Por Altamiro Borges
A pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI) deve atiçar as bicadas no ninho tucano
e bagunçar os cálculos eleitorais dos setores que já ensaiavam uma dissidência
no campo governista. Ela indica que 63% dos entrevistados consideram o atual
governo ótimo ou bom, o maior índice registrado desde o início da gestão. Já a
presidente Dilma aparece com uma aprovação pessoal de 79%, índice bem superior
ao obtido por Lula (58%) e FHC (70%) no mesmo período de mandato.
Apesar dos impactos da crise capitalista mundial, que
reduziram o ritmo de crescimento da economia, e da oposição raivosa da mídia
direitista e do seu dispositivo partidário – composto por PSDB, DEM e PPS –, a
pesquisa confirmou que a sociedade confia nos rumos adotados pelo governo
Dilma. A avaliação positiva manteve a tendência de crescimento iniciada em
setembro de 2011. Já para o futuro próximo, 65% dos entrevistados afirmam que
estão otimistas e que acreditam que o país vai melhorar.
Os pontos altos da atual gestão se encontram no combate à
pobreza e na redução do desemprego. Já os pontos fracos são os mesmos
verificados em pesquisas anteriores, em especial na saúde e na segurança
pública. Dois outros dados curiosos da pesquisa: é 61% dos entrevistados
avaliam que o governo Dilma é uma continuidade da gestão de Lula – o que
confirma a sua força; e apenas 38% consideram que a cobertura da mídia é
favorável à presidenta – o que revela o descrédito crescente da imprensa.
Um dado da pesquisa deve preocupar, em especial, o
governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), que tem se insinuado como
candidato dissidente à sucessão presidencial de 2014. “A presidenta Dilma não
era tão forte no Nordeste como era o Lula. Mas isso mudou na pesquisa de agora.
O percentual de pessoas que avaliam o governo como ótimo ou bom passou de 68%
para 72%. Já a aprovação da maneira da presidenta governar subiu de 80% para
85%”, afirma o gerente de pesquisa da CNI, Renato Fonseca.
Diante dos resultados inesperados da pesquisa Ibope, todos
os pretensos candidatos à sucessão de 2014 tentaram relativizar seus impactos.
O mais patético deles foi o senador mineiro Aécio Neves, o cambaleante
presidencial tucano. “Isso tem muito a ver com o sentimento momentâneo, talvez
com algumas medidas de grande alcance popular tomadas pela presidente”,
afirmou. Ele evitou se referir à redução da conta de luz e à desoneração da
cesta básica, temas nos quais ele se posicionou contra de forma irracional e
suicida.
Típico dos embriagados, ele ainda afirmou que a alta
popularidade da presidente Dilma se deve à herança de FHC. “Se hoje há essa
avaliação, em boa parte é resultado de uma sensação de bem estar que ainda
existe no Brasil, construída, em grande parte, por nós, a partir do controle da
inflação, que por sinal começa a ameaçar e comprometer a renda das famílias”.
Aécio Neves também se disse otimista com a possibilidade da oposição construir
“uma agenda para o país”. Só evitou comentar as fraturas nesta tal oposição.
Nesta terça-feira, a jornalista Sonia Racy, do Estadão,
confirmou que a situação da oposição demotucana é cada vez mais delicada. O
risco é que o próprio PSDB imploda devido às bicadas sangrentas entre Aécio
Neves e José Serra. Até o “guru” FHC está irritado com as brigas internas. “O
ex-presidente tem defendido que, se for para Serra optar por outro caminho, que
o faça agora... Já Aécio não quer que o partido fique parado à espera de
Serra”. Os tucanos estão diante de um racha histórico. Enquanto isto, Dilma
dispara nas pesquisas!
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