Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:
É um fenômeno geral no continente: os governos progressistas
deslocaram a direita e a ultra esquerda, que não encontram forma de acumular
força. A ultra esquerda insiste em não reconhecer que a situação social desses
países melhorou substancialmente, que deram passos importantes na contramão do
modelo neoliberal, que têm uma politica externa que se opõem à dos EUA, que
recuperaram o papel ativo do Estado. Ficam isolados dos processos que se dão em
cada país e do grupo de governos progressistas na América Latina, que
representam o contraponto internacional ao eixo neoliberal ainda hegemônico no
capitalismo mundial. Não conseguem apoio em nenhum dos países com governos
progressistas, frequentemente aparecem aliados à direita, considerando aqueles
governos como seu inimigo principal.
A direita fracassou com seus governos neoliberais, leva esse
peso nas costas – imaginem o que é carregar o peso de governos como os de
Menem, Fujimori, Carlos Andrés Peres, FHC? Mas tampouco conseguiu uma nova
identidade durante os governos progressistas. Em todos os países lhe faltam
lideres, programa, apoio popular.
No Brasil, além da dificuldade do que fazer com o governo
FHC – Serra e Alckmin tentaram distancias e não deu certo pra eles, Aécio tenta
reivindicar FHC e, como se vê, não decola – não consegue lideres, nem programa.
A velha mídia, sua ponta de lança e farol ideológico, mantem capacidade de
gerar ou multiplicar circunstâncias, que geram certo desgaste nos governos, mas
daí não se fortalecem lideres da direita.
Apesar da sua insistência – até porque não sabe fazer outra
coisa -, o Serra é carta fora do baralho, sua validade já venceu. Aécio não
consegue crescer, em nenhuma circunstância, nem com todo o beneplácito da
mídia. Não dá confiança nem a seus correligionários mais fiéis – como é o caso
de FHC agora. Não creem que ele tenha possibilidades de vitória e até corre o
risco de ficar em terceiro lugar, consolidando a debacle dos tucanos.
O balão de ensaio do Joaquim Barbosa não funcionou, o mesmo
aconteceu com o Eduardo Campos. As possibilidades eleitorais da Marina são
limitadas porque, apesar do seu desempenho nas pesquisas, seu tempo de TV será
exíguo e ela não conta com alianças nos estados, nem com bancadas de
parlamentares. Além da falta de um programa minimamente apegado à realidade do
Brasil.
Parece que a direita se contentaria com chegar a um segundo
turno, com qualquer candidato, porque seu objetivo é: qualquer um, menos a
Dilma. Muito pouco pelo estardalhaço da sua mídia.
0 comentários :
Postar um comentário