No dia da primeira prisão dos réus da Ação Penal 470, mesmo
na velha e grande mídia corporativa, o "astro" não foi o ministro
Joaquim Barbosa, foram José Genoíno e José Dirceu ao se entregarem
espontaneamente à Polícia Federal e erguerem o punho fechado em sinal de luta.
Em frente à Polícia Federal uma militância aguerrida e
indignada estava lá se solidarizando e prestando apoio aos dois presos
políticos, dividindo espaço com a imprensa que lá estava em busca de cenas
humilhantes que não obteve. No Jornal Nacional, enquanto o repórter falava na
rua em frente à PF, o cenário era de manifestantes com cartazes de apoio a
Genoíno e Dirceu. O som de fundo era o refrão "A verdade é dura, a Globo
apoiou a ditadura".
Esse conjunto de cenas é uma amostra da mudança dos ventos
sobre o que está por vir no julgamento do julgamento do mensalão, que é feito
pela história, e que restabelecerá o que houve de fato: no que diz respeito ao
PT houve um escândalo de caixa dois e só. O resto foi uma tentativa de golpe
via impeachment ou via eleitoral, que fracassou.
A própria TV Globo sabe o que está por vir. Merval Pereira,
em sua coluna, já recomenda a Joaquim Barbosa não se candidatar a cargo
político, porque senão "estragará tudo", sinalizando que o julgamento
foi político. Uma tremenda bandeira dada por Merval. Se Barbosa tivesse apenas
cumprido seu dever e feito a coisa certa com o devido rigor, não haveria porque
temer. Se teme é confissão de há algo errado.
O povo que tem um faro próprio para detectar
"armações" e injustiças, como se notou em todas eleições recentes,
pode até em um primeiro momento gostar de ver qualquer político execrado
publicamente ir para a cadeia, mas no mínimo as cenas colocaram em dúvida se
foram as pessoas certas, e coloca em questão porque só eles. E logo vem a
pergunta: porque gente do PT é condenada no governo do PT, e o STF não condena
tucanos e outros, com um rosário de escândalos bem maiores e até
internacionais? Dois pesos e duas medidas? Se a filiação partidária é o
critério para chegar à condenação, mesmo sem provas, então são sim presos
políticos.
Por fim, há os próprios simbolismos da prisão que faz mudar
o pêndulo da opinião pública, quer a Globo queira, quer não. Se quando livres
Dirceu e Genoíno simbolizavam a "impunidade de políticos", agora
simbolizam a punibilidade no imaginário popular, e passam a ser vistos de forma
diferente, com a dimensão mais humanizada, e as pessoas prestarão mais atenção
em suas palavras.
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