quarta-feira, 4 de outubro de 2023

CAMPANHA “O PETRÓLEO É NOSSO” E OS 70 ANOS DA PETROBRÁS Rate This

 Por Raul Carrion

EM 3 DE OUTUBRO DE 1953, HÁ EXATOS 70 ANOS — FRUTO DA GRANDE CAMPANHA CÍVICA “O PETRÓLEO É NOSSO” –, FOI PROMULGADA POR GETÚLIO VARGAS A LEI 2004/1953, QUE CRIOU A PETROBRÁS E INSTITUIU O MONOPÓLIO ESTATAL DO PETRÓLEO.

AO LONGO DESSAS SETE DÉCADAS – APESAR DE TODAS AS TENTATIVAS DE INVIABILIZÁ-LA E PRIVATIZÁ-LA – A PETROBRÁS RESISTIU E TORNOU-SE UM SÍMBOLO DA EFICIÊNCIA E DA CAPACIDADE NACIONAIS, GUARDIÃ DA NOSSA SOBERANIA!

POR MEIO DA PETROBRÁS – LÍDER NA PRODUÇÃO EM ÁGUAS PROFUNDAS –, O BRASIL ALCANÇOU, JÁ EM 2006, A AUTO-SUFICIÊNCIA EM PETRÓLEO.

EM 2009, A PETROBRÁS FOI CLASSIFICADA COMO A QUARTA EMPRESA MAIS RESPEITADA NO MUNDO E A PRIMEIRA ENTRE TODAS AS EMPRESAS DE ENERGIA.

COM A DESCOBERTA DO PRÉ-SAL – VITÓRIA DA ENGENHARIA NACIONAL – A PETROBRÁS DEU UM SALTO NO RANKING DAS MAIORES EMPRESAS DO MUNDO.

HOJE – APESAR DE RETROCESSOS DURANTE OS GOVERNOS NEOLIBERAIS DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – A PETROBRÁS PROSSEGUE A SUA CAMINHADA VITORIOSA.

NESTA DATA, COMPARTILHO O PRONUNCIAMENTO FEITO NA SESSÃO SOLENE DE 3 DE OUTUBRO DE 1993, QUANDO PRESTEI HOMENAGEM AOS 40 ANOS DA PETROBRÁS E ENTREGUEI O TITULO DE “CIDADÃO DE PORTO ALEGRE” AO EX-DEPUTADO EUZÉBIO ROCHA FILHO, UM DOS LÍDERES DA CAMPANHA “O PETRÓLEO É NOSSO”.

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NELE, RELATO A DURA LUTA DOS PATRIOTAS BRASILEIROS – ENTRE ELES, OS COMUNISTAS – PARA IMPEDIR A ENTREGA DO NOSSO “OURO NEGRO” AOS CAPITAIS INTERNACIONAIS!

A PETROBRAS É INTOCÁVEL!

Pronunciamento do Vereador Raul Carrion (PCdoB) na Sessão Solene de 5 de outubro de 1993, na homenagem aos 40 anos da criação da PETROBRÁS, ocasião em que foi entregue o Título de Cidadão de Porto Alegre ao ex-Deputado Federal Eusébio Rocha Filho.

Em nome do Partido Comunista do Brasil, quero iniciar este pronunciamento em homenagem aos 40 anos do Monopólio Estatal do Petróleo e em homenagem ao insigne Brasileiro Euzébio Rocha Filho – que hoje recebe o Título de Cidadão de Porto Alegre – relembrando as palavras ditas em 1947 por um grande patriota, o General Horta Barbosa:

“Petróleo não é ferro, nem estrada de ferro. Petróleo é energia, que tem que ser vendida pelo preço mais barato possível, a fim de facilitar a produção de todas as demais riquezas. Petróleo é base da economia e da defesa militar de um país.”

“Não há como, na indústria do petróleo, se associar o Estado e os particulares. Se a indústria do petróleo visar lucros comerciais, perde o seu caráter de utilidade pública. Com esse caráter, deixa de ser interessante para os capitais privados. É uma injustiça social entregar o privilégio da indústria do petróleo a alguns, mesmo sob a forma de ações de uma sociedade mista. O petróleo pertence à Nação, que há de dividi-lo igualmente por todos seus filhos.”

“Pesquisa, lavra e refinação constituem as partes de um todo, cuja posse assegura poder econômico e poder político. Petróleo é bem de uso coletivo, criador de riqueza. Não é admissível atribuir a terceiros o exercício de atividade que se confunde com a própria soberania nacional. Só o Estado tem qualidade para explorá-lo, em nome e no interesse dos mais altos ideais de um povo.”

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Quantos ensinamentos para os “entreguistas tupiniquins” contidos nessas sábias palavras…

Falar de petróleo no mundo é falar de um rastro de miséria, de sangue, de golpes de Estado e “revoluções” forjadas, de guerras para garantir o controle das jazidas do ouro negro.

Nada como as palavras francas do Presidente norte-americano Woodrow Wilson para esclarecer os ingênuos:

“As concessões obtidas devem ser salvaguardadas pelos Ministros de Estado, ainda que com isso se prejudique a soberania das nações que não aceitem este ponto de vista. É preciso obter ou criar colônias a fim de que nenhuma região útil do mundo fique desaproveitada ou em desuso. Tendes ouvido falar de concessões feitas pela América Latina ao capital estrangeiro, mas não em concessões feitas pelos Estados Unidos ao capital de outros países. É que os Estados Unidos não fazem concessões. Os Estados que fazem concessões correm o grave risco de ver os interesses estrangeiros influenciarem dominadoramente os seus negócios. Uma tal situação pode chegar a ser intolerável.”

E conclui:

“A nação que possui petróleo em seu subsolo e o entrega a outro país para explorar não zela pelo seu futuro.”

Falar dos 40 anos do Monopólio Estatal do Petróleo é falar de Euzébio Rocha Filho, cuja vida se confunde com a campanha “O PETRÓLEO É NOSSO” e com a luta do povo brasileiro por uma Pátria Livre, Soberana e Progressista!

Até o final dos anos 30, os trustes internacionais do petróleo não demonstraram qualquer interesse pelo petróleo brasileiro, pois dispunham de reservas suficientes em outras áreas do mundo. Convinha manter o Brasil como consumidor dos produtos das “Sete Irmãs”.

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Acumpliciados com o Departamento Nacional de Produção Mineral, comandado por dois estrangeiros – Mister Oppenheim e Mister Malamphy –, boicotaram toda e qualquer tentativa de encontrar petróleo e difundiram a falácia de que o Brasil não tinha petróleo!

A descoberta de petróleo em Lobato, em janeiro de 1939, apesar de todas as tentativas de acobertá-la, forçou uma mudança de discurso: o Brasil possuía petróleo, mas não dispunha de capitais, nem de capacidade tecnológica para levar adiante a indústria do petróleo…

E, espertamente, trataram de derrubar na Constituição de 1946 o dispositivo constitucional que proibia a exploração de nossas jazidas petrolíferas por estrangeiros. E o conseguiram.

Mas isso não era suficiente. Era preciso revogar a legislação em vigor, que mantinha essa proibição.

Coube ao reacionário governo do Marechal Dutra elaborar, então, o “Estatuto do Petróleo”, redigido por uma comissão com a participação de dois representantes oficiais da Standar Oil – Mister Herbert Hoover Jr. E Arthur Curtice –, que foram os que efetivamente ditaram os termos entreguistas desse anteprojeto.

Mas tanto entreguismo não podia passar impunemente! A alma nacional rebelou-se! A juventude, através da União Nacional dos Estudantes, dos Diretórios Acadêmicos e dos Grêmios Secundaristas lançou nas ruas o lema que em poucos meses empolgaria o país de norte a sul: “O PETRÓLEO É NOSSO!” Os militares patrióticos, entrincheirados no Clube Militar, alçaram a sua voz, em defesa da nação ameaçada! Os trabalhadores mobilizaram-se. Parlamentares e intelectuais nacionalistas – tendo Euzébio Rocha Filho à frente – conclamaram a nação a resistir”

No dia 4 de abril de 1948, foi formado na Capital das República o Centro Nacional de Estudos e Defesa do Petróleo, coração da resistência, que desde o seu início terá Euzébio Rocha Filho como um dos seus vice-presidentes.

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Em sua primeira manifestação pública, no dia 7 de abril, o movimento foi duramente reprimido, deixando o saldo de dois feridos a bala, três estudantes presos e inúmeros espancados.

Em nosso Estado, a União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas realizou o primeiro comício em 15 de maio de 1948. E no dia 1º de junho foram criados o Centro e a Comissão Estadual de Defesa do Petróleo.

Em outubro de 1948, realizou-se a primeira Convenção Nacional em Defesa do Petróleo. O ato dos congressistas na Praça Floriano, no Rio de Janeiro, foi violentamente reprimido. Entre os agredidos estava o então deputado Euzébio Rocha Filho.

Em setembro de 1949, a polícia metralhou um comício em defesa do Monopólio Estatal do Petróleo, em Santos. Morreu varado pelas balas o portuário Deoclécio Augusto Santana, mártir da campanha do Petróleo. Outros dois líderes – Aldo Ripassarti e Henrique Moura – foram processados e condenados a cinco anos de prisão, por terem assinado a convocatória do comício!

O governo tentou afogar a ferro e fogo o movimento! Mas, esse cresceu cada vez mais, unindo nacionalistas, comunistas e militares patriotas e foi conquistando a consciência nacional. Comícios com mais de 30 mil pessoas, como o do Anhangabaú, em 1948, são uma expressão disso.

Pouco a pouco, a luta do povo foi inviabilizando o “Estatuto do Petróleo”. A aproximação das eleições de 1950 impediu definitivamente a sua aprovação. O “Estatuto” foi arquivado. O povo vencera a primeira batalha!

O ano de 1951 iniciou com a tentativa do Departamento Federal de Segurança Pública de suspender por seis meses o Centro Nacional. Em Minas Gerais, o governador Juscelino Kubischeck fechou, em maio, o Centro mineiro. A 2ª Convenção Nacional foi proibida e no dia da sua instalação, na sede da UNE, no Rio de Janeiro, em 5 de julho, a polícia invadiu o recinto disparando e deixando inúmeros feridos. Mas o conclave prosseguiu!

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Em dezembro de 1951, Getúlio Bargas enviou mensagem ao Congresso propondo a criação da PETROBRAS. A Justificativa era de conteúdo nacionalista, mas o projeto permitia que empresas estrangeiras, sediadas no Brasil, participassem dela como acionistas. O que abria o caminho do petróleo brasileiro para os trustes internacionais.

O movimento pelo Monopólio Estatal do Petróleo se intensificou. O Centro Nacional rejeitou o projeto apresentado pelo governo. Em 25 de janeiro de 1952, Euzébio Rocha Filho, com o apoio de mais 26 deputados e do Centro Nacional, apresentou substitutivo instituindo o Monopólio Estatal de Petróleo e seus Derivados.

Depois de ampla mobilização e de demoradas negociações, foi aprovada e sancionada, em 3 de outubro de 1953 a Lei 2004, criando a PETROBRAS e o Monopólio Estatal do Petróleo.

Desde então, nunca cessaram os esforços dos grandes trustes petrolíferos no sentido de inviabilizar a PETROBRAS e liquidas com o Monopólio Estatal do Petróleo.

As tentativas mais sérias nesse sentido se deram após o golpe militar de 1964, durante o governo Geisel. Primeiro, o regime militar – atropelando a própria constituição outorgada – autorizou em 1975 os chamados “Contratos de Risco”, entregando 86% da área sedimentar do país para a exploração internacional.

Ironia da história: em 13 anos, essas multinacionais não encontraram uma única gota de petróleo! Ou, se encontraram, fizeram questão de guardar segredo…

Nesse mesmo período, um decreto ilegal deu poderes ao Conselho Nacional do Petróleo e ao Ministério da Fazenda de interferir nos preços dos combustíveis, sem garantir a necessária remuneração da PETROBRAS, como previa a legislação em vigor. Inaugura-se o período dos preços políticos, dos subsídios à nafta, ao óleo combustível, para beneficiar a iniciativa privada. Período de descapitalização da PETROBRAS e de comprometimento de seus investimentos.

Mais uma vez, Euzébio Rocha Filho – que já em 1965 denunciara o entreguista “Acordo de Garantias” – levantou sua voz, denunciando a política nefasta da ditadura para com a PETROBRAS.

Mas, a PETROBRAS resistiu a tudo isso e em 40 anos tornou-se a 9ª empresa do mundo quanto ao refino, a 6ª quanto às reservas provadas, a 2ª quanto à frota própria de petroleiros, a 1ª quanto à tecnologia de pesquisa e produção em águas profundas. Seus custos de refino são 20% inferiores aos dos Estados Unidos e seus índices de êxito exploratório são equivalentes aos mais altos do mundo.

Hoje, atropelando a Constituição, o Regimento Interno do Congresso e a vontade da Nação, a maioria reacionária e entreguista do Congresso pretende, através de uma revisão espúria, substituir a “Constituição Cidadã” pela “Constituição FMI”, seguindo a cartilha do neoliberalismo retrógrado. Por trinta dinheiros podres, os vendilhões da Pátria promovem o desmonte do Estado, querem escancarar ainda mais as portas do país para o capital estrangeiro e liquidar com as conquistas sociais dos trabalhadores!

Seus principais alvos são o Monopólio Estatal do Petróleo e das Telecomunicações. E a proibição de estrangeiros explorarem o subsolo nacional!

Não podendo atacar a PETROBRAS de frente, enquanto à sua eficiência, capacidade técnica e alta produtividade, trabalham no rumo da sua inviabilização econômica.

Assim, mantém uma política de preços e prazos de pagamentos que favorece o setor privado da economia, comprometem seus investimentos e entregam o seu ramo mais lucrativo – a petroquímica – aos capitais privados nacionais e internacionais.

E os mais ladinos propõem, em um primeiro momento, não a privatização, mas a quebra do Monopólio Estatal do Petróleo, com o argumento falacioso da livre concorrência em um mercado sabidamente cartelizado.

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Nesta hora tão grave para a nação, queremos que a nossa homenagem aos 40 anos da PETROBRAS – mais do que uma festa – seja uma reafirmação de nossa disposição de luta! E que ecoe de norte a sul o nosso grito de guerra: A PETROBRAS É INTOCÁVEL!

No momento em quem os neoliberais entreguistas arregimentam todas as suas forças em mais uma tentativa de liquidar com o Monopólio Estatal do Petróleo e com a PETROBRAS – símbolo da eficiência e da capacidade nacional, guardiã da nossa soberania – a concessão a Euzébio Rocha Filho do Título de Cidadão de Porto Alegre é mais do que justa, é um dever! É motivo de orgulho para todos nós, porto-alegrenses e gaúchos! É uma homenagem aos 40 anos da PETROBRAS! Mais do que isso, é uma tomada de posição da Câmara Municipal de Porto Alegre em defesa da Nação Brasileira ameaçada!

A esse grande brasileiro, “num país em que não faltam homúnculos que não têm olhos para ver os destinos de uma Grande Pátria – no dizer de Barbosa Sobrinho – aplicam-se as palavras do poeta Bertold Brecht:

Há homens que lutam
um dia
e são bons.
Há outros que lutam
muitos dias
e são melhores.
Porém
Há aqueles que lutam
toda a vida.
Estes são imprescindíveis

O generoso solo gaúcho acolhe com júbilo Euzébio Rocha Filho como Cidadão de Porto Alegre!

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Obrigado.

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