, que não
podemos deixar de enxergar e reconhecer. Não podemos aceitar que uma capa de
pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante: o Brasil avançou como nunca
nos últimos anos.
Infelizmente ainda somos um país com serviços públicos de
baixa qualidade. Estamos aprofundando os cinco pactos para acelerar melhorias
na saúde, na educação e no transporte, e para aperfeiçoar a nossa política e a
nossa economia.
O Pacto da Educação já garantiu 75% dos royalties do
petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação. Esse será um dos
maiores legados do nosso governo a gerações presentes e futuras, e vai trazer
benefícios permanentes à população brasileira por um período mínimo de 50 anos.
Já o Pacto do Transporte Público vai significar, no curto e
médio prazo, obras e projetos capazes de melhorar a mobilidade e o transporte
coletivo nas nossas maiores cidades. Isso significa mais metrôs, monotrilhos,
corredores de ônibus e VLTs.
O Pacto pela Estabilidade Fiscal está mobilizando nossos
esforços para manter equilibradas as contas públicas e a inflação sob controle.
Isso é fundamental para que o Brasil cresça e continue gerando empregos.
O Pacto da Reforma Política e Combate à Corrupção acaba de
dar um bom passo com a proposta de decreto legislativo para a realização do
plebiscito. Queremos mais transparência, mais ética, honestidade e mais
democracia. Isso passa, necessariamente, pela reforma das práticas políticas em
todos os níveis. Só assim poderemos acabar com o desmando e combater, sem
tréguas, a corrupção como queremos e como o Brasil necessita.
Minhas amigas e meus amigos,
O Pacto da Saúde irá produzir resultados rápidos e efetivos.
O Mais Médicos está se tornando realidade, e tenho certeza de que, a cada dia,
vocês vão sentir os benefícios e entender melhor o grande significado deste
programa. Especialmente você que mora na periferia das grandes cidades, nos
pequenos municípios e nas zonas mais remotas do país, porque você conhece bem o
sofrimento de chegar a um posto de saúde e não encontrar médico, ou ter que
viajar centenas de quilômetros em busca de socorro.
O Brasil tem feito e precisa fazer mais investimentos em
hospitais e equipamentos, porém a falta de médicos é a queixa mais forte da
população pobre. Muita morte pode ser evitada, muita dor, diminuída, e muita
fila, reduzida nos hospitais, apenas com a presença atenta e dedicada de um
médico em um posto de saúde.
A vinda de médicos estrangeiros, que estão ocupando apenas
as vagas que não interessam e não são preenchidas por brasileiros, não é uma
decisão contra os médicos nacionais. É uma decisão a favor da saúde.
O Brasil deve muito a seus médicos, o Brasil deve muito à
sua Medicina, mas o país ainda tem uma grande dívida com a saúde pública e essa
dívida tem que ser resgatada o mais rápido possível.
Queridas brasileiras, queridos brasileiros,
Esse é um momento que exige coragem e decisão em todos os
sentidos. A coragem é irmã da liberdade e mãe de todas as mudanças. Esse é um
momento de fazer o governo chegar cada vez mais perto do povo, e do povo
participar cada vez mais das decisões de governo. Mais que nunca, o Brasil está
aprendendo que o que importa não é termos problemas. O importante é termos as
soluções, e mais soluções estão a caminho.
Ainda este mês, vamos fazer novos leilões de portos,
aeroportos, ferrovias e rodovias. Esses leilões vão injetar bilhões e bilhões
na economia, gerando centenas de milhares de empregos.
Vamos também leiloar, em outubro, um imenso campo de
petróleo do pré-sal, o Campo de Libra. Para vocês terem uma ideia, ao longo dos
últimos cem anos de exploração do petróleo no Brasil, acumulamos, de reservas,
15 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Vejam vocês, só o Campo de Libra
tem um potencial de reserva entre 8 a 12 bilhões de barris equivalentes de
petróleo. Para sua exploração será exigida grande mobilização de recursos,
como, por exemplo, a construção de 15 a 17 plataformas. Assim, vamos estimular
toda a cadeia produtiva e gerar milhares e milhares de empregos.
Além disso, os royalties das áreas já em exploração e
daquelas descobertas neste e em outros campos vão gerar recursos gigantescos
para a educação. Mais creches, alfabetização na idade certa, escolas em tempo
integral, ensino médio profissionalizante, mais vagas em universidades, mais
pesquisa e inovação, e professores mais preparados e bem remunerados, tudo isso
requer mais investimentos e recursos.
Devemos transformar a riqueza finita do petróleo em uma
conquista perene da nossa sociedade. A educação é a grande estrada da
transformação, a rota mais ampla e segura para o Brasil seguir avançando e
assegurando oportunidades para todos, o verdadeiro caminho da independência.
Viva o Sete de Setembro! Viva o Brasil! Viva o povo
brasileiro!
Obrigada e boa noite.
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