Olhando o quadro de hoje, Lula ganharia a eleição com um pé nas costas.
Assim como em 1965 Juscelino ganharia com tranquilidade. Em 65, a saída da
ditadura militar recém instalada foi simplesmente ANULAR a eleição e definir
que o próximo presidente seria eleito pelo Congresso e que poderiam concorrer
apenas DOIS CANDIDATOS. A ditadura fechou todos os partidos e criou dois, o MDB
de oposição consentida e a ARENA, o partido do governo, que passou a dominar o
congresso e "elegeu" o general Costa e Silva em 66.
Lula
não será candidato por motivos simples de ente der: será condenado em 2ª
instância dia 24 e exceto pela militância que lá estará, pouca gente da massa
popular se disporá a grandes movimentos contrários à condenação, a despeito da
sua ainda grande popularidade junto ao povão. Uma coisa é intenção de voto,
outra, bem distinta, é essa popularidade se transformar em movimento político
real, efetivo, de contraposição à sua condenação, que, afinal de contas, é
outro movimento do golpe de 2016.
Alem
disso a classe dominante brasileira e seus sócios estrangeiros precisam de um
longo período de manutenção do poder de Estado, especialmente a presidência da
república sob seu controle para consolidar aqui as reformas antinacionais e
antipopulares que lhes facilitam a recomposição das taxas de lucro - vejam os
primeiros efeitos da Reforma Trabalhista na prática! - privatizar o que ainda
existe de importante sob controle do Estado Nacional, em especial o setor de
petróleo e financeiro como Banco do Brasil, Caixa e BNDES e facilitar ainda
mais a aquisição de terras e outras riquezas brasileiras pelo grande capital
estrangeiro sob o título de "investimentos". Precisam ainda
consolidar a Reforma da Previdência para garantir, com o conjunto de reformas,
que quase METADE do Orçamento da União continue a irrigar o capital financeiro
privado. Quem não entender que essas questões são os elementos fundamentais
para o que ocorreu e ocorre no Brasil nos últimos anos, vai seguir hipnotizado
com o falso e hipócrita discurso da luta contra a corrupção, essa grande
cortina de fumaça que cega a classe média e setores populares. A classe
dominante, corruptora, gargalha de alegria, porque o estratagema antigo
funcionou magistralmente nos últimos anos e segue funcionando.
Ainda
assim, mesmo sem Lula como candidato, gesta-se nos porões do golpe o tal
semi-presidencialismo ou parlamentarismo, com o qual o centro de gravidade do
poder executivo passaria ao Congresso Nacional. Porque o Congresso é o poder
que historicamente teve - e tem - AMPLÍSSIMA maioria dos representantes da
classe dominante, independente das siglas partidárias. Mesmo sob Lula/Dilma,
essa maioria era gritante, ainda que os acordos para dar maioria a seus
governos e aprovar projetos mais avançados tenha sido uma realidade por alguns
poucos anos.
Significa
que lutar é inviável? Claro que não. Lutar significa unir forças para construir
uma alternativa política e econômica ao golpe, retomar o controle do Estado
Nacional, reverter o retrocesso institucional e impulsionar um novo patamar de
desenvolvimento econômico nacional, democrático e popular. Unir TODAS as forças
que não aceitam os retrocessos e o desmonte econômico. Para disputar a eleição
de 2018? A eleição é uma parte desse movimento. Quem apostar tudo nela e agir
apenas em torno dela tende a dar com os burros n'água. Foram anos de
desestabilização e desmoralização programada de boa parte das lideranças
políticas avançadas e desqualificação profunda da política, com efeito maior
sob a massa popular que segue anestesiada pelos acontecimentos e pela crise
econômica. A campanha eleitoral PODE ser o vetor da unidade. Mas tenho minhas
dúvidas. Porque aqui tem um peso enorme a falta de visão estratégica que assola
uma parte grande das forças políticas organizadas. Mas é possível reverter e
soldar uma nova aliança. O tempo corre!
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