Deu no jornal Estadão que no escândalo do propinão tucano no
metrô, o dinheiro surrupiado dos cofres públicos através do superfaturamento
chegou a R$ 1,925 bilhão (em valores atualizados), somando os rombos em São
Paulo (governos Alckmin e Serra) e no Distrito Federal (governos de Joaquim
Roriz e José Roberto Arruda).
Superfaturamento de cartel do trem em SP e no DF teria
chegado a R$ 577 mi
Governos teriam gastado 30% a mais em cinco licitações alvo
de fraudes, de acordo com documentos obtidos pelo Estado; primeiro contrato
dividido entre empresas do setor metroferroviário teria sido o da Linha 5-Lilás
do Metrô
Os governos de São Paulo e do Distrito Federal podem ter
gastado até 30% a mais, ou R$ 577,5 milhões, em cinco contratos suspeitos de
serem alvo de cartel entre empresas nacionais e estrangeiras do setor
metroferroviário. A suposta fraude foi denunciada pela alemã Siemens ao
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Documentos obtidos pelo
Estado mostram que, com o esquema, esses contratos chegaram a R$ 1,925 bilhão
(em valores atualizados).
O Estado procurou as empresas, mas só nove das 20 se
manifestaram. Em nota, a Siemens informou que, desde 2007, faz esforços para
aprimorar sua administração e coopera integralmente com as investigações. Ao
todo, 44 executivos - de presidentes a gerentes - de empresas de 11 países
foram acusados de participação nas tratativas mantidas para impedir que a
disputa dos contratos levasse à prática de preços menores do que os oferecidos
pelas empresas.
De acordo com documentos da Siemens a que o Estado teve
acesso, o grupo se considerava blindado por pelo menos um de seus contratantes:
a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A suspeita é de que
agentes públicos tenham recebido propina das empresas para fazer vista grossa
ao cartel durante os governos dos tucanos Mário Covas (1995-2001), Geraldo
Alckmin (2001-2006) e José Serra (2007-2010).
Os papéis da Siemens mostram que um de seus executivos
manteve um diário no qual escreveu, em 8 de julho de 2002: "Enquanto a
Alstom mantiver seu preço acima do preço da Siemens, e a CPTM bloquear qualquer
ataque, a Siemens será vencedora." Trata-se de referência direta à
negociação para a divisão entre as empresas dos contratos para a manutenção de
trens S2000, S2100 e S3000.
Além deles, a lista de licitações viciadas inclui o
fornecimento de material para a Linha 2-Verde do Metrô no trecho Ana
Rosa-Ipiranga, para a Linha 5-Lilás no trecho Largo 13-Santo Amaro, para a
manutenção dos trens s2000, s2100 e s3000, para a manutenção de trens do
projeto Boa Viagem (CPTM, contrato de R$ 276 milhões) e para a manutenção de
trens do Distrito Federal. Em um sexto caso - a manutenção de trens dos
projetos 320 e 64 da CPTM -, a ação do cartel só não deu certo porque a espanhola
CAF, uma das acusadas, não chegou a um acordo, ganhando as licitações com preço
menor.
Funcionários. A ação do cartel ainda se estendeu aos
contratos da Linha 4-Amarela do Metrô. O acerto entre as empresas começou
depois de a Siemens conseguir contratar dois funcionários da multinacional
francesa Alstom.
Segundo documento da Superintendência-Geral do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Ministério da Justiça, os dois
funcionários "possuíam formação técnica relacionada a serviços de
manutenção de trem e metrô e, à época da licitação, trabalhavam na manutenção
do Metrô DF, serviço que era prestado pela Alstom, IESA E TCBR". Como o
edital exigia "que o licitante vencedor apresentasse qualificações",
que eram detidas pelos dois funcionários, a Alstom teve de entrar em acordo com
a Siemens. Em troca, a empresa alemã seria subcontratada nos trechos 1 e 2 da
Linha 4.
O acordo entre as empresas previu que dois consórcios
disputassem o contrato. Deveriam oferecer preços entre 94,5% e 95% do valor
previsto pelo governo do Distrito Federal. Quem vencesse subcontrataria o
perdedor em até 48% do contrato, que ficou na época em R$ 77,3 milhões (R$
103,4 milhões atuais).
Acertos. Além de e-mails e do diário do executivo da
Siemens, o Cade, os procuradores da República e os promotores do Ministério
Público Estadual têm em mãos os depoimentos de seis executivos da empresa
alemã, que confessaram a prática de cartel de 1998 a 2008.
O primeiro contrato dividido entre as empresas foi o da
Linha 5-Lilás, contratado pela CPTM. O acerto entre elas foi feito em reuniões
no escritório da Mitsui e da TTrans, em São Paulo. Entre os dias 1.º e 6 de
junho de 2000, formou-se o consórcio Sistrem. Ele reunia todas as empresas que
haviam sido pré-qualificadas pela CPTM para fornecer o material ferroviário ao
governo. As empresas decidiram quais os preços que cada uma apresentaria.
Assim também foi feito na primeira licitação de manutenção
de trens: os vencedores foram o consórcio Cobraman (Alstom, a canadense
Bombardier e a CAF), que obteve o contrato para os trens S2000; a Siemens
(trens s3000); e o consórcio Consmac (s2100), formado por Alstom e CAF, que
subcontratou a Bombardier, a japonesa Mitsui e a chilena Temoinsa.
0 comentários :
Postar um comentário