Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
Os tucanos estão desesperados. Não bastasse o trensalão, que
arrasta para a lama todas as administrações tucanas em São Paulo, a começar
pelo até então mitificado Mario Covas, agora os paulistas se vêem diante de um
fiasco de proporções bíblicas, e causado exclusivamente por incompetência e má
gestão.
São Paulo é um dos estados com maior incidências de chuvas
no país. Os problemas de abastecimento de água se derivam da histórica apatia
tucana quando se trata de levar adiante obras estruturantes. Os tucanos não
fazem pontes, não fazem ferrovias, não fazem estradas, não fazem aeroportos,
não fazem hidrelétricas, não fazem reservatórios. Não fazem nada. E ainda
atrapalham os que tentam fazer.
A era tucana no Planalto, por mais que a mídia tente
enfeitá-la com flores artificiais, foi um dos períodos mais áridos da nossa
história em termos de obras de infra-estrutura. E agora vemos que o mesmo
problema se repetiu em São Paulo. A infra-estrutura paulista de capacitação de
água permanece a mesma há mais de trinta anos. Deixar o povo sem água é o fim
da picada.
A ironia - uma ironia triste porque trará sofrimento ao
paulista e danos à economia nacional - é que os tucanos torceram tanto para não
chover no Brasil, para que houvesse um colapso nas hidrelétricas, que acabaram
tendo seus desejos atendidos. Só que o país está preparado. Dilma construiu
mais termoelétricas e há um monte de hidrelétrica ficando pronta em breve,
algumas já este ano. Sem falar num grande sistema de geração de energia eólica
que também estará pronto e operante ainda este ano.
São Paulo, por sua vez, não está preparado para falta de
chuvas. E olha que não houve surpresa. O regime histórico de chuvas no estado
prevê anos mais secos. Esta é a razão de haver reservatórios, se bem que alguns
especialistas falam que o problema nem é tanto reservatório, mas falta de
gestão, de manejo. As obras que Alckmin quer fazer agora deveriam ter sido
feitas há vinte anos.
E ainda tem esse vexame político de vir pedir esmolas ao Rio
de Janeiro, comemorar e depois ouvir uma negativa humilhante do nosso
governador. Sérgio Cabral não é flor que se cheire, mas não é um sociopata
barbosiano que irá negar água, por pura maldade, ao povo de São Paulo. Se ele
se nega a entregar o rio Paraíba do Sul ao governo de São Paulo é porque isso
poderia comprometer o abastecimento no interior fluminense. Aí teríamos um
abraço de afogados, ou melhor, de sedentos.
A incompetência tucana arrastaria dois estados, São Paulo e
Rio de Janeiro. Essa falha de comunicação entre Rio e São Paulo deve ter sido
provocada por Índio da Costa, novo secretário de Meio Ambiente do governo
Cabral e ex-candidato a vice presidente da República, na chapa do PSDB, nas
eleições de 2010. Costa, do PSD fluminense, é na verdade um super-tucano
infiltrado no governo Cabral.
Membros do governo Alckmin, que devem estar num estado
emocional lastimável, contataram Índio da Costa para pedir estudos sobre a
possibilidade de usar água do Paraíba do Sul para encher de novo a Cantareira.
Índio deve ter prometido mundos e fundos para Alckmin, que em seu desespero
para dar uma boa notícia aos paulistas, esqueceu que tinha de falar com o
governador antes. Índio da Costa, apesar do nome, não toca nem apito no governo
Cabral.
Entretanto, quero acreditar que o Rio fará o possível para
ajudar São Paulo, apesar de que os tucanos paulistas, historicamente, sempre
terem trabalhado para ferrar o Rio de Janeiro. A começar pela lei aprovada pelo
então deputado federal José Serra, nos anos 90, que levou os impostos do
petróleo, antes cobrados na fonte, ou seja no Rio, para o consumo, ou seja,
para São Paulo.
A única coisa boa disso tudo, se é possível tirar alguma
coisa positiva de uma trapalhada de consequências tão trágicas para o Brasil, é
que o fato poderá ser, com trocadilho e tudo, a gota d’água para o eleitor
paulista. E daí poderemos ter, enfim, alternância política em São Paulo.
*****
É curioso que, diante de uma tragédia de consequências
econômicas, políticas e sociais tão avassaladoras, as manchetes dos jornais de
São Paulo sejam a aquisição da refinaria de Pasadena, pela Petrobrás. Um caso
já explicado em detalhes pelo então presidente da Petrobrás, José Gabrielli,
que participou em 2013 de uma audiência pública no Senado.
Vale tudo para tentar atingir Dilma Rousseff e prejudicar
sua eleição, inclusive rifar a economia de São Paulo? Será difícil, no entanto,
esconder do paulista uma coisa tão palpável quanto a água na pia.
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