Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
A conclusão da perícia do Senado, de que a presidente
suspensa Dilma Rousseff não foi responsável pelas pedaladas fiscais, explicita
a natureza golpista do impeachment e enfraquece muito a denúncia de crime de
responsabilidade, avaliam o PT e a defesa de Dilma. Restará a acusação de que
três decretos violaram a meta fiscal, o que não se sustenta, pois a meta foi
reajustada no final de 2015, diz o deputado petista Paulo Pimenta. Com este
ganho para a defesa técnica, Dilma tentará, em reunião amanhã, aparar diferenças
com a Executiva do PT sobre a proposta de um compromisso público dela com a
realização de um plebiscito sobre nova eleição, tão logo seja absolvida e
reconduzida ao cargo. A reunião com os movimentos sociais ocorrerá depois do
acerto com o partido.
- Com a perícia do Senado, a acusação faz água, pois a
incompatibilidade dos decretos com a meta fiscal foi resolvida com o reajuste
da meta. Por isso mesmo o governo agora está se afastando da acusação formal e
adotando discursos como o de Rose de Freitas, de que Dilma foi afastada porque
não tinha condições de governar e coisas do gênero. Ou seja, o que está em
curso é um golpe mesmo – diz Pimenta.
Depois da reunião de amanhã com o PT, Dilma voltará a se
reunir com os movimentos sociais que apoiam a luta contra o impeachment. Entre
eles as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, a CUT, o MST, a UNE e a Central
de Movimentos Populares. A CUT esclarece que o apoio à proposta ainda divide a
central, não sendo consenso também dentro do MST. Lula tem dito que PT e
aliados não podem ficar parados, esperando que a Lava Jato inviabilize o
governo provisório com mais denúncias contra seus integrantes, ou contra o
próprio Temer, e que o mero esforço para atrair senadores não surtirá efeito
sem a oferta de uma saída legítima para a crise, como a nova eleição.
Temer vem atuando fortemente no Senado para garantir a
maioria de 54 votos que lhe garantirá a efetivação do cargo. Neste final de
semana foi a Nerópolis, no interior de Goiás, para prestigiar a festa de aniversário
do senador pepista Wilder Morais. Tudo por um voto. Amanhã, num gesto de
aproximação, o presidente do Senado, Renan Calheiros, receberá os senadores
para um jantar com o ministro da Fazenda Henrique Meirelles.
Os levantamentos, entretanto, mostram a existência de
senadores indecisos ou indefinidos que poderiam garantir a absolvição de Dilma
se forem convencidos a apostar na saída pela eleição direta. A pesquisa Ipsos
mostra que o governo Temer é rejeitado por 70% da população, antes mesmo de ser
inteiramente apresentada a agenda que corta direitos e sacrifica conquistas
populares, como as reformas previdenciária e trabalhista, que ele só enviará ao
Congresso depois de efetivado.
- Temos dois meses para intensificar a resistência ao golpe
e denunciar este governo que é o pior de todos os tempos: ilegítimo, composto
por corruptos, violador da lei e dos direitos e disposto a entregar o
patrimônio nacional. Por isso mesmo estão esvaziando o Congresso, para que não
tenhamos tribuna. Antes da votação do impeachment na Câmara, tinha sessão de
segunda a sexta para contar prazo. Agora, vamos ter uma semana vazia, dedicada
a São Pedro e São Paulo. E a mídia acha tudo natural, embora esteja na cara que
o recesso junino tem propósito político – diz Pimenta.
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