quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

PARA REFLETIR, GALERA!




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Olhando o quadro de hoje, Lula ganharia a eleição com um pé nas costas. Assim como em 1965 Juscelino ganharia com tranquilidade. Em 65, a saída da ditadura militar recém instalada foi simplesmente ANULAR a eleição e definir que o próximo presidente seria eleito pelo Congresso e que poderiam concorrer apenas DOIS CANDIDATOS. A ditadura fechou todos os partidos e criou dois, o MDB de oposição consentida e a ARENA, o partido do governo, que passou a dominar o congresso e "elegeu" o general Costa e Silva em 66.

Lula não será candidato por motivos simples de ente der: será condenado em 2ª instância dia 24 e exceto pela militância que lá estará, pouca gente da massa popular se disporá a grandes movimentos contrários à condenação, a despeito da sua ainda grande popularidade junto ao povão. Uma coisa é intenção de voto, outra, bem distinta, é essa popularidade se transformar em movimento político real, efetivo, de contraposição à sua condenação, que, afinal de contas, é outro movimento do golpe de 2016.
Alem disso a classe dominante brasileira e seus sócios estrangeiros precisam de um longo período de manutenção do poder de Estado, especialmente a presidência da república sob seu controle para consolidar aqui as reformas antinacionais e antipopulares que lhes facilitam a recomposição das taxas de lucro - vejam os primeiros efeitos da Reforma Trabalhista na prática! - privatizar o que ainda existe de importante sob controle do Estado Nacional, em especial o setor de petróleo e financeiro como Banco do Brasil, Caixa e BNDES e facilitar ainda mais a aquisição de terras e outras riquezas brasileiras pelo grande capital estrangeiro sob o título de "investimentos". Precisam ainda consolidar a Reforma da Previdência para garantir, com o conjunto de reformas, que quase METADE do Orçamento da União continue a irrigar o capital financeiro privado. Quem não entender que essas questões são os elementos fundamentais para o que ocorreu e ocorre no Brasil nos últimos anos, vai seguir hipnotizado com o falso e hipócrita discurso da luta contra a corrupção, essa grande cortina de fumaça que cega a classe média e setores populares. A classe dominante, corruptora, gargalha de alegria, porque o estratagema antigo funcionou magistralmente nos últimos anos e segue funcionando.
Ainda assim, mesmo sem Lula como candidato, gesta-se nos porões do golpe o tal semi-presidencialismo ou parlamentarismo, com o qual o centro de gravidade do poder executivo passaria ao Congresso Nacional. Porque o Congresso é o poder que historicamente teve - e tem - AMPLÍSSIMA maioria dos representantes da classe dominante, independente das siglas partidárias. Mesmo sob Lula/Dilma, essa maioria era gritante, ainda que os acordos para dar maioria a seus governos e aprovar projetos mais avançados tenha sido uma realidade por alguns poucos anos.
Significa que lutar é inviável? Claro que não. Lutar significa unir forças para construir uma alternativa política e econômica ao golpe, retomar o controle do Estado Nacional, reverter o retrocesso institucional e impulsionar um novo patamar de desenvolvimento econômico nacional, democrático e popular. Unir TODAS as forças que não aceitam os retrocessos e o desmonte econômico. Para disputar a eleição de 2018? A eleição é uma parte desse movimento. Quem apostar tudo nela e agir apenas em torno dela tende a dar com os burros n'água. Foram anos de desestabilização e desmoralização programada de boa parte das lideranças políticas avançadas e desqualificação profunda da política, com efeito maior sob a massa popular que segue anestesiada pelos acontecimentos e pela crise econômica. A campanha eleitoral PODE ser o vetor da unidade. Mas tenho minhas dúvidas. Porque aqui tem um peso enorme a falta de visão estratégica que assola uma parte grande das forças políticas organizadas. Mas é possível reverter e soldar uma nova aliança. O tempo corre!

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