segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Nesta segunda, movimentos realizam 14ª Marcha da Consciência Negra


ROGERIO DE SANTIS/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS
A 14º Marcha da Consciência Negra caminhará até o Theatro Municipal, também no centro da capital
A 14º Marcha da Consciência Negra caminhará até o Theatro Municipal, também no centro da capital


Um novo projeto político, participativo e promotor da inclusão, é a principal reivindicação da 14º Marcha da Consciência Negra, nesta segunda-feira (20). A concentração em São Paulo será a partir das 13h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, de onde a manifestação segue em passeata até o Teatro Municipal, também no centro da capital.

Sandra Mariano, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), afirma que o dia será de celebração, mas também de muita luta. "Vamos às ruas contra o genocídio da juventude e todos os retrocessos que o governo golpista vem implementando no país. Não podemos esquecer também do prefeito João Doria e do governador Geraldo Alckmin, que têm o mesmo projeto de Temer", afirmou.

Já a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) lembra que é preciso construir um novo projeto político no país, com a participação da população negra. "Vamos dar um basta ao racismo, a intolerância e ao preconceito. Vamos mostrar o que queremos. Exigimos respeito, cidadania e mais espaço de poder."

Ativistas também afirmam que o momento é sensível, porque, após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, diversos retrocessos e ataques a direitos da população já ocorreram.

"Nesse dia, o povo negro unido irá marchar contra o genocídio, contra o racismo. A gente sabe que o povo negro é a principal vítima do Estado. Com o golpe, as coisas só pioraram", lamenta Adriana Moreira, da Frente Alternativa Preta (FAP). "Num ano de retirada de direitos, é muito importante a gente construir uma grande mobilização para barrar as reformas genocidas de Temer", acrescenta Beatriz Nascimento, integrante do mesmo movimento.

Nas redes sociais, circula uma convocação para o ato. O texto para que negros e não negros compareçam, já que a luta antirracista é universal pode ser lido abaixo:

Neste 20 de novembro de 2017, nós, povo negro, vamos às ruas marchar por uma sociedade mais justa para todas e todos. Nossa luta é contra contra o racismo, o genocídio do povo negro, o feminicídio, o machismo, o etnocídio, a LGBTfobia, o racismo religioso, o encarceramento em massa e todas as formas de violência eviolação dos direitos humanos, contra o golpe que tem promovido a retirada de nossos direitos.

Também convocamos você que se considera negra ou negro, assim como você que, independentemente de sua cor, se solidariza com a luta antirracista em nossa sociedade. Vivemos ainda hoje uma abolição inconclusa, na qual Estado e as elites historicamente dominantes de nosso país apenas tiraram negras e negros das senzalas das fazendas para nos jogar nas periferias e favelas. O tempo todo, a grande mídia e o discurso das classes dominantes se esforçam para mostrar que essa realidade pertence ao passado, mas a herança escravista traz grandes consequência negativas para a vida de toda a população brasileira – na economia, saúde educação, trabalho e muitas outras questões de nossa sociedade.

Nestes espaços para onde foi jogada a população negra, ao mesmo tempo que se nega toda espécie de direitos para os cidadãos se concentram todos os mecanismos de violência e controle, especialmente aqueles encabeçados pela força policial. Assim como nos tempos de escravidão, a polícia age não para garantir segurança mas para controlar as vítimas dessa sangria promovida por ricos e poderosos do país.

Mas a população negra resiste. E a Marcha de 20 de novembro simboliza nossa luta histórica! E nesta edição em especial queremos mostrar porque ainda hoje ela se faz tão necessária para todos e todas que aspiram uma sociedade mais justa. 



Fonte: Rede Brasil Atual

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