Por Hylda Cavalcanti, na Rede Brasil Atual:
Apresentando-se como “comandado” do PT para a campanha de
reeleição da presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem (12) que os frequentes ataques aos petistas, ao governo e à
condução da economia ocorrem mais por um problema de classe social do que pelo
erros que o partido tenha cometido nesses quase 11 anos no comando do país.
Falando para um grupo de 600 delegados na abertura do 5º
Congresso Nacional do PT, em Brasília, Lula destacou os avanços do Brasil na
última década, sobretudo nas áreas social e econômica, e disse que alguns
grupos empresariais, políticos e midiáticos sentem-se "incomodados"
por essas conquistas.
"O problema não é econômico, o problema é de pele, é de
classe social", disse ele, ao lado de Dilma, do governador Agnelo Queiroz
(DF), do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e vários ministros, deputados,
senadores e outras autoridades.
“Se eu tivesse fracassado como imaginavam, diriam que era
porque eu era um coitadinho de um operário, que não estava preparado. Fizeram
um país para governar por mais de 20 anos e quem está governando há 12 anos
somos nós. Um dia pegaram uma jovem de 20 anos, prenderam-na, torturaram-na, e
depois a soltaram. Alguns anos depois essa jovem rebelde vira presidenta da
República desse país. Isso não é uma coisa simples de compreender”, frisou.
Lula disse que o país “está dando certo naquilo que outros
não conseguiram acertar” e fazendo, em pouco tempo, “o que pensavam fazer em
muito”. O ex-presidente criticou os empresários que divulgam a tese segundo a
qual investidores estrangeiros estariam preferindo outros países devido a supostos
problemas na economia brasileira.
“Quero entender qual é o país que está melhor que o nosso
Brasil. Alguns países estão bem porque começaram décadas antes de nós, mas
nenhum país está bem como o nosso. Não há nenhum país que tenha registrado 4,8
milhões de empregos formais em três anos, que tenha mais responsabilidade
fiscal do que nós”. frisou.
De acordo com Lula, o PT tem sido vítima das suas virtudes e
dos seus defeitos. Ele foi bastante ovacionado quando comparou os ataques aos
condenados na Ação Penal 470, conhecida por processo do mensalão, a episódios
mais graves envolvendo figuras da oposição ligadas ao PSDB.
“Se forem comparados os erros do PT com os dos outros
partidos, notamos uma desproporcionalidade na divulgação. Basta ver as notícias
sobre o emprego do José Dirceu no hotel e da cocaína num helicóptero, que se
percebe uma desproporcionalidade na divulgação dos dois assuntos”, afirmou. Ele
referia-se à apreensão de 450 quilos de pasta de cocaína num helicóptero
pertencente ao deputado estadual mineiro Gustavo Perrella (SDD), filho do
senador Zezé Perrella (PDT), ambos ligados ao presidenciável tucano Aécio
Neves.
Responsabilidade
O ex-presidente destacou que a reeleição de Dilma terá o
efeito de continuar as mudanças que estão sendo feitas pelo PT, mas para isso o
partido precisa estar mais integrado com as bases e com a sociedade.
Lula lembrou que o fato de mais de 400 mil filiados terem
comparecido ao chamado do PT para participar do Processo de Eleições Diretas
(PED), no mês passado, é sinal de que muita coisa boa está acontecendo no
Brasil. E reiterou aos novos dirigentes empossados que precisam percorrer o
país no ano que vem. “Preparem-se para viajar conosco do Oiapoque ao Chuí e
deixar o PT mais forte”, reiterou.
Num recado claro aos dirigentes, o ex-presidente pediu
alerta e apoio para o próximo ano. “Não se iludam que cada coisa, quanto melhor
fizermos, mais aumentará a ira da oposição contra nós. Tudo isso deixa as
pessoas em dúvida sobre o que vai acontecer nesse país. Temos uma responsabilidade
de reeleger a Dilma presidenta e para isso precisamos ter uma boa bancada de
deputados federais, aumentar o número de senadores, eleger governadores e
deputados estaduais”.
Sobre a intensificação das alianças, o ex-presidente
ressaltou que o ideal seria escolher a chapa toda do PT, mas na política real
isso não é possível, motivo pelo qual, é importante construir as alianças
necessárias à governabilidade.
“Temos que trabalhar e construir alianças, pois não teremos
uma eleição fácil. Não vamos esperar moleza: estas eleições precisam de
dedicação e muito compromisso de nossa parte. Teremos que ir para a rua”,
conclamou.
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