O Núcleo de Estudos de Opinião Pública (NEOP), da Fundação
Perseu Abramo, divulgou na semana passada a pesquisa Democratização da Mídia e
apresentou dados reveladores. A pesquisa foi realizada entre 20 de abril e 6 de
maio e ouviu 2.400 pessoas de 16 anos acima em 120 municípios de todas as
regiões brasileiras.
Para Rita Freire, da Ciranda da Comunicação e representante
do Conselho Curador da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), o “estudo
fortalece o trabalho do movimento em favor da regulação da mídia, abre caminho
para novos estudos e sela um compromisso com todos e todas que lutam pelo
direito à comunicação.
A pesquisa confirmou mais uma vez o crescimento da internet
que já empata com os jornais impressos na preferência de 43% para informar-se.
Apesar do crescimento de busca de informação por sites, blogs e redes sociais,
94% assistem a TV aberta todos os dias, porém, 43% não se reconhecem na TV e
25% se vêem retratados de forma negativa e 32%, positiva. A pesquisa comprova
também que 7 em cada 10 brasileiros nem saber que televisão é concessão pública
no país. A maioria absoluta acredita que é uma empresa privada como qualquer
outra.
O jornalista Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa
Barão de Itararé comentou que “mesmo não tendo compreensão de que se trata de
uma concessão pública, a população defende regras” para regular o funcionamento
da TV. O que mostra a importância da luta por liberdade de expressão no país e,
no caso específico da TV, uma programação mais voltada para os interesses
nacionais e populares. Borges sugeriu que se informe à população que “TV é
concessão pública”. E, portanto, tem responsabilidades maiores com a questão
pública.
O NEOP mostrou também que 71% são favoráveis a que haja um
novo marco regulatório da mídia e 46% se posicionou favorável à criação de um
órgão regulador ou um conselho que representa a sociedade, como querem os
defensores da democratização da mídia no país.
Para 61% a TV dá mais espaço para empresários em detrimento
dos interesses da classe trabalhadora. O eixo Rio-São Paulo domina a
programação para 44% dos entrevistados, enquanto para 65% as emissoras são
inteiramente parciais em seus programas.
Já os programas infanto-juvenis são negativos para 39%. As
mulheres são retratadas com desrespeito para 64%, os nordestinos para 63% e os
negros para 66%. O que comprova a desvinculação dos barões da mídia coma
realidade brasileira e a vontade de retroceder aos tempos em que mandavam e
desmandavam sem contestação.
Agora com o caso de sonegação do Imposto de Renda da Rede
Globo, comprovado, cada vez mais pessoas aderem à necessidade de mudar as leis
que regulem a comunicação no Brasil. Além de a Globo ter sido pega de calças
curtas, a defesa que os telejornais fazem dos políticos tucanos envolvidos no
propinoduto do metrô e dos trens paulistas jogam a favor do descrédito que a
população mostra ter em relação à programação televisiva.
Além disso, o descaso com as pessoas está empurrando os
índices dos programas da TV cada vez mais para baixo. E mesmo que ainda se
mantenha como principal veículo de atração aos brasileiros, já começa a perder
fôlego. Assim como a mídia escrita e o rádio. Na quinta-feira (22) ocorre em Brasília
o lançamento do projeto de Lei de Mídia Democrática (lei aqui), não perca.
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