Por Bepe Damasco, em seu blog:
Já são seis os estádios inaugurados para a Copa das
Confederações, agora em junho, e para a Copa do Mundo, ano que vem : Castelão,
Mineirão, Maracanã, Fonte Nova, Arena Pernambuco e Mané Garrincha. E aqui entre
nós : um mais bonito do que o outro. Está certo que na reabertura do Maraca, a
qual estive presente, experimentei uma sensação ambígua e contraditória :
êxtase pela beleza do novo estádio, mas melancolia pela destruição do velho e
imponente Mário Filho, que tanto marcou minha infância, adolescência, juventude
e idade adulta.
Também não concordo com a concessão tipo de pai para filho
do governo do estado do Rio para o consórcio liderado por Eike Batista, pois
traz vultosos prejuízos para o erário. Mas é bom separar o joio do trigo.Uma
coisa é a crítica de quem torce a favor. Outra bem diferente é a mal disfarçada
torcida do PIG contra o Brasil . Quem tomasse como verdades as bobagens
publicadas pelos jornalões brasileiros nos últimos anos chegaria a conclusão de
que nenhum estádio ficaria pronto a tempo de sediar a Copa das Confederações.
Os conteúdos das incontáveis matérias de O Globo, Folha,
Estadão e Veja não davam margem a dúvidas : o atraso das obras apontava para um
grande mico, com danos planetários para a imagem do país. As arenas não seriam entregues
para a Copa das Confederações. Até mesmo a Copa do Mundo corria riscos. A
correria obrigaria o público a frequentar verdadeiros pardieiros, com entulhos
para todo lado, além de falta de água, de luz , dificuldades crônicas de
acesso, assentos soltos e o escambau.
Como no Brasil é mais fácil um burro passar por um buraco de
agulha do que a velha mídia ensaiar qualquer coisa que lembre uma tênue
autocrítica, a moda da vez agora é pegar no pé dos eventos testes. Qualquer
aluno da primeira série do ensino fundamental sabe que teste serve exatamente
para avaliar seu aprendizado e grau de eficiência. O mesmo vale, evidentemente,
para uma praça de esportes. E é muito bom, desejável mesmo, que as falhas
ocorram agora, para que sejam corrigidas antes de a bola rolar para valer nas
competições internacionais.
Contudo, o tom alarmista da mídia sugere a aproximação de
uma catástrofe. Se falta água num banheiro durante um evento teste, é sinal de
que na Copa todos os vasos sanitários estarão entupidos; se refrigerantes e
sanduíches acabam antes da hora, os frequentadores podem se preparar para
morrer de fome e de sede; se houve fila e tumulto na entrada, o incauto que
comprar ingresso para a Copa corre sério risco de ser pisoteado ; se não foi
fácil comprar ingresso agora, só restará ao torcedor assisitir aos jogos da
Copa em casa ou ficar refém de cambistas; se um ínfimo pedaço de lona cedeu na
Fonte Nova, a cobertura certamente desabará em breve sobre as cabeças dos
baianos.
Não dá, né. Caso fosse de fato sincera a ação da mídia
monopolista em defesa de torcedores, consumidores e cidadãos brasileiros, as
matérias sobre os preparativos para a Copa das Confederações e Copa do Mundo
seguiriam outra linha. Por exemplo : por que o Maracanã, que custou uma fortuna
aos cofres públicos estaduais, foi parar na mãos do Eike Batista por uma
ninharia mensal ? Ganha um doce quem responder que este tipo notícia não sai
porque o consórcio do Eike é formado por muitos anunciantes de peso do PIG.
E nas outras arenas, como se deram as concessões ? O
interesse público foi preservado pelos governos dos estados ou aconteceu como
no Rio de Janeiro ? Cadê as reportagens sobre o assunto ? Na minha opinião,
desde que não se deem em áreas essenciais como saúde e educação, as concessões
não são um mal em si. Tudo depende exatamente dos termos que regem o negócio.
Estes não podem ser lesivos aos cofres públicos, enquanto fazem a festa das
concessionárias. Por defender cegamente quaisquer modalidades de privatização,
a mídia faz vista grossa para tudo isso. Prefere denunciar a "rebimbela da
parafuseta" que está fora do lugar nos estádios.
Haja saco!
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