Por mais que o governador Alckmin tente esconder, a situação
real é que estamos muito próximos de um verdadeiro apagão da água no Estado de
São Paulo. E o quadro só vai piorar durante a Copa do Mundo, quando
inevitavelmente haverá aumento do consumo. Isso significa que, se nenhuma
medida for adotada, não teremos água nas torneiras de nossas casas.
Há 10 anos o governo do PSDB, que está há cerca de 20 anos à
frente da administração estadual, deveria ter construído uma nova rede de
abastecimento. Ao renovar a concessão do Sistema Cantareira, em 2004, a Agência
Nacional das Águas determinou que a Sabesp reduzisse essa dependência e
aumentasse a oferta de água para abastecimento em volume equivalente à vazão
atual.
Mas seguindo o cada vez mais questionável bom modelo de
gestão tucana, que se esparrama também nos problemas nos trens e no metrô, nada
foi feito. Com isso, as quase 9 milhões de pessoas que dependem da Cantareira
se veem reféns do descaso do governo do PSDB e da falta de planejamento da
Sabesp.
O fato de somente agora Alckmin começar, ainda de maneira
tímida, a assumir a possibilidade de racionamento, com a súbita troca de
comando da Secretaria de Recursos Hídricos, dá uma dimensão da gravidade da
situação.
A realidade é que no Estado mais rico do país a população já
convive com um rodízio forçado de água, inclusive em vários bairros da capital.
A desculpa do órgão, que é ligado à administração estadual, é que se trata de
interrupção momentânea no fornecimento por motivos técnicos. Uma grande mentira
quando se sabe que o Sistema Cantareira já chegou a 12% de sua capacidade, a
pior marca nos últimos 84 anos.
Especialistas dizem que se nada for feito com urgência a
água certamente vai acabar em outubro. A situação é lamentável e muito
revoltante, diante do alto lucro gerado pela Sabesp, com o pagamento de
dividendos aos acionistas, enquanto faltam investimentos da empresa estadual
para evitar crises como a que estamos vivendo.
O governo do PSDB é quem mais sai lucrando nessa história
por ser o maior acionista da Sabesp. Para se ter ideia, entre 2011 e 2013, a
gestão Alckmin recebeu R$ 725 milhões de dividendos. Enquanto isso, cidades
como Guarulhos, com mais de 1,3 milhão de habitantes, enfrentam um duro
racionamento desde o começo do ano.
A população de São Paulo precisa ter bem claro que a culpa
da desastrosa falta de água é toda do governo estadual e da Sabesp. E do jeito
que a coisa anda, não demora muito para que a população paulista tenha de
incluir um novo componente em seu kit de higiene pessoal: caneca para tomar
banho. Será essa a tão propalada gestão tucana de qualidade?
* Carlos Neder é médico e deputado estadual (PT-SP).
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