por : Paulo Nogueira Costa
Quanto as acusações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa pesarão nas eleições?
Preso por corrupção, Costa acusou um número incerto de
políticos – as especulações variam entre 32 e mais de 60 — de receber propinas
em obras da Petrobras nos tempos em que ele foi diretor de abastecimento.
Ele decidiu fazer a chamada “delação premiada”, para reduzir
substancialmente uma pena que poderia chegar a 30 anos de prisão.
Costa é uma amostra do preço das coligações pela
governabilidade. Ele foi indicado para o cargo de diretor da Petrobras pelo PP,
o partido de Maluf.
Ele já está na capa da Veja, conforme se poderia prever, com
estardalhaço.
A Veja, em seu site, promete revelar os nomes de sua lista
na edição que circula amanhã.
É provável que jornais e revistas se atirem sobre o caso com
fúria, na esperança de minar a candidatura de Dilma.
A apatia da imprensa em escândalos como o do helicóptero dos
Perrellas e o do aeroporto de Cláudio, para não falar das propinas do metrô de
São Paulo, tende a se substituir por uma entusiasmo frenético na cobertura da
delação de Costa.
Cuidados jornalísticos elementares serão ignorados. Já estão
sendo, aliás. Em alguns sites, a palavra de Costa é tomada como a última
expressão da verdade, muito antes de qualquer investigação.
Torça para não estar na relação, porque você não seria
acusado, mas culpado antecipadamente.
Minha convicção é que o impacto das acusações nas eleições
será menor, bem menor, do que gostariam os antipetistas.
A indignação, real ou fingida, vai atingir os que chamam os
petistas de petralhas. São os eleitores de Aécio, no primeiro turno, e de
Marina, no segundo.
Eles votariam em qualquer coisa para tirar o PT do poder.
Detestam o lulipetismo, o bolivarianismo, o dilmismo – em suma, qualquer coisa
que remeta ao PT.
Eles não precisam das acusações de Paulo Roberto Costa, ou
de quem quer que seja, para militar e votar contra os “petralhas”.
Do outro lado, quem está com Dilma dificilmente se
movimentará para outro candidato.
Há uma justa desconfiança das intenções por trás de
denúncias de corrupção.
Ao longo da história recente, escândalos – muitas vezes
simplesmente inventados, e outras tantas brutalmente ampliados – foram a arma
da mídia para desestabilizar governos populares.
De Getúlio a Jango, de Lula a Dilma, tem sido sempre a mesma
história.
As delações de Costa devem ser apuradas, e os culpados
punidos. Ponto.
Mas daí a manipular o público para favorecer os
privilegiados de sempre vai uma longa distância.
O povo parece ter percebido isso, nos últimos anos, e eis
uma avanço de consciência que deve ser saudado.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial
do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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