Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Serra está, enfim, na manchete da Folha no caso das propinas
do metrô.
O único problema é que é com cinco anos de atraso.
Em 2008, ele era governador quando as denúncias surgiram,
trazidas do exterior. A Siemens recebera uma multa bilionária nos Estados
Unidos por causa de subornos em vários países, incluído o Brasil.
Diz a Folha hoje: “Serra sugeriu à multinacional alemã
Siemens um acordo em 2008 para evitar que uma disputa empresarial travasse uma
licitação do metrô, de acordo com um e-mail enviado por um executivo da Siemens
a seus superiores na época.”
Serra nega.
No Brasil, as propinas da Siemens se dirigiam a autoridades
do governo de São Paulo desde a gestão Covas para ganhar contratos no metrô
paulistano.
Altos funcionários do metrô também foram subornados pela
máquina corruptora da Siemens.
(Os corruptos brasileiros se abasteceram também dos subornos
de uma outra grande empresa de engenharia multinacional, a francesa Alstom.)
Naqueles dias de 2008, Serra era governador de São Paulo e
deveria estar no centro do furacão, uma vez que a alma da corrupção era o Palácio
dos Bandeirantes.
Mas nem a imprensa o cobrou e nem a justiça o incomodou. Num
espasmo de cinismo arrogante, ele disse a jornalistas na ocasião que as
denúncias eram coisa do “kit PT”.
Acrescentou que o caso, pausa para rir, já estava sendo
devidamente investigado pelo governo paulista, pelo Tribunal de Contas do
Estado e pelo próprio metrô.
Ora, isso significava que as propinas estavam sendo
investigadas, aspas, pelos que mamavam nelas.
Um dos integrantes do TCE, Robson Marinho, por exemplo, é
acusado pela justiça suíça de ter uma conta na Suíça à base de subornos.
Marinho era o braço direito de Covas. Foi chefe da Casa
Civil, o cargo mais importante da equipe, quando Covas era governador de São
Paulo.
Depois, Covas conduziu Marinho ao TCE. Robson Marinho é,
hoje, dono de um patrimônio que inclui uma ilha em Paraty, refúgio de luxo de
outros Marinhos – os da Globo.
É um insulto aos paulistas que, ainda hoje, conhecida sua
ficha, Marinho continue no TCE.
Não renunciou, e nem Serra e nem Alckmin o tiraram. Nenhum
dos grandes jornais paulistas exerceu pressão para que Marinho fosse removido e
o TCE reavaliado.
O TCE, acredite, é feito para fiscalizar os gastos do
governo de São Paulo. Como Marinho, todos os seus integrantes são indicados
politicamente.
Logo, quem acredita que o TCE cumpre seu papel acredita em
tudo.
Fiquemos com a hipótese de que Serra não estimulou nenhum
acordo entre concorrentes a licitações no metrô, ao contrário do que um
executivo da Siemens afirma.
Ainda assim. É imperdoável a sem cerimônia com que ele, em
2008, descartou a importância de um foco monstruoso de corrupção no seio do seu
governo.
Ao dizer que o metrô já investigava o metrô, e isso era o
bastante, ele deu uma patada atômica em cada paulista. E tem que responder, ao
menos, por isso.
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