A Petrobras teve no segundo trimestre lucro líquido de 6,201
bilhões de reais, valor acima das estimativas do mercado, com um crescimento da
produção de combustíveis vendidos a preços maiores e uma mudança contábil que
evitou perda bilionária pela alta do dólar. No mesmo trimestre do ano passado,
a gigante estatal havia registrado prejuízo de 1,346 bilhão de reais. Analistas
ouvidos pela Reuters esperavam em média um lucro líquido de 5,08 bilhões de
reais no segundo trimestre. Com utilização de 99 por cento da capacidade de
refino, a petroleira atingiu receita de vendas de 73,627 bilhões de reais, um
aumento de 8,2 por cento em relação ao mesmo período do ano passado e de 2 por
cento ante o primeiro trimestre, informou a companhia brasileira nesta
sexta-feira.
O lucro operacional
no segundo trimestre de 2013 totalizou 11,1 bilhões de reais, mais que o dobro
do verificado no mesmo período do ano passado, e 13 por cento maior que o
registrado no primeiro trimestre. "Este crescimento (em relação ao 1º tri)
é explicado pelo efeito do aumento dos preços de diesel e gasolina ocorridos ao
longo do 1T13, pela maior produção desses derivados em nosso parque de refino,
pelos ganhos com as operações de desinvestimento no exterior...", afirmou
a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, em nota, citando ainda
resultados da otimização de custos operacionais. O lucro operacional foi
reforçado por venda de participações em ativos na África, por 1,5 bilhão de
dólares, em junho.
Com foco na produção
no Brasil, a estatal reduziu sua atuação internacional de 23 para 17 países nos
últimos 12 meses. O lucro líquido no período de abril a junho, no entanto, caiu
19 por cento ante primeiro trimestre, por impacto da depreciação cambial sobre
dívida líquida, resultado que foi parcialmente compensado por alta do lucro
operacional, disse a empresa em comunicado. Diante da valorização do dólar
frente ao real, a Petrobras estendeu, no último trimestre, a Contabilidade de
Hedge para proteção de exportações futuras. A nova contabilidade permitiu
"que perdas cambiais de 8 bilhões reais, relativas à cerca de 70 por cento
do endividamento líquido exposto à variação cambial, fossem contabilizadas no
patrimônio líquido", evitando uma verdadeira sangria no resultado na
empresa. As perdas, em vez de serem contabilizadas de uma só vez no resultado
trimestral, serão transferidas para o resultado à medida que as exportações
forem realizadas, diluindo o impacto da variação cambial sobre os resultados
trimestrais. Mas mesmo com a nova contabilidade, a empresa teve uma despesa
financeira líquida de 3,551 bilhões de reais com a depreciação cambial sobre o
seu endividamento líquido.
EBITDA TURBINADO
Paralelamente, a
geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros,
amortizações e depreciações) atingiu 18,481 bilhões de reais, um salto de mais
de 80 por cento sobre o resultado alcançado um ano antes. O Ebitda veio acima
da estimativa média do mercado, de 16,126 bilhões de reais. Os reajustes nos
preços do diesel e da gasolina ocorridos desde junho de 2012 e o maior
processamento nas refinarias colaboraram para redução do prejuízo da divisão de
Abastecimento, que caiu para 2,5 bilhões de reais no segundo trimestre, ante
perdas de 7 bilhões de reais no mesmo período do ano passado.
QUEDA NAS IMPORTAÇÕES
A redução das
importações de derivados, num momento em que o dólar alto encarece estas
operações, e menores custos também de aquisição de petróleo, devido à queda das
cotações internacionais, colaboraram para o resultado da companhia e uma
melhora do resultado da divisão de Abastecimento. As importações de derivados
da Petrobras recuaram quase 32 por cento no segundo trimestre ante o mesmo
período do ano passado, para 261 mil barris por dia. Já as importações de
petróleo passaram a superar recentemente as exportações e a empresa deixou de
ser superavitária no comércio externo de petróleo. A produção média de óleo
ficou em linha com as previsões da empresa, somando 2,555 milhões de barris ao
dia, em média, e praticamente estável em relação aos volumes produzidos no
mesmo trimestre do ano passado e no primeiro trimestre deste ano. Já a produção
de derivados subiu de 2 milhões de barris por dia no segundo trimestre de 2012
para 2,13 milhões de barris no último trimestre.
CUSTOS E
INVESTIMENTOS
O custo de produção
por barril da Petrobras cresceu cerca de 13 por cento em um ano. O chamado
"lifting cost" (custo de extração), descontando-se a participação do
governo brasileiro, passou de 13,28 dólares no segundo trimestre de 2012 para
15,02 dólares no mesmo período de 2013. Em relação primeiro trimestre, o
aumento foi de 2 por cento, refletindo "custos das entradas em operação do
FPSO-Cidade Itajaí; do TLD do FPSO Cidade de São Vicente, do FPSO Cidade de
Paraty, do retorno do campo de Frade,além dos maiores gastos com pessoal
decorrentes da revisão atuarial dos planos de pensão e saúde, conforme relata a
estatal.
As novas plataformas
permitirão à estatal elevar a produção, o que deve ocorrer a partir do segundo
semestre, segundo executivos da companhia e analistas de mercado. Os
investimentos da Petrobras no primeiro semestre somaram 44,113 bilhões de
reais, um aumento de 14 por cento em relação ao mesmo período do ano passado.
Do total, a petroleira investiu 54 por cento (24 bilhões de reais) em
atividades de exploração e produção e 33 por cento (14,4 bilhões de reais) em
refino.
Os investimentos
foram direcionados à "capacidade produtiva, à modernização e ampliação do
parque de refino e à integração e expansão de nossos sistemas de transporte,
através de gasodutos e sistemas de distribuição", segundo a estatal. Já o
endividamento líquido da Petrobras cresceu 19 por cento no primeiro semestre,
alcançando 176,280 bilhões de reais em 30 de junho. A alavancagem, relação
entre o endividamento e patrimônio líquido, ficou em 34 por cento, três pontos
percentuais acima do registrado no final do ano passado. O índice de dívida
líquida/Ebitda ajustado caiu para 2,57 vezes, ante 2,77 vezes no final do ano
passado. (Reuters) Siga o Facebook do nosso blog aqui
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