Por Renato Rovai, em seu blog:
O Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou
ontem que há “fortes indícios de existência do esquema de pagamento de propina
pela Siemens a agentes públicos vinculados ao Metrô de São Paulo”.
Um pouco antes disso, no dia 20 de dezembro, o governador
Geraldo Alckmin demitiu Benedito Dantas Chiaradia do alto escalão do
Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo.
Chiaradia, em depoimento à Polícia Federal, em novembro, havia confirmado que
havia um cartel para pagamento de propinas na CPTM.
Ao mesmo tempo, os secretários citados como participes do
esquema Edson Aparecido, José Anibal, Rodrigo Garcia e Arnaldo Jardim continuam
todos no governo.
O jornalismo que espreme petistas perguntou ao governador
Alckmin se a demissão de Chiaradia tinha relação com o fato de ele ter
denunciado o esquema. E Alckmin foi “firme”: “não tem nenhuma relação. Era um
cargo de confiança do próprio DAEE e ele saiu. Nenhuma relação”.
E em nota oficial depois da afirmação de Janot de ontem, o
governo do estado emiti uma nota oficial dizendo que “a Corregedoria-Geral da
Administração apura com rigor os fatos citados pela Siemens no acordo de
leniência com o Cade”. E ponto final.
Dito isso, tudo resolvido.
Os jornalões se contentam com a explicação de um esquema que
pode ter sangrado em mais de 1 bilhão os cofres públicos. E partem para a
investigação do aluguel da casa de Genoino, de 4 mil reais. Ou pior, vão
investigar se José Dirceu usou o celular na Papuda.
A criminalização da política é algo extremamente perigoso
para a democracia. E neste sentido o PT errou demais quando colocava a denúncia
como seu principal instrumento de fazer política. Mas ao mesmo tempo a forma
leniente como a mídia trata os esquemas corruptos do PSDB chega a dar engulhos.
O PSDB está no governo de São Paulo desde 1994. O mesmo
grupo já havia participado do governo Montoro e ficou um tempo com Quércia no
poder. Só rompeu em 1989, quando formaram um partido de quadros para disputar a
eleição presidencial. Mas é bom lembrar que FHC e Covas se elegeram na chapa do
falecido ex-governador. E neste período, São Paulo já viveu escândalos em quase
todas as áreas. Desde a revitalização do Rio Tiete, passando pelo Metrô,
Sabesp, CDHU etc. E basta uma resposta do tipo “nenhuma relação” e “estamos
investigando com rigor” para que tudo fique por isso mesmo.
O trensalão virou um Ferrorama na versão midiática. E o
esquema de propinas um Banco Imobiliário. A narrativa é tão infantil e de faz
de conta que não se pode imaginar que jornalistas sérios não fiquem com
vergonha de assinar certas matérias.
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