“Paciência” e
“cautela” foram as palavras-chaves com que dirigentes do Partido Comunista do
Brasil (PCdoB) em Pernambuco analisaram a aliança ente o governador do estado,
Eduardo Campos, e a ex-senadora pelo Acre, Marina Silva, da Rede de
Sustentabilidade. No último sábado (5), ambos anunciaram a filiação de Marina
ao PSB.
A deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE), que também é
vice-presidente nacional da sigla, foi cautelosa ao avaliar as consequências da
aliança Marina – Eduardo para o cenário político-eleitoral de 2014, informa o
diário pernambucano “Jornal do Commercio” em sua edição da última quarta-feira
(9). “Marina é candidata assumida e ao se filiar ao PSB coloca uma
pré-candidatura num status diferenciado. Mas os desdobramentos ainda vão ser processados”,
disse.
Defendeu que não é preciso antecipar os fatos para o plano
local. “São questões que não têm por que mudar os caminhos que essas forças
políticas estão desenvolvendo aqui no estado. O governo federal continua com a
mesma disposição de tratar Eduardo como aliado. Temos que ter paciência para
ver até as eleições como isto vai modificar”, afirmou.
Por seu turno, o vice-prefeito de Recife, Luciano Siqueira,
que é também membro da direção nacional do PCdoB, em entrevista ao “Jornal do
Commercio" on line nesta quarta, além de pedir “paciência” na avaliação do
quadro, disse que a flexibilidade política não é novidade".
O “JC" indaga se o fator Marina contribui para colocar
o projeto de Eduardo no caminho oposto ao do PT. “O governador, de maneira
muito sábia, tem dito que tem consciência das diferenças e que vai tentar
explorar as convergências”, afirma Luciano. E explicitou que o PCdoB tem
opiniões críticas sobre a ex-senadora. “O fato de ela [Marina Silva] se aliar a
um aliado nosso, a um partido de relação e confiança mútua, não nos impede de
criticar as opiniões que ela externou. (...) A Marina que ingressou no PSB é de
oposição. O PSB que a recebeu faz parte da base [do governo]. Como isso vai se
desdobrar? É da economia interna do PSB”.
Siqueira diz “não posso afirmar”, quando indagado se o
projeto presidencial PSB-Rede é ou não de oposição. “Não tenho certeza, ainda
não está claro. Prego a paciência, tolerância, tem muito chão pela frente.
A edição on line do "JC" polemiza e indaga: Só que
o governador tem feito discursos dizendo que é preciso “sepultar a velha
política”, que no caso, seria o governo atual, no comando do PT...
Luciano Siqueira responde: “Não acho que seja o PT, é a
velha política que foi derrotada em 2002. De lá para cá é a nova política, de
enfrentamento da desigualdade social, da soberania brasileira”.
Questionado sobre a opinião do governador de que a união
PSB-REDE quebra “uma falsa polarização que precisa ser quebrada”, referindo-se
à polarização existente entre o PT e o PSDB, Siqueira diz que respeita a
opinião de Eduardo, mas a compreensão dessa questão nacional é diferente. “Não
colocamos a polarização em termos de siglas. Há uma polarização entre o novo
projeto nacional de desenvolvimento que tenta se construir desde o primeiro
mandato do governo Lula e um modelo que foi derrotado no pleito de 2002. O que
vai polarizar não são as siglas, mas a discussão em torno dos projetos
concretos, de superação do neoliberalismo, que prevaleceu de Collor a FHC, que
é uma construção que tem participação importante do PSB”, afirma.
Siqueira lembra os avanços alcançados pelos governos
progressistas [Lula e Dilma]. “Até FHC o valor do salário mínimo era 72 dólares
e o de Dilma é mais de 300 dólares. Quando Lula começou a governar éramos
dependentes da Europa e Estados Unidos. Em 10 anos, diversificamos e estamos
sobrevivendo à crise global, porque temos uma política externa e econômica
independente. Identificamos grandes avanços, a nossa luta é para dar
continuidade a essa transição em curso, que ainda está em construção, de
projeto de País”.
O “JC" questiona o vice-prefeito de Recife sobre o
quadro local, afirmando que o cenário atual da Frente Popular não é mais de
união e exemplificando que o senador Armando Monteiro (PTB) disse que as forças
tentem a se dividir para 2014. Para Siqueira, “é possível que isso aconteça,
existe uma postulação clara e legítima do PTB de ter seu candidato e
abertamente se colocando em apoio à presidente Dilma”. E acrescenta: “Na
hipótese de existirem as candidaturas de Eduardo e Dilma, é claro que essas
forças não estarão juntas, pelo menos, no 1º turno. Isso não é um fenômeno
pernambucano. Partidos podem estar juntos para presidente e separados para
governador”.
Sobre o posicionamento do PCdoB, diz que o partido “se
pronunciará no momento que for adequado. Há oito anos, quando Humberto Costa e
Eduardo Campos eram candidatos ao governo, Lula frequentou a campanha dos dois,
essa flexibilidade também não é uma novidade”.
Mas o PCdoB é aliado histórico do PT, questiona o jornal
pernambucano.
“Estamos tranquilos”, diz o vice-prefeito de Recife,
lembrando que a um ano das eleições, oito meses das convenções, acontece muita
coisa. “Agora, as nossas relações com o PT e o PSB prosseguem, porque somos
aliados do PT desde a primeira tentativa de Lula, apoiamos o programa de
governo da presidenta Dilma. Mantemos também com o PSB uma aliança estratégica,
que não é de agora, e, portanto, não há razão para não continuarmos com esse
relacionamento”, finaliza.
Com “Jornal do Commercio” e “JC" on line
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