Cafezinho: o bairro do Leblon votou em Cerra. Logo, é a
favor da privatização da Petrobrax.
Capa da Revista de Domingo do dia 14/07/2013, tentando
faturar em cima das manifestações
O Conversa Afiada republica artigo do Miguel do Rosário, que
detonou a Globo, organizou a pioneira manifestação na porta da Globo e conhece
as manhas da Big House:
O Brasil melhorou após as manifestações?
Uma contribuição ao debate.
É duro constatar, mas acho que as manifestações pioraram o
Brasil. Ficamos mais conservadores, mais violentos, mais condescententes com
saques e depredações. A direita ficou mais próxima de voltar ao poder. O Brasil
não melhorou em nada. Por isso a mídia está tão eufórica com as manifestações,
chamando-as de pacíficas mesmo que seus carros estejam sendo incendiados, as
fachadas de seus prédios depredadas, seus repórteres obrigados a cobrir os
eventos do alto de helicópteros ou de cima de prédios.
Nem em situações de guerra, vimos repórteres tão precavidos
com sua segurança. Mas as manifestações continuam sendo descritas como
~pacíficas~ e o vandalismo como coisa de uma minoria ou de ~infiltrados~.
Não são infiltrados. Eles fazem companhia aos manifestantes
desde o início das passeatas. Gritam com eles, fazem sua ~segurança~ e expulsam
aqueles que não consideram ~adequados~ à estética do protesto: movimentos
sociais, sindicatos, partidos, etc. Quando o protesto chega ao fim, a
testosterona da playboyzada acostumada a filmes de destruição e videogames
violentos fala mais alto e todos partem para o quebra-quebra. E no dia
seguinte, ~intelectuais~ justificam os saques dizendo que os saqueadores “nos
representam, são os únicos que nos representam”, conforme disse Francisco Bosco.
Enquanto isso, os homens de “bem” dizem que apoiam as
manifestações, que o Brasil precisa mudar. Mas ninguém percebe que o pacto
democrático implica em que as mudanças devem ser discutidas com toda a
sociedade, e realizadas mediante instrumentos democráticos e pacíficos.Até
porque, em caso contrário, voltamos à barbárie em que aqueles que falam mais
alto, tem mais músculos e são ricos o suficiente para pagar bons advogados,
serão os todo-poderosos das manifestações e da política.
Por mais que os instrumentos democráticos sejam demorados,
são os mais seguros, prudentes, e que nos afastam de situações de guerra
social. Adotaremos modelos de guerra civil da África sub-saahariana?
Se as depredações são justificadas, o que vem em seguida?
Assassinatos e linchamentos dos donos dessas lojas? Restarauntes serão
invadidos por ~manifestantes~ enfurecidos e seus clientes espancados? Aí
ninguém mais vem ao Brasil, ninguém mais investe em nosso país, o desemprego
aumenta, e tudo desanda. A economia precisa de estabilidade e um mínimo de paz
social para se desenvolver.
Algumas revoluções são lindas, mas só quando absolutamente
necessárias e inevitáveis. Revolução conduzida por jovens mascarados de classe
média alta, filhos da elite mais reacionária do país, ninguém merece.
Temos assistido um ataque às instituições e aos valores
democráticos. Em tempos de simulacro e midiatização de tudo, as pessoas
assistem ao quebra-quebra como quem vêem filmes. Mas milhões estão sofrendo
transtornos. As polícias estão sendo pressionadas psicologicamente muito além
do limite razoável. No Leblon, assistimos vídeos (eu assisti) com centenas de
playboys humilhando um PM que passava pelo meio da multidão. Quem mora em
grande cidade, já viu esta cena antes.
Hà alguma coisa estranha no ar. Não queria ser paranóico.
Mas neste momento de delírio coletivo, talvez seja a hora de sê-lo. E vamos
tentar chamar as pessoas à razão.
As pessoas estão desenvolvendo um ódio irracional à política
e aos políticos. Qual a razão do ódio súbito a Sergio Cabral? Porque
“privatizou” o Maracanã? Porque está tocando as obras da Copa? Ora, não dá para
entender. Num lugar protestam porque o Estado gastou com a construção de um
estádio, no outro porque entregou ao setor privado. O Leblon anti-Cabral sempre
foi o lugar que mais concentra defensores da privatização, e não do Maracanã,
mas de empresas estratégicas, como Petrobrás, Banco do Brasil e Vale do Rio
Foce. O Leblon carioca votou em Serra.
Entendo perfeitamente que não gostem de Cabral. Mas se
organizem para eleger outro candidato. O que estamos vendo é a emergência da
velha classe média favorável a soluções de força, e irritada com os resultados
de eleições limpas.
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