Terminou na madrugada desta sexta-feira (11) a reunião entre
o Comando Nacional dos Bancários e representantes da Federação Nacional dos
Bancos (Fenaban), que pode encerrar a greve nos bancos privados.
Foto: divulgação-CTB
Após mais de 16 horas de tensas negociações, a Fenaban
apresentou uma nova proposta que eleva para 8% (aumento real de 1,82%) o índice
de reajuste sobre os salários e as verbas, para 8,5% sobre o piso salarial
(ganho real de 2,29%) e 10% sobre o valor fixo da regra básica e sobre o teto
da parcela adicional da PLR (Participação nos Lucros e Resultados). A proposta
também eleva de 2% para 2,2% o lucro líquido a ser distribuído linearmente na
parcela adicional da PLR.
Eduardo Navarro, vice-presidente da Federação dos Bancários
da Bahia e Sergipe (Feeb) e dirigente da CTB, avalia que apesar da greve ter
sido forte e vitoriosa, o índice não foi o esperado pela categoria. “No
entanto, nossa avaliação é que o movimento nos bancos privados se encerre num
momento de alta para preservar o instrumento que é a greve”, disse o dirigente.
O que não deve acontecer nos bancos públicos, já que
simultaneamente são negociadas as minutas específicas. “A direção desses bancos
não apresentaram proposta em relação a essas questões específicas”, ressalta
Navarro.
Bancos públicos não devem voltar
De acordo com os dirigentes da CTB, um exemplo dessa
afirmação é a negociação com a CEF, que deixou de lado parte das reivindicações
contidas na minuta, a exemplo do tíquete para aposentados. A proposta também
não contempla a isonomia, diferencia os bancários das pequenas e grandes
agências ao propor que apenas as unidades com até 15 empregados não terão mais
horas compensadas e, a partir de janeiro de 2014, todas as horas extras serão
pagas. O item poderia ser positivo se valesse para todos. Outro fator de
discordância é com relação às contratações. A Caixa não estabelece número
objetivo de convocações.
Emanuel de Souza, integrante do Comando dos Bancários e
presidente da Feeb, destaca que a orientação classista é que os bancos públicos
mantenham a paralisação, já que as instituições privadas deixaram a desejar.
“Orientamos a aceitação da proposta nos bancos privados, mas destacamos que as
propostas complementares do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do
Nordeste são insuficientes. Nesses bancos, as pautas específicas como a
isonomia, melhorias nas condições de trabalho e segurança e mecanismos de
combate ao assédio não foram discutidas”, ressalta Emanuel de Souza.
O presidente da Feeb destaca que outro impasse que evolui
para um avanço foi em relação aos dias parados. Diante da dura resistência do
Comando, em especial dos sindicalistas da CTB, os bancos recuaram da proposição
inicial de compensar todos os dias de greve em 180 dias. Ficou acordado a compensação
de no máximo uma hora extra diária, de segunda a sexta-feira, até 15 de
dezembro. “Isso foi uma evolução em relação à proposta do ano passado, de
compensação de duas horas diárias. Compensaremos apenas 41 horas”, afirmou o
dirigente cetebista.
A nova proposta da Fenaban, apresentada após 23 dias da
greve, que fechou 12.140 agências em todo o país, inclui ainda três novas
cláusulas: proibição de os bancos enviarem SMS aos bancários cobrando
resultados, abono-assiduidade de um dia por ano e adesão ao programa de
vale-cultura do governo, no valor de R$ 50,00 por mês.
Na maioria dos estados, a assembleia acontece no final da
tarde desta sexta-feira (11), a exemplo do Bahia, Sergipe, Rio de Janeiro,
Chapecó e São Paulo.
Confira a nova proposta da Fenaban:
Reajuste: 8,0% (1,82% de aumento real).
- Pisos: Reajuste de 8,5% (ganho real de 2,29%).
- Piso de portaria após 90 dias: R$ 1.148,97.
- Piso de escriturário após 90 dias: R$ 1.648,12.
- Piso de caixa após 90 dias: R$ 2.229,05 (que inclui R$
394,42 de gratificação de caixa e R$ 186,51 de outras verbas de caixa).
PLR regra básica: 90% do salário mais valor fixo de R$
1.694,00 (reajuste de 10%), limitado a R$ 9.087,49. Se o total apurado ficar
abaixo de 5% do lucro líquido, será utilizado multiplicador até atingir esse
percentual ou 2,2 salários (o que ocorrer primeiro), limitado a R$ 19.825,86.
PLR parcela adicional: aumento de 2% para 2,2% do lucro
líquido distribuídos linearmente, limitado a R$ 3.388,00 (10% de reajuste).
Antecipação da PLR até 10 dias após assinatura da Convenção
Coletiva: na regra básica, 54% do salário mais fixo de R$ 1.016,40, limitado a
R$ 5.452,49. Da parcela adicional, 2,2% do lucro do primeiro semestre, limitado
a R$ 1.694,00. O pagamento do restante será feito até 3 de março de 2014.
Auxílio-refeição: de R$ 21,46 para R$ 23,18 por dia.
Cesta-alimentação: de R$ 367,92 para R$ 397,36.
13ª cesta-alimentação: de R$ 367,92 para R$ 397,36.
Auxílio-creche/babá: de R$ 306,21 para R$ 330,71 (para
filhos até 71 meses). E de R$ 261,95 para R$ 282,91(para filhos até 83 meses).
Requalificação profissional: de R$ 1.047,11 para R$
1.130,88.
Adiantamento emergencial: Não devolução do adiantamento
emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são
considerados inaptos pelo médico do trabalho em caso de recurso administrativo
não aceito pelo INSS.
Gestores ficam proibidos de enviar torpedos aos celulares
particulares dos bancários cobrando cumprimento de resultados.
Abono-assiduidade (novidade): 1 dia de folga remunerada por
ano.
Vale-cultura (novidade): R$ 50,00 mensais para quem ganha
até 5 salários mínimos, conforme Lei 12.761/2012.
Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho - Redução do
prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas
pelos sindicatos, além de reunião específica com a Fenaban para discutir
aprimoramento do programa.
Adoecimento de bancários - Constituição de grupo de
trabalho, com nível político e técnico, para analisar as causas dos
afastamentos.
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