Por Altamiro Borges
É impressionante a capacidade da
mídia privada em fazer sumir com qualquer denúncia que envolva tucanos de alta
plumagem. Na sua seletividade, o tal jornalismo investigativo vira piada. Ele
só serve para investigar os adversários políticos dos barões da imprensa. Aos
amigos, o silêncio cumplice. Em meados de maio, dirigentes do PMDB de Minas
Gerais acusaram a direção do PSDB de oferecer R$ 20 milhões em troca de apoio
político na disputa para o governo estadual. De imediato, os tucanos garantiram
que a oferta era uma “mentira brutal”, e a mídia amiga simplesmente arquivou a
denúncia.
Segundo Antônio Andrade,
dirigente do PMDB-MG, a tentativa de suborno foi feita diretamente pelo
presidente do PSDB no estado, o deputado federal Marcus Pestana, um dos principais
auxiliares do cambaleante Aécio Neves. “Eu disse pra eles que tenho que ajudar
nossa bancada, que estou atrás de R$ 20 milhões. Eles disseram: Não, isso não é
problema, nós conseguimos os R$ 20 milhões pra você ajudar a bancada dos
pré-candidatos a deputado estadual e federal”, afirmou o peemedebista aos
jornais mineiros “O Tempo” e “Hoje em Dia”. Na sequência, diante do risco de
ser processado por não ter provas concretas, Antônio Andrade abrandou o tom da
denúncia.
Ele evitou falar em “compra” de
apoio, mas confirmou a conversa em torno da cifra de R$ 20 milhões. Ele também
não citou o tucano Marcus Pestana, mas garantiu que um ‘porta-voz’ do PSDB
participou da reunião com os peemedebistas e ficou de conseguir a ajuda
financeira. Outros líderes do PMDB mineiro, como os deputados Sávio Souza Cruz
e Zaire Rezende, confirmaram que Antônio Andrade havia mencionado a oferta
milionária. De imediato, a chamada grande imprensa – que geralmente não ouve o
“outro lado” e costuma fazer acusações levianas – procurou o presidente do PSDB
de Minas Gerais.
Segundo a Folha tucana, “Pestana
chamou de ‘mentira brutal’ e ‘delírio’ a suposta oferta de dinheiro. ‘Nunca
houve esse diálogo. Eu não sei como alguém joga uma calúnia desta no ar’,
afirmou. Segundo Pestana, a sua única reunião com o PMDB de Minas ocorreu há
três meses, quando ele pediu que o partido passasse a dialogar com a aliança
que dá sustentação aos tucanos no Estado”. O jornal ainda aproveitou para
lembrar que Antônio Andrade foi ministro da Agricultura de Dilma Rousseff e
“hoje é cotado para ser vice-governador na chapa do petista Fernando Pimentel,
com quem seu partido negocia uma aliança no Estado”.
Dadas estas explicações, o
assunto simplesmente sumiu da pauta da velha mídia. Ninguém fala mais sobre o assunto.
Não foi acionada nenhuma equipe de “jornalistas investigativos” para apurar o
estranho caso. Quase um mês após a denúncia, a “suposta tentativa de suborno”
desapareceu das páginas dos jornais e nem sequer foi mencionada nos
telejornais. Acabou! Simples assim! O mesmo já havia ocorrido nas denúncias
sobre a compra de votos para a reeleição de FHC, no processo da privataria e,
mais recentemente, no escândalo do "trensalão tucano". Haja
imparcialidade!
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