por Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania
Nos últimos dias, grandes grupos de mídia que fazem oposição
ao governo federal retomaram o ataque político-partidário-eleitoral ao programa
Mais Médicos. Esse ataque inspirou-se no corporativismo dos médicos
brasileiros, que declararam guerra ao programa federal devido à má repercussão
do fato de que se recusam a trabalhar nas regiões mais afastadas e pobres das
cidades, dos Estados e do país.
Como sempre, o ataque inicial a mais uma iniciativa do
governo Dilma Rousseff (iniciativa que foi recebida com entusiasmo pela maioria
esmagadora dos brasileiros) coube à Rede Globo, via “denúncia” no Jornal
Nacional. Já fora assim com a redução do valor das contas de luz e com a
redução dos juros cobrados pelos bancos ao consumidor.
Os médicos e a mídia conseguiram um procurador do Ministério
Público do Trabalho para dar curso ao ataque racista desfechado contra médicos
cubanos que desembarcaram em Fortaleza (CE), ano passado. Na oportunidade, os
profissionais cubanos, em grande parte negros, foram vaiados e agredidos por
médicos brasileiros brancos, sendo chamados de “escravos”, o que revoltou o
país.
Este blog chegou a entrevistar o presidente do Sindicato dos
Médicos do Ceará (SimeC), o médico e ex-vereador José Maria Pontes, sobre a
agressão que seus liderados fizeram quando os médicos cubanos recém-chegados
saíam de uma reunião em Fortaleza. A entrevista repercutiu fortemente na
internet e recomenda-se que seja lida, no link indicado neste parágrafo.
O ataque do Jornal Nacional ao Mais Médicos foi feito sob
esse teor racista do sindicato dos Médicos do Ceará e se espalhou pela mídia,
como de costume.
A matéria se baseia no escarcéu que um procurador do MPT
amigo da mídia oposicionista e da oposição propriamente dita está fazendo
devido ao modelo de contratação de médicos cubanos, que prevê que parte dos
salários que receberão do governo brasileiro vá para conta em nome deles em
Cuba e, outra parte, vá para o Estado cubano.
Antes de prosseguir, há que esclarecer que Cuba envia
médicos para o mundo inteiro – inclusive para países ricos da Europa – devido
ao fato de que é o país que mais forma médicos no mundo. E Cuba é o país que
mais forma médicos porque, por lá, à diferença do que acontece no Brasil, o
Estado dá a qualquer um condições de passar mais de uma década só estudando
medicina, condição básica para se formar médico.
Ora, não parece justo que quem passa tanto tempo sendo
bancado pelo Estado para poder só estudar, ao se formar devolva alguma coisa à
mesma comunidade que, através dos seus impostos, pagou os estudos e a
subsistência daquele médico enquanto estudava?
Mas não é esse o ponto central do texto. O que espanta é a
demagogia e a burrice do ataque da mídia oposicionista e dos partidos de
oposição ao Mais Médicos – ataque cuja motivação encontra-se em pesquisa
encomendada em novembro do ano passado pela Confederação Nacional dos
Transportes (CNT) ao instituto MDA, que detectou que o apoio ao programa
federal é de espantosos 84,3%.
Antes de prosseguir, vale informar que, no mesmo mês de
novembro de 2013, foi divulgada pesquisa conjunta do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) que confirmou essa enorme aprovação da
população brasileira aos princípios do programa Mais Médicos.
Retomando. A motivação do novo ataque em massa da mídia
oposicionista a programa tão bem recebido pela sociedade é puramente eleitoral,
pois acredita-se que esse programa pode alavancar fortemente não só a reeleição
da presidente Dilma Rousseff, mas a candidatura do ex-ministro da Saúde
Alexandre Padilha ao governo do Estado de São Paulo.
Mas o pior não é essa motivação
político-partidária-eleitoral da mídia oposicionista e da oposição propriamente
dita ao atacarem programa tão necessário aos setores mais humildes da
população. O que espanta é a burrice de quem ataca.
Em vez de verificar os resultados do programa Mais Médicos,
a mídia fica martelando a tese esdrúxula de que os médicos cubanos seriam
“escravos” – tese que também encerra viés racista devido à grande presença de
profissionais negros entre esses médicos –, apesar de eles estarem recebendo
não apenas o salário nominal divulgado pela mídia – que acaba de ser aumentado
por acordo entre o governo brasileiro e o cubano –, mas casa e comida de graça.
Para entender por que a mídia se concentra na farsa sobre
“escravidão” – que os médicos cubanos que estão no país rejeitam
peremptoriamente –, vale nos debruçarmos sobre matéria do jornal Tribuna do
Ceará que, essa sim, é jornalismo, pois mostra como o Mais Médicos está
melhorando a vida de pessoas que, muitas vezes, nunca haviam se consultado com
um médico.
Abaixo, a íntegra da matéria.
—–
TRIBUNA DO CEARÁ
Fortaleza, 25 de fevereiro de 2014
Casal de médicos cubanos conta rotina após seis meses no
sertão do Ceará
Apesar de estarem adaptados ao Ceará, logo que chegaram ao
estado os profissionais foram agredidos verbalmente e chamados de ‘escravos’
por médicos brasileiros
Se alguns profissionais estão com dificuldade de adaptação
no Programa Mais Médicos (dois, inclusive, desistiram), um casal de cubanos já
se sente em casa. Eles tiveram a sorte de desembarcar em Fortaleza juntos, em
agosto de 2013, e ainda atender a população da mesma cidade, Reriutaba, a 309
quilômetros de Fortaleza.
Isidro Rosales Castro, de 49 anos, e Esperanza Anabel Dans
Leon, de 48, deixaram Cuba com a vontade de transformar a realidade do
município, através do amor pela medicina. Eles iniciaram os atendimentos em
setembro do ano passado. Enquanto Isidro trabalha no posto de saúde na zona
rural da cidade, Esperanza atende em unidade na área urbana.
Os cubanos trabalham de segunda a sexta-feira, oito horas
por dia, e oferecem atenção a toda população, que o médico faz questão de
chamar de “nossa”. Eles realizam visitas domiciliares a grupos prioritários,
como idosos, acamados e incapacitados, de acordo com as demandas da população e
dos agentes comunitários.
Nos momentos de descanso, o casal volta para a residência,
que – segundo Isidro – tem todas as condições garantidas pela prefeitura e pela
Secretaria de Saúde do Estado. “As atenções por parte das autoridades locais
são ótimas. Somos cinco médicos do programa, todos cubanos, e temos condições
excelentes de moradia e de trabalho”, conta.
O dia a dia dos cubanos é bastante parecido com a rotina que
levavam no país de origem. Trabalham segundo o planejamento e aproveitam o fim
de semana para assistir a programas de televisão e sair para passear. “Temos
muitas amizades que visitamos e nos visitam, conhecemos bastante o Ceará e suas
praias maravilhosas, fundamentalmente Camocim”.
Calor e comida
O calor do estado “golpeou forte” o casal, como brinca o
médico. Eles tiveram de se adaptar. O calor humano da terra ajudou. “Aqui é
maravilhoso, nos sentimos como se fôssemos cearenses de toda a vida”, diz
Isidro.
O que falta, no entanto, é Esperanza aprender a cozinhar uma
verdadeira comida típica do Ceará. Ela ainda sente dificuldade em fazer os
pratos mais admirados pelo marido, como feijoada, baião-de-dois e churrasco.
“Eu faço muito pouco, mas vou aprender. Gostamos de churrasco, e eu adoro
frango a parmegiana”.
O idioma português também não foi aprendido com perfeição
pelo casal. O que importa é que médicos e pacientes se entendam, e a parceria
está dando certo. Segundo Isidro, a comunicação com a população permite uma boa
relação. “Idioma não se aprende em tão pouco tempo, mas estamos nos
compreendendo mutuamente e isso permite uma relação positiva entre médico,
equipe de saúde e paciente”, explica.
—–
Eis por que a mídia oposicionista, em vez de se debruçar
sobre os resultados do programa Mais Médicos, fica martelando essa questão
absurda sobre “escravidão”: o programa é um sucesso. Se a população humilde e
das regiões empobrecidas que está sendo beneficiada fosse chamada a opinar,
mandaria Globo e companhia limitada se danarem. Diria que quer Mais Médicos e
menos demagogia
0 comentários :
Postar um comentário