domingo, 16 de fevereiro de 2014

PROFESSOR: QUAL É A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO, CIDADANIA E DEMOCRACIA NA PERSPECTIVA DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE MAIS HUMANA E IGUALITÁRIA?


Última Parte

Por Dedé Rodrigues

Foto do 3º encontro de Professores da rede do Pajeú - 2014 
No 3º Encontro de Professores da Rede do Pajeú ocorrido em Carnaíba, 03\02, promovido pela GRE - Gerência Regência de Educação, eu fiz esta pergunta do título da matéria ao Professor palestrante Dr. José Apolinário da URFPE, mas ele, devido ao tempo, não respondeu e levou consigo a questão. Não tenho a pretensão de escrever uma tese científica sobre estes temas tão complexos, mas acredito que eles são indissociáveis e, por isto, pretendo aqui responder este questionamento apresentando alguns elos entre os temas propostos.


Um dos slides apresentado pelo professor Apolinário dizia que “A Escola deve ser o microcosmos da cidadania verdadeiramente democrática, lugar da inserção de todos os atores envolvidos”.  Aqui ele defende uma questão muito importante para a educação que não é só a participação da família, mas também de todos que fazem parte da escola. Mas a escola como uma espécie de laboratório de práticas democráticas é o resultado de uma democracia mais ampla que existe na sociedade, já que ela pode até está à frente de outras instituições sociais na vivência democrática, mas é parte de um município, de um Estado e de um país.

Noutro slide do professor José Apolinário ele citou uma frase que dizia “A coragem cívica é a virtude de erguer a voz por uma causa, pelas vítimas de injustiça, por uma opinião que acreditamos certa, mesmo contra obstáculos arrasadores”. (Heller § Ferrer, 2002, p. 123). Este outro slide dizia: “Todo cidadão pode aprender, e na verdade aprende, a alterar sua atitude quando entra na esfera da ação política”. (Heller § Ferrer, 2002, p. 116).   Neste sentido, aqui ele valoriza a chamada cidadania ativa, na qual, também o professor\aluno deve ser militante político, pois a coragem cívica pressupõe erguer a voz contra as injustiças, quem não defende uma opinião e quem não tem uma causa para lutar por ela, mesmo diante de muitos obstáculos, não exercita a cidadania.

Para apresentar alguns elos entre educação, cidadania e democracia eu vou recorrer a uma das leis da dialética que ensina não ser possível conhecer a fundo um fenômeno social analisando o mesmo isoladamente. Logo compreendo que uma educação de qualidade que atenda a todos precisa ser pública,  gratuita e de qualidade, pois as leis do mercado no capitalismo impedem este acesso para parte das classes menos favorecidas.  

Quanto à cidadania que compreende “cidadãos em pleno gozo dos seus direitos” não é possível também ser alcançada sem uma educação pública, gratuita e de qualidade. Enquanto as leis do mercado ditarem as regras na escola fracionando as disciplinas, educando para a competição e não para a cooperação estaremos trabalhando contra a verdadeira cidadania.

O terceiro fenômeno social que chamamos de democracia tem o objetivo de garantir “que todos sejam iguais” independentes de qualquer coisa.  Mas isto, no geral, tem ficado mais na intenção nos países capitalistas. A lógica do capitalismo de produzir principalmente para o valor de troca e não para o valor de uso está levando a humanidade para a sua autodestruição. No capitalismo, além da distribuição desigual dos bens de consumo, não existe matéria- prima ou recursos naturais  suficientes para assegurar um consumismo desenfreado infinitamente para todos. Estamos acabando com os recursos naturais. Neste sentido, o paradigma atual está superado.  

Portanto percebemos que a democracia tem tudo a ver com a educação e com a cidadania. Só falta agora ligar tudo isto a um novo modelo social mais humano e igualitário. Eu só conheço um modelo de sociedade criado pela humanidade que aponta nesta direção, o socialismo.  Dizia Lênin, líder da Revolução Socialista Russa de 1917, que o socialismo necessariamente tinha que ser democrático. O problema é que numa sociedade divididas em classes sociais com interesses antagônicos (burguesia X proletariado) o poder econômico e a lógica da propriedade privada, têm ditado às regras do mercado na sociedade e nas escolas. Daí  ser impossível praticar uma verdadeira democracia nos marcos da lógica neoliberal capitalista vigente.


Por fim,  disse o nosso palestrante que,  “é preciso romper com esta lógica burguesa, cartesiana e positivista vigente nas escolas”.  Neste sentido, só uma educação voltada para os valores de solidariedade, liberdade, igualdade e paz pode servir para ampliarmos a nossa democracia no rumo de uma verdadeira cidadania. Quanto mais educação, mais cidadania, mais democracia e mais igualdade. Tudo isto só aponta para um novo modelo de sociedade diferente deste que temos,  o sistema socialista. Este também é um modelo em construção no mundo. Aprendemos também que o Brasil não deve copiar nenhum deles, mas sem abrir mão desse objetivo,  devemos construir o nosso próprio sistema socialista, que terá as próprias características do Brasil. Eu acredito que vai ser só no novo socialismo, a caminho de uma sociedade ideal, o comunismo, que estes fenômenos sociais abordados acima terão os elos cada vez mais imbricados.  

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