O PiG sentiu ali o cheiro do Golpe contra a Dilma. Quem não
tem voto …
"Não, meu filho, o Maracanã é seguindo em frente"
- PHA
O Conversa Afiada reproduz do Tijolaço artigo, como sempre,
afiado do Fernando Brito:
Rogerio Gentile, na edição de hoje da Folha, escreve sobre a
“benevolência, para não dizer simpatia” com que os black blocks foram tratados
por “artistas, políticos, intelectuais, publicitários e jornalistas foram
condescendentes com depredações de prédios públicos, ataques a bancos,
tentativas de linchamento de policiais etc., sempre partindo da premissa de que
os vândalos estavam mudando o país“.
Mudando o país, em quê?
Tirando o famoso “padrão Fifa” e os “não é só por 20
centavos”, alguém consegue lembrar de alguma coisa que propusessem ou
desejassem os movimentos iniciados em junho, cuja face se ornou de máscaras
negras?
Mas, mesmo sem apontar a razão profunda desta simpatia,
Gentile tem razão quando diz que a condescendência com os quebra-quebras e
outras violências partiam da premissa de que aquilo seria “mudar o país”.
A mídia, a direita, o conservadorismo, desde o primeiro dia,
sentiram ali o cheiro da desestabilização de um governo que, até então,
ostentava índices de aprovação tão maciços que eram como uma parede de concreto
para suas pretensões eleitorais em 2014.
Vale dizer, pela via democrática de oposição, na qual
acumulam três derrotas e caminhavam para o quarto insucesso.
Vou dispensar-me de citar os Jabores de ocasião.
E, a seguir, em alguns dias, quando as “depredações de
prédios públicos, ataques a bancos, tentativas de linchamento de policiais
etc” passaram do limite do “socialmente
aceitável”, continuaram servindo, porque isso tumultuava o cotidiano, espalhava
a imagem do caos, reforçava a imagem do “desgoverno”.
Melhor ainda porque a juventude parecia emprestar-lhes um ar
“esquerdista”, libertário, muito mais simpático que os estandartes da TFP dos anos
60.
Mas, igualmente, também desestabilizadores de um governo
que, como todos os seus pecados e vacilações, é o grande inimigo a ser batido
pelo capitalismo colonialista de que nosso país é vítima.
2014 passou a ser ansiosamente esperado,e isso foi dito e repetido em alto e bom som pelos
políticos de oposição, como o ano em que
esses “movimentos” – e leia-se confronto em lugar de movimento, porque uma
concentração pacífica em uma praça do centro da cidade não tem “graça nenhuma”
– fariam a festa da Copa do Mundo virar um pesadelo.
Os senões da Copa – os estádios já eram caros antes – não
eram o importante, senão para umas mocinhas bonitas que já tem hospital e
escola “padrão Fifa”. O importante era preparar o povo brasileiro para desejar
“um governo”, porque as ruas conflagradas e embaçadas da fumaça de bombas de
gás, em todas as redes de TV do mundo, tomariam o lugar da alegria, da diversão
e, sobretudo, da auto-estima brasileira.
Os que chamam, agora, de “monstros” estavam ali todo o
tempo.
Os partidos e a política, que diziam não estar ali, também
estavam, tanto nos desvãos oculto da manutenção de alguns “porra-loucas”
quanto, sobretudo, na promoção ansiosa da mídia à espetaculosidade que se
procurava a paulada, a chamas, a bombas.
E que ela, pressurosamente, lhe dava.
Até que veio o seu “Riocentro”, ferindo e matando o
cinegrafista Santiago Andrade.
Este é o cerne das
razões que explicam a ”benevolência,
para não dizer simpatia” a que se refere o articulista.
O resto, permitam-me, é perfumaria.
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