Por Altamiro Borges
Na semana passada, o jornalista José Nêumanne Pinto, que
sempre concluía os seus comentários asquerosos com o bordão “direto ao
assunto”, foi demitido pelo SBT. A emissora de Silvio Santos justificou a
dispensa dele e de outros dois colunistas com o argumento de que pretende
“restringir a parte opinativa” de seus telejornais – o que deve ter preocupado
a âncora Rachel Sheherazade, nova musa da direita nativa, que adora “opinar
sobre tudo”. Magoado, o valentão agora posa de vítima de perseguição política e
atira para todos os lados. Inimigo jurado do chamado “lulismo”, Nêumanne Pinto
acusa o diretor de jornalismo do SBT, Marcelo Parada, de ter “notórias ligações
societárias com Rui Falcão”, presidente do PT.
Além da demissão, os ataques histéricos do jornalista ainda
podem lhe render alguns processos judiciais. Segundo Daniel Castro, do sítio
Notícias da TV, Marcelo Parada negou “com veemência” as acusações do
ex-funcionário. “Nunca tive nenhuma relação societária com Rui Falcão. Nunca.
Não sei de onde o Nêumanne tirou essa história. Desafio qualquer um a provar
qualquer relação societária minha com Rui Falcão. Nunca fui sócio e nunca
prestei serviços para Rui Falcão”, afirmou o diretor do SBT. Esta reação,
porém, não deve conter os ataques do franco atirador, famoso pelos comentários
e artigos sempre ácidos e levianos contra os seus adversários.
Em artigo publicado no sítio Observatório da Imprensa nesta
sexta-feira (14), Nêumanne Pinto tinha sido mais comedido na explicação para
sua sumária demissão. Mesmo discordando, ele escreveu que ela havia ocorrido
por motivos técnicos. “Parada me comunicou que um tal ‘comitê de programação’
da emissora havia decidido extirpar a opinião dos telejornais da casa em nome
do primado da notícia”. Para ele, isto representaria um retrocesso no SBT. “Não
me sinto vítima de nenhum tipo de retaliação nem mártir do jornalismo opinativo
na TV. Infelizmente, sou apenas o representante de uma espécie em extinção: a
do jornalista que tem opinião e por isso, goza de credibilidade”.
É certo que ele já destilava seu veneno no artigo. Não
falava nas “ligações societárias” de Marcelo Parada, mas alfinetava que “não é
secreta para ninguém a sua notória parceria com o presidente do PT, que não
deve ser um admirador muito fanático da independência absoluta que sempre tive
no SBT”. Ele também aproveitou para especular sobre “a generosidade com que a
cúpula petista tratou o momentoso episódio da falência do Banco Panamericano,
empresa do grupo Sílvio Santos”. Mas Nêumanne Pinto ainda não estava tão
furioso e preferiu descartar as fofocas. “Ainda que saiba que meus comentários
não agradam a cúpula do PT, não acredito que minha saída se deva a pressão
sobre o companheiro diretor”.
Agora, porém, o egocêntrico jornalista resolveu engrossar.
Na carta enviada a amigos e publicada no sítio Notícias da TV, ele jura que foi
vítima de perseguição. Afirma que Ricardo Melo, ex-chefe de redação – que
deixou o SBT por discordar da demissão de uma funcionária com problemas de
saúde – “vetou comentário crítico contra Dilma Rousseff porque ouviu a palavra
'merda', quando eu havia dito 'meta'” e que há muito sabotava sua presença no
telejornal. Usa o termo “ligações societárias” para atacar Marcela Parada e
conclui: “O ano eleitoral começa com a demissão de um crítico contumaz de Dilma
Rousseff, favoritíssima à reeleição, mas ainda assim temerosa de que ela não
ocorra”. Seja lá qual for o motivo da demissão e indo “direto ao assunto”:
Nêumanne dançou!
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