O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
realiza a sua primeira reunião deste ano nesta terça e quarta-feira. Como já
virou rotina, a mídia rentista usa toda a sua artilharia para fazer terrorismo
econômico e exigir um novo aumento da taxa básica de juros, a Selic. Nos
últimos dias, a Globonews teve o descaramento de falsear uma tabela da
inflação; já os jornalões evitaram realçar que o índice ficou abaixo do teto da
meta em 2013 e insistem no risco da “explosão inflacionaria”. A ofensiva midiática
serve aos interesses mesquinhos dos banqueiros e rentistas e, novamente, tende
a obter vitória, em detrimento da sociedade que terá retração da economia e
contenção do ritmo de emprego.
A própria Agência Brasil, de uma empresa pública de
comunicação (EBC), decretou nesta segunda-feira (13) que “a Selic deve subir
0,25 ponto percentual na reunião do Copom desta semana... A expectativa é das
instituições financeiras consultadas semanalmente pelo Banco Central”. O sítio,
que deveria ser um pouco mais crítico, afirma que o aumento da Selic visa
“conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços porque os juros mais
altos encarecem o crédito e estimulam a poupança”. Ele só não explica que o
aperto monetário eleva a dívida pública e reduz o crédito e o consumo na
sociedade, o que tem efeitos perversos sobre a produção e a geração de novos
empregos.
Para criar o clima que justifique uma nova alta dos juros, a
mídia rentista não vacila na sua “guerra psicológica”. Os tais “analistas do
mercado”, nome fictício dos porta-vozes dos banqueiros que lotam as redações
dos jornais e telejornais, garantem que a inflação está fora do controle e
“pode” levar a economia ao caos. Este terrorismo fez com que o acovardado Banco
Central elevasse a Selic em 2,75 pontos percentuais no ano passado. A medida
amarga não retraiu os preços conforme a falsa promessa, mas teve péssimo efeito
sobre o crescimento da economia em 2013. Mesmo assim, os rentistas exigem mais
juros. Na prática, eles querem retrair o consumo, rebaixar os salários e elevar
a taxa de desemprego.
Na visão do capital, este cenário ideal é que garantiria a
tão cobiçada “competitividade” da economia. “Baixa de custos salariais e
provavelmente outros ganhos de eficiência tornaram boa parte do mundo mais ‘competitivo’
em relação ao Brasil, que fica cada vez mais caro”, argumenta, no maior
cinismo, o colunista Vinicius Torres Freire, da Folha. Até parece que os EUA, a
Europa e o Japão vivem num paraíso. Para ele, o “consumo demasiado e o
desemprego baixo” ajudam a explicar a persistência da inflação no país, mesmo
reconhecendo que a tese de que a inflação saiu do controle “é óbvio exagero
tolo ou desconversa”.
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