quinta-feira, 16 de maio de 2024

Votar na direita é colocar a vida em risco

 


Charge: Nando Motta
Por Bepe Damasco, em seu blog:


Não se trata de procurar culpados para a maior tragédia ambiental do Rio Grande do Sul. Neste momento, a luta é para resgatar as pessoas em áreas de risco, alojar e alimentar as dezenas de milhares de desabrigados, localizar e sepultar os mortos, consolar os que perderam entes queridos, reparar e reabrir estradas, cuidar dos feridos, restaurar o abastecimento de água e energia elétrica.

Contudo, até em nome do desafio de salvar a humanidade de uma catástrofe irreversível, é preciso situar no contexto político o drama vivido pelo povo gaúcho.

Dia desses, um comentarista da GloboNews apontou corretamente que o maior centro formulador de políticas nocivas ao meio ambiente é o Congresso Nacional. Faltou, no entanto, uma informação essencial para o distinto público: os negacionistas do clima concentram-se nas bancadas da direita e da extrema-direita.

Do governo do golpista Temer para cá, o parlamento brasileiro, sob forte influência da bancada do agronegócio (aliás, quanto mesmo o agro doou para as vítimas da enchente, hein?), aprovou inúmeras leis que fragilizam a defesa das nossas florestas, rios, lagoas, matas ciliares, biomas e oceanos. Outros tantos projetos estão na fila de votação.

No governo neofascista de Bolsonaro, quando aconteceu o maior desmonte das estruturas ambientais de fiscalização e controle, deputados e senadores da direita e da extrema-direita se sentiram mais confortáveis ainda para estigmatizar a preservação ambiental, abrindo caminho para a bandidagem do garimpo, da pesca ilegal e dos madeireiros.

Além dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, centenas de defensores da Floresta Amazônica foram mortos nos últimos anos.

Nem mesmo no governo Lula os representantes do capitalismo motosserra no Legislativo se intimidaram. A aprovação do marco temporal recentemente mostra que essa gente não respeita quaisquer limites de natureza ética, despreza os direitos dos povos originários e não hesita em rasgar a Constituição para expandir seus negócios.

Vamos lembrar também que, no início do governo atual, por ocasião da votação da Medida Provisória da nova organização do governo, a própria existência do Ministério do Meio Ambiente esteve seriamente ameaçada, dado o número de parlamentares dispostos a votar pela sua extinção.

Pesquisa feita dias atrás pela Genial/Qauest revela que para 64% dos consultados a influência das mudanças climáticas sobre chuvas e cheias é total, enquanto 30% acreditam que o impacto é parcial.

Se a maioria esmagadora da população reconhece que a devastação do meio ambiente é a causa das desastres que se sucedem no Brasil e no mundo, cabe aos setores progressistas da sociedade usar de todos os instrumentos de comunicação disponíveis para levantar uma campanha de utilidade pública: "votar na direita e na extrema-direita é colocar sua vida em risco."

Exército torra R$ 1 bi com blindados de Israel

 

Militares criticam fake news bolsonaristas

 


As consequências da privatização da Sabesp

 

Monocultura da soja explica tragédia no RS

 


Lula anuncia Pimenta como autoridade federal

 


segunda-feira, 13 de maio de 2024

É hoje: um debate oportuno

 



O primeiro tema do Ciclo de Debates *`DESAFIOS URBANOS`* é sobre _*Saúde Coletiva e Mental em Alerta_*, com o médico sanitarista *Demétrius Montenegro* e a psicóloga *Ana Cristina Fonseca*. Nosso encontro é sempre às 19h, no canal do Youtube da TV Grabois PE. Te esperamos lá! 

Demétrius Montenegro
Médico sanitarista,  chefe do serviço de infectologia do Hospital Oswaldo Cruz e membro do Comitê para HIV do Ministerio da Saúde.

Ana Cristina Fonseca
Psicóloga com formação em psicanálise pelo Centro de Estudos Freudianos. Atualmente é professora universitária e diretora da Clínica-Escola de Psicologia.

Link da TV Grabois PE: https://www.youtube.com/watch?v=OCBiFARZneE  

Sudene e Consórcio Nordeste realizam missão internacional voltada para sustentabilidade

 

Publicado em Notícias por  em 12 de maio de 2024

Na pauta, o potencial da Região para a produção de hidrogênio verde e a proteção da Caatinga

A Sudene, juntamente com o Consórcio Nordeste e a Apex Brasil, participa de missão internacional na Europa entre os dias 12 e 18 de maio. O foco será a pauta da sustentabilidade, especialmente o potencial da região para a produção de energia renovável e o Fundo da Caatinga. Também haverá intercâmbio técnico e diálogos com os organismos multilaterais.

De acordo com o superintendente Danilo Cabral, esse é mais um movimento de integração da Sudene com o Consórcio Nordeste. “Vamos em busca de parceiros internacionais para trazer mais investimentos para a Região, que promovam o desenvolvimento sustentável a partir das nossas potencialidades”, destacou. Ele acrescentou que os instrumentos de ação da Sudene, por exemplo, têm grande relevância no financiamento dos empreendimentos de energia renovável no Nordeste. 

“Nós últimos anos, o total de recursos disponíveis do Fundo da Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) foram destinados quase que integralmente para projetos de energia solar fotovoltaica e eólica. Sem falar do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste), que também oferece linhas de crédito para este setor”, disse Danilo Cabral. 

Participarão da missão os governadores Fatima Bezerra (RN), presidente do Consórcio Nordeste, Elmano Freitas (CE), Fábio Mitidieri (SE), Jerônimo Rodrigues (BA), além de suas equipes. “Nós sabemos o potencial imenso que o Nordeste tem. Daí a importância de participarmos deste evento em busca de mais oportunidades e investimentos para nossa região”, afirmou a governadora Fátima Bezerra. 

O primeiro compromisso na Europa será a participação na World Hydrogen Summit, na cidade de Rotterdam, na Holanda. Esse evento é considerado o maior encontro global sobre hidrogênio verde e sua cadeia de valor. Posteriormente, as delegações seguirão para Bruxelas, na Bélgica, e Berlim, na Alemanha, onde se reunirão com membros da Comissão da União Europeia, incluindo o vice-presidente executivo e responsável pelo Pacto Verde Europeu, Maroš Šefčovič, para debater pautas ambientais de relevância para todo Nordeste e Brasil.

Artigo de professor sertanejo converge com Coluna do blog deste domingo

 


Publicado em Notícias por  em 12 de maio de 2024

Neste domingo (12), um artigo de opinião do professor Sebastião Alves dos Santos, publicado no Ecoa UOL, fortalece o texto principal da Coluna do Domingão, do Blog.

O texto do professor Sebastião destaca o sertão do semiárido brasileiro como um lugar de extrema importância e complexidade, transcendendo suas características geográficas áridas. 

Ele ressalta a relação entre o ambiente desafiador e a resiliência dos habitantes locais, destacando a riqueza cultural, social e ambiental da região. Aborda também as práticas de sobrevivência adaptadas ao clima, a biodiversidade da Caatinga e a importância da preservação desse ecossistema único. 

Além disso, enfatiza a necessidade de valorizar as tradições locais e fortalecer as comunidades rurais para garantir um futuro sustentável. Por fim, ressalta o sertão como um lembrete da importância da conservação ambiental e da diversidade cultural em um mundo globalizado assim como foi defendido na Coluna. Leia abaixo a íntegra do artigo:

Por que o sertão do semiárido é um pilar para o equilíbrio do mundo

Por Sebastião Alves dos Santos* – Colaboração para Ecoa, de Arcoverde (PE)

No vasto mosaico que é o planeta Terra, há lugares que transcendem a sua geografia física e se tornam símbolos de resiliência, diversidade e complexidade. O sertão do semiárido brasileiro é um desses lugares.

Em sua vasta extensão de terra seca, onde o sol escaldante parece desafiar qualquer forma de vida, reside uma riqueza inestimável que vai além das aparências superficiais. Em primeiro lugar, é crucial reconhecer a relação intrínseca entre o sertão de pluviosidades baixas e irregulares e o meio ambiente que o cerca.

As condições climáticas extremas, caracterizadas por longos períodos de seca e escassez de recursos hídricos, desafiam os habitantes dessas terras de poucas águas a desenvolverem técnicas de sobrevivência únicas. Nesse contexto adverso, surge uma simbiose entre o homem e a natureza, onde cada gesto humano é uma tentativa de harmonização com o ambiente natural.

No coração da Caatinga, onde a seca castiga e a vegetação parece desafiar a vida, encontramos uma riqueza exuberante. Do ponto de vista ambiental, o bioma é um tesouro de biodiversidade e adaptabilidade. Nesse ecossistema único encontramos plantas, microrganismos, insetos e animais que desenvolveram mecanismos extraordinários de sobrevivência às condições adversas do clima árido.

As práticas agrícolas adaptadas ao clima como o cultivo de plantas resistentes à seca e a construção de cisternas para captação de água da chuva são exemplos dessa relação simbiótica. Portanto, essa região não é apenas um deserto inóspito, mas sim um ecossistema rico e diversificado, cuja preservação é vital para o equilíbrio ambiental global.

Além da sua importância ambiental, o sertão possui uma riqueza cultural e social que merece ser celebrada e preservada. As comunidades que habitam esse grande território são verdadeiras guardiãs de tradições ancestrais, transmitidas de geração em geração. Os laços familiares e comunitários são fortalecidos pela solidariedade e pela necessidade mútua, criando uma rede de apoio incomparável.

 

Nesse contexto, as questões existenciais que permeiam o cotidiano do sertanejo são tão profundas quanto em qualquer metrópole cosmopolita. A luta pela subsistência, a busca por uma vida melhor e o enfrentamento das adversidades são desafios universais que unem todos os seres humanos, independentemente do contexto em que vivem.

Portanto, afirmar que o sertão é simples é ignorar toda uma gama de nuances e intrincadas camadas que compõem sua essência cultural e social.

Diante dessas considerações, torna-se evidente que esse espaço tão vasto desempenha um papel fundamental no equilíbrio do mundo. Sua importância transcende as fronteiras geográficas e se estende a toda a humanidade. Preservar e valorizar esse ecossistema único é uma responsabilidade que recai não apenas sobre os habitantes locais, mas sobre toda a sociedade global.

Somente por meio de um compromisso conjunto com a conservação ambiental, o respeito às tradições culturais e o fortalecimento das comunidades rurais, poderemos garantir um futuro sustentável para as gerações presentes e futuras.

Em um mundo cada vez mais homogeneizado, onde o traçado do mosaico cultural e ambiental está sob constante ameaça, o sertão permanece como um lembrete poderoso da importância da preservação da natureza e da valorização das tradições locais. É preciso reconhecer e celebrar a complexidade e a diversidade que tornam o sertão tão único e precioso. Somente assim poderemos construir um mundo verdadeiramente equilibrado e harmonioso para todos.

*Sebastião Alves dos Santos é professor de agroecologia, ambientalista, permacultor e ser vivo da Caatinga. Fellow Ashoka, é conselheiro estadual de Meio Ambiente de Pernambuco e sócio fundador do SERTA. Finalista do 2º Prêmio Ecoa, na Categoria Causadores.

Ministério Público discute atuação diante das mudanças climáticas

 


Publicado em Notícias por  em 13 de maio de 2024

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por intermédio do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA) realizou, nos dias 07 e 08 de maio, o Seminário “Mudanças climáticas e desastres socioambientais: um olhar do Ministério Público”. O evento, realizado na modalidade híbrida, foi aberto na tarde da terça-feira (07), pelo Procurador Geral de Justiça, Marcos Carvalho, no auditório da Escola Superior do Ministério Público (ESMP), na Rua do Sol nº 143, 5º andar, bairro de Santo Antônio – Recife.

As mudanças climáticas estão relacionadas às transformações nos padrões do clima e da temperatura do planeta ao longo dos tempos. Essas mudanças são impulsionadas principalmente pelas atividades humanas, como o desmatamento, a produção de lixo em excesso, a queima de combustíveis fósseis (gás, carvão, petróleo) e a emissões de gases de efeito estufa (GEE). A discussão do tema é de interesse do MPPE, que quer qualificar a atuação dos Promotores de Justiça na assistência à população.

“Precisamos estar preparados para os eventos climáticos, para tanto a construção de protocolos são fundamentais, sobretudo para os momentos iniciais, os mais dramáticos, quando  vidas são salvas. As ações de socorro, assistência, reabilitação e de reconstrução são essenciais para minimizar os impactos dos eventos extremos e ajudar a população a restabelecer a normalidade social. As Defesas Civis Municipais precisam estar articuladas e capacitadas para o enfrentamento dos primeiros momentos, orientando a população e evitando maiores danos”, afirmou o Procurador Geral de Justiça, Marcos Carvalho.

O Procurador Geral de Justiça citou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), que prevê que, até 2050, as alterações climáticas reduzam de 11% e 14% a produção econômica mundial, o que equivale a U$ 23 bilhões de dólares em redução anual da produção econômica global. De acordo com ele, a ciência já vem alertando que os eventos climáticos serão cada vez mais recorrentes e alguns deles, como este que enfrenta o Rio Grande do Sul, não se tem como minimizar os impactos. “Por isso o Estado precisa estar preparado, não para evitá-los, mas organizado minimamente para uma atuação qualificada para reduzir os danos, salvar vidas e atender a população de forma diferenciada”, concluiu.

Segundo a Coordenadora do CAO Meio Ambiente, Promotora de Justiça Belize Câmara, o seminário teve o objetivo de refletir sobre a transversalidade da atuação do Ministério Público para a prevenção e minimização dos problemas socioambientais decorrentes das mudanças climáticas, a partir das demandas oriundas dos movimentos sociais. No evento, profissionais de outros Estados trouxeram e apresentaram as suas experiências. Para a Promotora de Justiça Belize Câmara, essa troca de conhecimentos é muito importante, tanto para o MPPE quanto para as Defesas Civis municipais e do Estado. “”Necessitamos discutir ações que possam ir desde a prevenção, passando pela mitigação, a preparação, até a resposta e a recuperação. Uma iniciativa como esta é a oportunidade de compartilhar conhecimentos e experiências nas diversas áreas de atuação dos participantes”, disse.

PROGRAMAÇÃO – No primeiro dia do seminário, que também foi transmitido pela plataforma Doity Play, foram realizadas palestras do Promotor de Justiça do Rio de Janeiro (MPRJ), Vinicius Lameira Bernardo, sobre “Estratégias de atuação do Ministério Público Brasileiro no fomento à implementação de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”; e da advogada do RS especializada em desastres, Fernanda Dalla Libera Damacena, sobre “Fragilidades do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil”.

O Promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Leonardo Castro Maia, apresentou o Manual Prático para atuação do Promotor de Justiça na área das mudanças climáticas e dos desastres socioambientais, que foi produzido pela Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a partir da colaboração de diversos autores dos vários Estados brasileiros, incluindo a coordenadora do CAO Meio Ambiente do MPPE, Dra. Belize Câmara, e foi lançado em novembro de 2023, durante o Seminário “Realidade das Mudanças Climáticas: os desafios da Governança e da Reconstrução”, realizado no Rio Grande do Sul (MPRS).  

O Painel “Responsabilidades e desafios do poder público na Defesa Civil” foi apresentado pelos responsáveis pela Defesa Civil Estadual e Defesa Civil do Recife, Clóvis Ramalho e Cássio Sinomar, respectivamente.

No segundo dia, o painel “Demandas sociais frente aos desastres socioambientais e as possibilidades de atuação do MP” contou com apresentações de Raquel Ludermir, da ONG Habitat Brasil, e de Daniele Braz, do Fórum de Mulheres de Pernambuco. De início, Raquel Ludermir apontou que a temática se faz cada vez mais urgente, tanto que a sociedade pernambucana se mobilizou e criou o dossiê popular “Uma tragédia anunciada”, que traz um panorama dos efeitos das chuvas de 2022 em Pernambuco.

“Temos que destacar que os desastres possuem causas de ordem socioambiental. Os problemas não são causados pela chuva, mas pelo seu efeito diante da situação de vulnerabilidade em que vive boa parte da população do nosso Estado. A ocupação de áreas de risco reflete o déficit habitacional em Pernambuco”, destacou Raquel Ludermir. Segundo ela, o estado atingiu um déficit de cerca de 247 mil domicílios.

Outro ponto trazido por ela é como essa vulnerabilidade se materializa especialmente na população de baixa renda, nas mulheres, pessoas pretas e pardas, que compõem a maioria dos mortos e deslocados por desastres socioambientais, demonstrando a existência do racismo ambiental. Por fim, a representante da Habitat Brasil apontou deficiências nas políticas públicas de auxílio-moradia emergencial, no funcionamento dos abrigos e no acolhimento das vítimas, com a apresentação de recomendações ao poder público e à sociedade.

Em seguida, Daniele Braz detalhou o trabalho do Fórum de Mulheres em promover articulação entre a sociedade e os entes públicos. “Recife é uma cidade muito desigual e isso precisa ser considerado na elaboração de políticas públicas. Temos uma luta muito grande na proteção das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), contra o despejo de famílias vulneráveis”, explicou.

Outro ponto levantado por ela foi a necessidade de facilitar o diálogo entre as políticas definidas pelo poder público e a realidade dos moradores das áreas de risco, tanto com relação à implementação de medidas preventivas como de obras estruturantes.

ATUAÇÃO DO MPPE – As palestras “Atuação do MPPE na defesa do meio ambiente: os desafios da estação chuvosa” e “Aspectos relacionados à defesa da Cidadania” foram ministradas pelos coordenadores dos CAOs Meio Ambiente e Cidadania, Belize Câmara e Fabiano Pessoa, respectivamente. Em seguida, foi aberto espaço para perguntas e respostas, com mediação do Promotor de Justiça Westei Conde.

Na sua fala, Belize Câmara descreveu a atuação do MPPE por meio do projeto “Tempo de Cuidar”, pensado para estimular políticas públicas de prevenção e mitigação dos danos. Segundo ela, o trabalho foi desenvolvido em 13 municípios que decretaram situação de emergência em razão das chuvas de 2022. Em dez dessas cidades os prefeitos firmaram termos de ajustamento de conduta, a fim de assegurar a implementação das medidas pactuadas.

Já Fabiano Pessoa ressaltou a necessidade de uma atuação integrada dentro do próprio MPPE quando da necessidade de se responder a um desastre socioambiental. Para ele, essa é uma mudança de paradigma necessária diante dessas situações complexas, cuja superação exige enfrentar os problemas indo além das “caixinhas” das atribuições de cada Promotoria.

O período da tarde foi dedicado ao debate das consequências sociais dos eventos climáticos nas área de saúde, educação e defesa do patrimônio público e a atuação das Promotorias de Justiça. A problemática nessas áreas foram apresentadas pelos coordenadores dos CAOs Saúde (“Questões relativas à atuação das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde”), Educação (“Atuação do MP nas questões relativas à Educação”) e Patrimônio Público (“Aspectos relacionados à defesa do Patrimônio Público e Terceiro Setor”), Promotores de Justiça Helena Capela, Isabela Bandeira e Hodir Leitão de Melo, com mediação da Promotora de Justiça Jeanne Bezerra Silva Oliveira. 

De maneira geral, os Promotores de Justiça apresentaram necessidades identificadas nas respectivas áreas de atuação e apresentaram diretrizes para a promoção e implementação de medidas que venham a melhorar a vida das populações, sobretudo as mais vulneráveis, nos períodos pós eventos climáticos. Também ressaltaram a necessidade de preparação e capacitação e formação dos membros e servidores do MPPE para que possam realizar as intervenções que sejam necessárias para assistir e reduzir os impactos nessas áreas.

Mais de 60% dos professores de Pernambuco são temporários

 

Publicado em Notícias por  em 13 de maio de 2024

Tribunal de Contas do Estado proíbe novas contratações

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) proibiu o governo de Pernambuco de contratar novos professores temporários e de renovar os contratos existentes na rede pública de ensino. Uma pesquisa do Todos pela Educação mostra que o estado mantém 63% de seu quadro de docentes no modelo de contratação provisória, com apenas 36% de efetivos. A proporção é a mais alta do Nordeste e a oitava no Brasil.

Além disso, segundo o levantamento, os professores temporários de Pernambuco são os que recebem o menor valor por hora/aula em todo o país.

De acordo com o TCE, a decisão foi tomada em plenário na quarta-feira (8), acatando parcialmente um recurso apresentado pela Secretaria de Educação. O governo questionava uma determinação anterior que ordenava a substituição imediata dos temporários por concursados.

A ordem foi retirada, mas o órgão manteve a suspensão de novos contratos temporários. Além disso, o TCE determinou que o governo atualize os dados sobre o número de profissionais efetivos e temporários no Sistema de Acompanhamento da Gestão dos Recursos da Sociedade (Sagres).

Ainda segundo o tribunal, os conselheiros também decidiram iniciar uma auditoria especial para verificar, em 30 dias, as “reais necessidades” de nomeação de professores pelo estado.

Nos últimos dez anos, Pernambuco vem reduzindo o número de efetivos e aumentando o de temporários e, desde 2022, a quantidade de contratos provisórios superou a de concursados.

Pernambuco também é o estado que paga o menor salário para os profissionais contratados no modelo provisório. De acordo com o levantamento, na rede estadual de ensino, a remuneração inicial dos professores temporários é de R$ 12,20 por hora/aula, uma diferença de R$ 17,10 em relação à base do salário dos efetivos. As informações são do g1/PE.

sábado, 11 de maio de 2024

Cidades-esponja, resposta chinesa às tormentas

 

China: solução à tormenta climática


País multiplica investimentos em parques que absorvem a chuva e outras estruturas per China: solução à tormenta climática

Cidades-esponja, resposta chinesa às tormentas
País multiplica investimentos em parques que absorvem a chuva e outras estruturas permeáveis. Aposta é captar a água, distribuí-la em circuitos curtos e reabastecer os aquíferos – para obter resiliência aos eventos climáticos extremos
Fernando Marcelino/OutrasPalavras

Com a gigantesca urbanização na China nos últimos quarenta anos, muitas cidades enfrentam problemas ambientais, em especial inundações, escassez de recursos hídricos, falta de reservas hídricas subterrâneas, poluição da água e alagamento urbano. A água é um dos recursos naturais mais desperdiçados. Trilhões de litros de água precipitam-se sobre as cidades do mundo apenas para serem desviados para sistemas de drenagem que a transportam para lagos, rios e oceanos distantes. Ao mesmo tempo, as cidades bombeiam água de fontes distantes ou de aquíferos que estão se esgotando rapidamente. Estes sistemas de drenagem são muitas vezes inadequados, conduzindo a inundações em massa que só se intensificam à medida que as cidades continuam a se expandir e as mudanças nos padrões climáticos resultam em tempestades mais frequentes e mais intensas.

A principal resposta chinesa para criar uma urbanização que responda a estes desafios são as “cidades-esponja”.

Um dos principais responsáveis pela noção de “cidades-esponja” é o arquiteto paisagista Kongjian Yu. Ele ganhou reconhecimento internacional por projetos e medidas para enfrentar e prevenir inundações urbanas no contexto de mudanças climáticas aceleradas. A sua investigação pioneira sobre os “padrões de segurança ecológica” e as “cidades esponja” foi adotada pelo governo chinês como teoria orientadora para o planejamento nacional do uso do solo, campanha de cidades ecológicas e restauração ecológica urbana. O conceito virou política nacional na China em 2013, dando prioridade a infra-estruturas de grande escala baseadas na natureza, tais como zonas úmidas, vias verdes, parques, copas de árvores, proteção de florestas, jardins de chuva, telhados verdes, pavimentos permeáveis ​​e biovalas. Embora a China tenha experimentado sistemas de reutilização de água urbana em massa durante mais de uma década, foi quando Xi Jinping declarou que as cidades “deveriam ser como esponjas” que nasceu o movimento das cidades-esponja. Até agora, 16 cidades-piloto foram selecionadas para fazer parte de um programa nacional sobre o tema. As cidades chinesas são obrigadas a manter 30% da cidade como espaço verde. Outros 30% são dedicados ao espaço comunitário.

Para Kongjian Yu, isso significa que há mais espaço suficiente para criar mais lagoas e parques de absorção de água que possam captar grandes quantidades de água. Sua abordagem inverte o planejamento do desenvolvimento urbano. O planejamento convencional baseia-se no crescimento populacional e é orientado para o desenvolvimento econômico. O desenvolvimento passa a ser o foco. Atribui-se uma certa quantidade de terreno para desenvolvimento e nova infraestrutura que permite o “progresso”Yu pensa que a paisagem deve liderar o caminho, o que significa planejar e conceber infra-estruturas ecológicas. Esta base para o desenvolvimento urbano deve ocorrer antes de que qualquer outro planejamento seja feito. Este tipo de plano salvaguarda o processo ecológico e o património cultural. Significa integrar sistemas de gestão de águas pluviais, áreas de inundação, conservação da biodiversidade, locais de património cultural, corredores verdes, etc. Todos juntos.  

Para Yu, a identidade de cada cidade é dada pela natureza. Em segundo lugar, pela história. A identidade vem de diversas paisagens e sistemas naturais. A ideia por trás de uma cidade-esponja é reestruturar a paisagem urbana para ser um local onde cada gota de água possa ser coletada e reutilizada localmente. Portanto, em vez do procedimento habitual de desviar a água da chuva das áreas urbanas com esgotos pluviais e sistemas de drenagem, uma cidade-esponja absorverá este recurso vital como uma esponja. Isto é feito com concreto poroso que pemite à água da chuva penetrar no aquífero raso ou nas cisternas submersas abaixo; e com jardins (às vezes nos telhados) que podem reter a água no solo ou desviá-la para tanques de retenção. Essa água capturada pode então ser reaproveitada como potável, de limpeza ou de irrigação. As águas pluviais devem ser captadas utilizando infraestruturas verdes na sua fonte, onde caem. As esponjas devem ser distribuídas uniformemente e permeáveis ​​para que possam absorver água em vez de transferi-la para outro lugar. Yu pensa que o problema na China é que alguns designers e engenheiros construindo parques, mas desenvolvendo a capacidade necessária de gestão de águas pluviais.

Yu produziu um livro didático para milhares de prefeitos da China, que, segundo ele, concordam com a abordagem. Sua empresa, Turenscape, com 400 trabalhadores, conseguiu de forma surpreendente construir centenas de espaços públicos e parques ambientalmente sensíveis que forneceram os serviços ecológicos e de infra-estruturas suaves de zonas úmidas recriadas face à vertiginosa urbanização da China nas últimas três décadas. O seu trabalho já ganha força em todo o país, com políticas nacionais recentemente adotadas para que dezenas de grandes cidades chinesas adotem o conceito. 

Num canto de Harbin, cidade em rápido crescimento no nordeste da China, uma vasta paisagem de azul e verde é visível entre os blocos habitacionais e os arranha-céus de uma metrópole que abriga 10 milhões de pessoas. O local, um parque de 32 hectares, é um pedaço raro da natureza em um ambiente urbano denso que quase sufocou a existência deste bolsão de pântano natural. Mas uma intervenção trouxe o local de volta à beira do abismo. Ao filtrar as águas pluviais da área urbana que o rodeia e usar plantações naturais, habitats e lagoas de retenção de água, o parque tornou-se uma paisagem viva capaz de absorver as chuvas da cidade. Plataformas elevadas e caminhos pedestres oferecem aos visitantes vistas desta zona úmida recriada que, talvez sem eles se aperceberem, ajuda a proteger a cidade de inundações desastrosas. 

O parque Yanweizhou foi concebido como uma zona úmida natural capaz de manter-se ativa mesmo inundada. As águas das cheias ali são recebidas de modo que o fenômento torne-se um evento observável e a paisagem, em vez de ser danificada, seja reabastecida. O parque pode ser apreciado pelo público em todas as épocas do ano, mesmo na estação das monções, já que o projeto inclui uma ponte pedestre sinuosa de 2.300 metros de comprimento que paira sobre a água. A estrutura colorida, com sua grade tubular de fibra de vidro amarela e vermelha que lembra o dragão usado nas danças tradicionais dos festivais, serve de ligação entre o rio e a casa de ópera existente no local. O Parque Yanweizhou requer muito pouca manutenção e também auxilia na recarga dos aquíferos, utilizando recursos como o cascalho permeável, que contribui para a infiltração das águas pluviais no solo. O parque funciona como uma esponja verde, purificando a água ao absorver poluentes.

Os parques fluviais de Kongjian Yu tornaram-se “máquinas paisagísticas resilientes”, operando através de tecnologias naturais para salvaguardar as cidades, protegendo-as de inundações frequentes, pois a água gerada pela enchente é retida, permitindo assim um fluxo controlado dentro dos parques, deixando a cidade intacta. Podem ser um recurso precioso e fundamental para contrariar os efeitos nocivos dos eventos climáticos extremos, que tendem a aser cada vez mais frequentes.

Fernando Marcelino é autor do livro “A Revolução das Cidades Inteligentes na China”.

Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/04/george-camara-opina_18.html

meáveis. Aposta é captar a água, distribuí-la em circuitos curtos e reabastecer os aquíferos – para obter resiliência aos eventos climáticos extremos
Fernando Marcelino/OutrasPalavras

logspot.com/2024/04/george-camara-opina_18.html

Os juros brasileiros continuam estratosféricos. Por quê?

 


O economista Paulo Nogueira Batista Jr questiona a explicação técnica para a persistência de juros tão elevados e suas consequências para a economia brasileira

por Paulo Nogueira Batista Jr.

Publicado 10/05/2024 21:08 | Editado 10/05/2024 21:09

Ilustração: Cícero


O economista Paulo Nogueira Batista Jr. expressou sua decepção com a recente redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros básica da economia, Selic, pelo Banco Central. Essa decisão contrariou as expectativas de alguns membros da diretoria do BC, que defendiam uma redução mais significativa, incluindo quatro dos nove integrantes favoráveis a um corte mais acentuado. Nogueira Batista questionou os motivos que levam o Banco Central a manter as taxas de juros reais entre as mais altas do mundo, argumentando que essa política tem consequências negativas para a economia brasileira.

Assista ao comentário do economista em seu canal no Youtube:

Em seu comentário, o economista destacou duas questões principais.

Em seu comentário, o economista destacou duas questões principais. Primeiramente, questionou a ambiciosidade das metas de inflação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, do qual o Banco Central faz parte. Ele sugeriu que metas menos ambiciosas poderiam permitir uma redução mais realista nas taxas de juros. Em segundo lugar, levantou dúvidas sobre os modelos econômicos utilizados pelo BC para embasar suas decisões, argumentando que esses modelos não são transparentes e não estão disponíveis para análise crítica externa.



Diante desses argumentos, o economista concluiu que é fundamental que o Banco Central e o governo atuem para reduzir as taxas de juros reais no Brasil e torná-las mais condizentes com a realidade econômica do país.