REFLEXÃO
DA SEMANA Nº 56
Por
Dedé Rodrigues
Bom
dia meus amigos e minhas amigas ouvintes do Programa Tabira em Tempo. Esta
semana um blogueiro de Tabira, dirigente do PPS local, escreveu um texto no whatsapp
dele me acusando de reprovar alunos que discordavam da minha opinião
sobre o processo de impeachment que a Presidenta Dilma está
sofrendo. A reprovação, segundo ele, se daria quando o
aluno discordava de mim na prova sobre o termo golpe, no lugar
de impeachment. Ele cita o meu partido e ainda faz críticas a minha Escola
Arnaldo Alves Cavalcanti. Esse mesmo cidadão, pai de uma das minhas
alunas, foi convidado à escola para se explicar e saiu convencido de que estava
equivocado e prometeu fazer uma nota no whatsapp dele desconstruindo a calúnia
que fez. Na verdade ele estava confundindo uma questão objetiva
de múltipla escolha com uma questão dissertativa ou opinativa. E confundindo também o Ensino fundamental com o Ensino Médio em ralação a questão indígena. Espero
que o equívoco dele termine por aí. Porém esse episódio me inspirou a responder a seguinte questão: o professor pode falar sobre política em sala de aula?
O equívoco desse cidadão, não
sei se ele sabe, faz parte de um
posicionamento conservador no país de que o professor não deve falar sobre
política em sala de aula. Pensadores e educadores fundamentais para o
conhecimento da vida e das ciências sociais como Paulo Freire e Karl Marx são
criticados em manifestações conservadoras contra a Presidenta Dilma,
chegaram até a defender a retirada desses teóricos dos livros
didáticos e da educação brasileira. Um completo absurdo!
Ora!
Como posso não falar em política ensinando Sociologia Hoje, que agora tem
Antropologia e Ciência Política no currículo para o 3º Ensino Médio? Como posso
abordar os conteúdos: Regime Político, Estado, Democracia e Partidos Políticos
sem falar em política? Só se eu for ensinar e aprender no planeta Marte.
Lá não tem civilização, porém não tem política.
Além
do mais, nenhum professor é neutro em relação a política em sala de
aula. A suposta neutralidade do professor é falsa. Como dizia Paulo
Freire: ou você está do lado do opressor ou do lado do oprimido. No caso do
Brasil hoje ou você é a favor do impeachment de Dilma ou é contra ele, como eu.
A diferença é que na minha sala de aula existe plena democracia e o
respeito ao contraditório e a diversidade. Lá a gente debate tudo, mostrando sempre
o dois lados da moeda. Isso não tem nada a ver com a avaliação do aluno ou com
a opinião dele, que sempre a respeitei. Estamos vivendo em uma democracia, na
qual a Constituição de 1988 garante que “É livre a manifestação
do pensamento, vedado o anonimato”. Só a Ditadura Militar impedia o livre
debate. Os golpistas agora querem também limitar a nossa liberdade. Querem
amordaçar o professor e encontram gente disposta a repercutir ou concordar
com tal arbitrariedade.
Para
os conservadores, os mesmos golpistas que estão hoje querendo o impeachment de
Dilma sem haver crime de responsabilidade, a educação libertadora de Paulo
Freire é uma ameaça. Pois esse mestre nos ensina que “seria uma atitude
muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma
forma de educação que permitisse as classes dominadas perceberem
a exploração de forma crítica.” Paulo Freire ainda disse que: “Quando a
educação não é libertadora o sonho do oprimido é ser também opressor”.
Vejam
como é importante para a elite econômica brasileira, os ricos, que
os pobres pensem como eles e votem neles. Não é atoa que temos um Congresso
Nacional muito Conservador, com a grande maioria de deputados compradores
de votos, metidos em todo tipo de
maracutaia e corrupção. São os mesmos eleitores, inocentes pobres
ou pobres inocentes, mal educados ou mal informados sobre política, que
votaram naqueles deputados golpistas. Os pobres votaram neles, pensando
como eles, mas continuam cada vez mais pobres, com a
ilusão de ficarem ricos. Pois bem: são aqueles mesmos deputados que votaram a
favor do impeachment de Dilma, que em um possível governo Michel Temer,
vão tirar muitos dos nossos direitos, pois já tem lá muitos projetos
deles que rasgam a nossa CLT e tiram direitos trabalhistas. Jamais haverá
justa distribuição de renda com pobre votando em rico. Mesmo que um outro indivíduo tenha ascensão social no sistema capitalista, jamais a classe
trabalhadora, o proletariado, vai adquirir o status de burguês. A
riqueza do burguês é produto do trabalho dos pobres, dos operários, como ensina
Marx e, não o contrário.
A
Escola, meus amigos, não pode ser uma mera reprodutora de conteúdos prontos e
acabados com a ideologia burguesa. Toda ciência está em evolução e todo
conteúdo precisa ser contextualizado, atualizado. Toda ideologia tem a sua
contra ideologia.
Como
diz Leci Brandão: É na sala de aula onde se forma o cidadão. É na sala de
aula onde se constrói a democracia no Brasil. É na sala de aula onde se ensina
o que é política, sem partidarismo ou doutrinarismo. É lá onde se ensina o que é justiça, o que é liberdade, o
que é igualdade e o que é fraternidade. É na sala de aula onde se ensina
o respeito a opinião e a opção do outro. É na escola onde se combate a
homofobia, o preconceito, o bulling etc. Enfim, meus amigos e amigas, é
na sala de aula onde se constrói uma nação brasileira, mais fraterna, mais
igualitária e mais democrática. A escola não pode deixar de cumprir a sua
função social, caso contrário, ela perderá o significado para a classe trabalhadora.
VIVA
À LIBERDADE!
VIVA
À DEMOCRACIA!
VIVA
À ESCOLA ARNALDO ALVES CAVALCANTI!
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