Nestes dias, a mídia vem fazendo grande alarde para
comemorar o 20º aniversário do Plano Real. O desgastado Fernando Henrique
Cardoso (FHC) está sendo bajulado e apresentado como o “salvador da pátria”, o
homem que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. Os fatos, porém,
indicam que a “estabilidade” fez o país ficar refém de uma armadilha: a brutal
transferência de recursos públicos para a ciranda financeira.
"Mas data houve em que se acabaram
Os tempos duros e sofridos
Pois um dia aqui chegaram
Os capitais dos países amigos
País amigo, desenvolvido
País amigo, país amigo
Amigo do subdesenvolvido
País amigo, país amigo
E os nossos amigos americanos
Com muita fé, com muita fé
Nos deram dinheiro e nós plantamos
Só café, só café
É muita terra em que se plantando tudo dá
Mas eles resolveram que nós deveríamos plantar
Só café, só café."
Trecho da música “Canção do subdesenvolvido”, de 1962,
composta por Carlos Lyra e Francisco de Assis.
No início de 1993, o ministro da Fazenda do governo Itamar
Franco, Eliseu Rezende, apresentou ao então presidente da República uma lista
de empresas estatais que ele considerava passíveis de serem privatizadas com o
objetivo de arrecadar US$ 30 bilhões para liquidar a parcela mais cara da
dívida mobiliária. Formada por papéis do governo, ela correspondia, à época, a
US$ 37 bilhões (hoje, passa de R$ 2 trilhões). Quando se falavam por telefone,
Itamar Franco e Eliseu Resende usavam uma linguagem cifrada. Cada US$ 1 bilhão
da dívida interna equivalia a um pé de café. ''Vamos arrecadar seis pés de café
com a privatização da Vale'', disse Rezende. O presidente respondeu: ''Cuidado
que o espírito do Severo Gomes vai lhe puxar os pés esta noite''. Era uma
referência ao falecido senador por São Paulo e um dos porta-vozes do
nacionalismo brasileiro.
Por expor opinião como essa, Itamar Franco foi tratado pelos
donos do poder como um paspalhão. Um caso explícito ocorreu quando ele pediu ao
Congresso Nacional que agilizasse a regulamentação do artigo da Constituição
que determina o limite de 12% ao ano para a taxa de juros. Mas Itamar já era
quase uma voz isolada no país. No entanto, logo se veria que sua preocupação
tinha razão de ser — no primeiro dia útil do Plano Real, a taxa de juros,
puxada pelo Banco Central, disparou, chegando aos 12%. Um ano depois, já estava
em 60%.
Desde então, a mídia só fez esconder informações, não dando
a ideia do que estava acontecendo e transformando o que existe de pior para o
país — a política macroeconômica e sua fabulosa dívida — em um mundo róseo.
Ancorada na elevada taxa básica de juros, a Selic, a “estabilidade” também tem
estimulado a entrada de recursos externos de curto prazo, favorecendo a
valorização excessiva do real.
Essa bomba-relógio é a espinha dorsal do que se convencionou
chamar de ''herança maldita'' deixada pela ''era FHC": a política
macroeconômica voltada para a voracidade de uma entidade mágica chamada
''mercado''. Trata-se, na verdade, de uma medida de caráter ideológico,
anti-Estado, que atua segundo os interesses dos segmentos financeiros
especulativos. Em síntese: a política fiscal-monetária posta em prática no
Brasil era economicamente injustificável e regressiva, além de ser socialmente
perversa. O governo, aprisionado por essa lógica, tem de conter investimentos
em saúde, educação, segurança e infra-estrutura para ter os recursos exigidos
pela voracidade dos juros.
Desconstrução nacional
O problema é que mesmo diante desse quadro parece que a
política monetária atual se resume a continuar o curso iniciado com a explosão
da dívida pública com o Plano Real: produzir superávits primários, sentar e
esperar. Por este critério de gestão da macroeconomia, o país fica preso em um
dilema — se a taxa de juros cair, a inflação pode subir. É uma camisa de força,
que amarra a economia e se apresenta como palco de combates em uma arena
complexa. Possivelmente estejamos diante do que o camarada Mao Tse Tung
chamaria de ''a diferença entre as contradições antagônicas e as contradições
não-antagônicas''.
Existe quase que uma obrigação de se unir forças para dar
combate à essa linha de desconstrução nacional que vem desde a ditadura militar
e que ainda se expressa no atual modelo macroeconômico brasileiro. Há, no
Brasil hoje, como tem dito recorrentemente a presidenta Dilma Rousseff, muitas
oportunidades prontas esperando por empreendedores. E há outras tantas por
inventar. Mas para destravar essas oportunidades o país precisa manter a
prática de tratar questões complexas com iniciativas políticas. Pouco antes de
morrer, o economista Celso Furtado, em uma mensagem em vídeo para os
participantes da mesa redonda “Diálogo social, uma alavanca para o
desenvolvimento”, promovida pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
(CDES), perguntou: “Como você pode dirigir uma sociedade sem saber para aonde
vai?”.
A intervenção trazia palavras de estímulo ao trabalho a que
se propunha o Conselho, de elaborar uma agenda nacional de consenso entre os
vários atores sociais lá representados. “A hegemonia do pensamento
neoclássico-neoliberal acabou com a possibilidade de pensarmos um projeto
nacional; em planejamento governamental, então, nem se fala. O Brasil precisa
se pensar de novo, partir para uma verdadeira reconstrução. Para mim, o que
preza é a política”, disse ele. As palavras de estímulo de Celso Furtado foram
uma incitação à coragem. “Temos que ter coragem política. Coragem política é um
fenômeno social que decorre do estado da sociedade. Ter coragem política na
ditadura é uma coisa. Outra, muito diferente, é ter coragem política na
complexa e instável realidade em que vivemos. Considero fundamental que a
coragem política seja posta a serviço das autênticas causas do povo
brasileiro”, afirmou.
Acordo tácito
A mensagem de Celso Furtado, atualíssima, se soma à
constatação do então assessor econômico do candidato Luis Inácio Lula da Silva,
em 2002, o hoje ministro da Fazenda Guido Mantega, de que a saída para a crise
econômica brasileira era política. A saída é política — sempre. Ela define os
rumos da economia. “Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o
resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos,
o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de
desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de
precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os
efeitos desta política”, afirma a apresentação do livro “Era FHC: a regressão
do trabalho”, escrito por Altamiro Borges e Marcio Pochmann em agosto de 2002.
Dois meses depois, FHC seria rechaçado pelas urnas.
Segundo o presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB),
Renato Rabelo, para estabilizar os preços houve um “acordo tácito”, firmado
desde a implantação do Plano Real, que impõe a manutenção de uma média de juro
real elevado e o câmbio sobrevalorizado, um círculo vicioso perverso que inibe
os investimentos. É preciso superer esse pacto, diz ele. Não se está pedindo a
aparição de um santo milagreiro, capaz de fazer os juros desabarem até
patamares norte-americanos, a inflação se manter em um padrão japonês e o
Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) crescer em ritmo chinês. A questão é que
ninguém mais imagina, de verdade, que o desenvolvimento econômico possa
prescindir do Estado, que precisa ser dotado de recursos funadamentais para
alavancar os investimentos.
O país precisa urgentemente se consolidar como potência
alimentar, energética e industrial. Ao mesmo tempo, exige crescente
investimento em educação e inovação tecnológica. São premissas decisivas para
elevar cada vez mais o padrão de vida dos brasileiros. Evidentemente, um
desafio deste porte exige, como disse Celso Furtado, iniciativas políticas para
superar entraves políticos históricos. Tomemos, como exemplo, a polêmica que se
instalou no país em torno do aumento do consumo como fator para a dinamização
da economia nacional.
Consumo de massas
Muita gente no Brasil ainda vê o consumo como um gesto pouco
nobre. Um marciano de boa índole, que tivesse chegado à Terra pelo Brasil e
estivesse estudando a humanidade munido da língua portuguesa, certamente
anotaria na agenda que ''consumir'' é uma das coisas ruins que se fazem por
aqui. O verbo ''consumir'', segundo o Aurélio, significa ''1. Gastar ou corroer
até a destruição; devorar, destruir, extinguir (...) 2. Gastar, aniquilar,
anular (...) 3. Enfraquecer, abater (...) 4. Desgostar, afligir, mortificar
(...) 5. Fazer esquecer; apagar (...) 6. Gastar; esgotar (...)''.
Os sentidos são negativos; as conotações, pejorativas. Não
há uma única referência à ideia de comprar ou adquirir, de consumir mais e
melhor. Muito menos uma associação com o ato de satisfazer uma necessidade ou
saciar um desejo. Claro que para um país como o Brasil o ganho mais visível e
imediato que o consumo tem a oferecer é mesmo a elevação do nível de conforto
material. Consumir mais e melhor significa também ter arte, absorver
informação, ter acesso ao patrimônio cultural da humanidade. Ou seja: obter
satisfações que transcendem à mera necessidade imediata.
Por que há tantas reservas em relação ao consumo de massas
no Brasil? É que o consumo popular funciona como o estopim econômico de
transformações sociais. Para o povo, ele é bem-vindo também por isso. As travas
brasileiras em relação ao consumo estão no fato de que ele sempre foi
privilégio de poucos. A arquitetura social brasileira, sempre caracterizada por
políticas públicas tímidas e insuficientes, ainda conserva traços
escravocratas. Uma das alegações dos conservadores era a de que a inflação em
alta impedia uma ação social mais vigorosa. Como distribuir os frutos de um
desenvolvimento não realizado? Primeiro era preciso fazer o bolo crescer para
só depois distribuí-lo.
Baldeação em 2002
No início dos anos 1960, essa fantasia ganhou conotação
ainda mais autoritária. Os economistas que assumiram o controle depois do golpe
militar de 1964 chegaram dizendo que o dilema inflação-desenvolvimento era
discussão da pré-história. Segundo Roberto Campos, ícone brasileiro deste
pensamento, este dilema era um “idílio” — ou produto de fantasia; devaneio,
utopia. A política econômica da ''era militar'' chegou à crise dos anos 1980,
que levou à guinada ''ortodoxa'' da linha de condução da economia quando o país
ingressou na “era neoliberal”. Foi pelo caminho da prioridade à política de
“estabilização monetária” em detrimento da postura desenvolvimentista, iniciado
no governo do presidente Fernando Collor de Mello, que o Brasil chegou ao Plano
Real.
A “estabilidade”, vendida por um marketing internacional
muito bem arquitetado, era apresentada pela mão espalmada de FHC, que
significava para o eleitor a promessa de melhorias sociais e infra-estruturais
no país. Nenhuma ''reforma'' de cunho liberal foi claramente referendada pelo
pleito de 1994. Elas vieram a reboque — eram as cláusulas do contrato escritas
em letras minúsculas. Para conseguir o segundo mandato, este projeto
utilizou-se de um novo engodo. Eram mais do que óbvios os laços que uniram
aquela política com a perda de empregos e o aumento da precariedade dos serviços
públicos — como saúde, segurança e educação. Mas a campanha veio com um slogan
apelativo: era preciso garantir as ''conquistas'' da ''estabilidade'' para dar
prioridade aos outros dedos da mão espalmada, principalmente o combate ao
desemprego.
Como era uma impossibilidade evidente, à primeira chance
houve a baldeação; Lula se elegeu em 2002 e se reelegeu em 2006 empunhando as
bandeiras das questões sociais. Com dificuldades gigantescas pela frente, o
novo governo direcionou sua política para o consumo interno e procurou
redirecionar a política externa do país, preso à lógica de que a produção
ficaria para os malaios, indonésios, mexicanos e brasileiros enquanto o
“primeiro mundo” se limitaria a produzir ideias, modelos, campanhas de
marketing, logística, sites, comunicação visual, administração, finanças e
desenvolvimento tecnológico.
Fel contra a política externa
Quando Lula chegou à Presidência da República, uma de suas
primeiras ações foi a de desmontar a trama criada pelo governo anterior para a
adoção da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Esse foi um dos
principais motivos do fel que os conservadores destilaram contra as lideranças
do Itamaraty. E um dos efeitos dessa mudança começou a aparecer com a melhora
no comércio internacional. Os fatos mostravam que durante a “era FHC” exportar
era uma das coisas que o Brasil não fazia bem. Se fizesse, não haveria tanta
gente — Apex, Camex, Decex, Funcex, CCEX, Secex, Cacex — rimando e remando para
fazer do Brasil um exportador medíocre.
Quando FHC deixou Brasília, o Brasil respondia por apenas
18% das exportações latino-americanas. Outro exemplo da debilidade brasileira à
época: em 1997, o país exportou US$ 109 milhões em frutas — só 0,43% das vendas
internacionais do produto no período, que foram de 25 bilhões. (Pior: o Brasil
comprou US$ 237 milhões em frutas naquele ano, amargando, em uma categoria em
que teria significativas vantagens competitivas, um déficit de US$ 128
milhões.) O Brasil era, enfim, um exportador acanhado. Várias vezes, e em
muitos aspectos, canhestro.
No imaginário da “era FHC”, o mercado externo se reduzia aos
Estados Unidos e à Europa. Empresa brasileira molhando os pés em águas
internacionais do Sul do planeta era uma imagem que jamais frequentou o
pensamento daquela “era”. Para os neoliberais, a ideia de que o Brasil deveria
fincar sua bandeira em outras terras soava exótica. Quando a política externa
do governo Lula chegou, o Brasil logo mostrou como desataria o nó da política
comercial brasileira, responsável por seguidos déficits desde a implantação do
Plano Real: o governo sairia pelo mundo, disputando terreno em vários mercados.
Para os novos líderes do Itamaraty, eventuais perdas em uma trincheira mundo
afora poderiam ser compensadas por ganhos em outra.
Carta de Lula a FHC
Em agosto de 2002, Lula, ainda candidato à Presidência da
República, entregou uma carta a FHC, durante o encontro com os candidatos no
Palácio do Planalto, em Brasília, na qual disse que era urgente “gerar um
elevado superávit comercial, fundado no aumento expressivo das exportações, de
modo a diminuir a vulnerabilidade do país com relação à volátil liquidez
internacional”. “Isso requer, de imediato, uma ampla ofensiva diplomática, que
mobilize todas as embaixadas e consulados brasileiros para apoiar o esforço
exportador do Brasil. Exige, além do mais, uma ação decidida nas frentes de
negociação internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), contra
o protecionismo injustificado e os subsídios indevidos dos países ricos que
prejudicam as vendas de nossos produtos, como o suco de laranja, o açúcar, a
soja e o aço, entre outros”, dizia a carta.
Na sua posse, Lula disse que, “em relação à Alca, nos
entendimentos entre o Mercosul e a União Européia, na OMC o Brasil combaterá o
protecionismo, lutará pela sua eliminação e tratará de obter regras mais justas
e adequadas à nossa condição de país em desenvolvimento”. “Buscaremos eliminar
os escandalosos subsídios agrícolas dos países desenvolvidos que prejudicam os
nossos produtores, privando-os de suas vantagens comparativas. Com igual
empenho, esforçaremo-nos para remover os injustificáveis obstáculos às
exportações de produtos industriais. Essencial em todos esses foros é preservar
os espaços de flexibilidade para nossas políticas de desenvolvimento nos campos
social e regional, de meio ambiente, agrícola, industrial e tecnológico”,
afirmou.
Lula disse ainda que a grande prioridade da política externa
do seu governo seria “a construção de uma América do Sul politicamente estável,
próspera e unida, com base em ideais democráticos e de justiça social”. “Para
isso é essencial uma ação decidida de revitalização do Mercosul, enfraquecido
pelas crises de cada um de seus membros e por visões muitas vezes estreitas e
egoístas do significado da integração. O Mercosul, assim como a integração da
América do Sul em seu conjunto, é sobretudo um projeto político. Mas esse
projeto repousa em alicerces econômico-comerciais que precisam ser urgentemente
reparados e reforçados”, disse o presidente.
Com palavras claras, o novo presidente da República disse
que priorizaria as relações com os países vizinhos. “Cuidaremos também das
dimensões social, cultural e científico-tecnológica do processo de integração.
Estimularemos empreendimentos conjuntos e fomentaremos um vivo intercâmbio
intelectual e artístico entre os países sul-americanos. Apoiaremos os arranjos
institucionais necessários, para que possa florescer uma verdadeira identidade
do Mercosul e da América do Sul. Vários dos nossos vizinhos vivem hoje situações
difíceis. Contribuiremos, desde que chamados e na medida de nossas
possibilidades, para encontrar soluções pacíficas para tais crises, com base no
diálogo, nos preceitos democráticos e nas normas constitucionais de cada país”,
afirmou.
Odor de santidade
O presidente também falou das relações de seu governo com os
Estados Unidos e a União Europeia. “Procuraremos ter com os Estados Unidos da
América uma parceria madura, com base no interesse recíproco e no respeito
mútuo. Trataremos de fortalecer o entendimento e a cooperação com a União
Europeia e os seus Estados-Membros, bem como com outros importantes países
desenvolvidos, a exemplo do Japão”, disse. Mas ressaltou que não deixaria de
dar atenção a outras regiões do planeta. “Aprofundaremos as relações com
grandes nações em desenvolvimento: a China, a Índia, a Rússia, a África do Sul,
entre outros. Reafirmamos os laços profundos que nos unem a todo o continente
africano e a nossa disposição de contribuir ativamente para que ele desenvolva
as suas enormes potencialidades”, afirmou Lula.
O discurso reforçou o aspecto político das novas relações
internacionais do Brasil. “Visamos não só a explorar os benefícios potenciais
de um maior intercâmbio econômico e de uma presença maior do Brasil no mercado
internacional, mas também a estimular os incipientes elementos de
multipolaridade da vida internacional contemporânea. A democratização das
relações internacionais sem hegemonias de qualquer espécie é tão importante
para o futuro da humanidade quanto a consolidação e o desenvolvimento da
democracia no interior de cada Estado”, disse o presidente.
Com essa política, o Brasil ajudou a despachar o
conservadorismo sul-americano, no que diz respeito a políticas externas — com
expressões de pesar e desapontamento manifestadas pela mídia —, para a vala
comum onde jazem as carcomidas ideias neoliberais que no passado recente
floresceram na região. Por aqui, a maior parte do encanto com o neoliberalismo
já se desfez há tempos, moído por índices vergonhosos de injustiças sociais,
pela violência, pela inépcia geral da administração e pelo que existe de pior
na política. Com o tenebroso desfile público das práticas de gangsterismo que
se sucederam em volta desses governos, os povos da região deram demonstrações
de não querem mais ver seus países no balaio geral de roubalheira,
irresponsabilidade e primitivismo que marcaram as políticas neoliberais. São
práticas que fizeram seus defensores perderem o odor de santidade com o qual se
apresentavam ao público — como fizeram os próceres da "era FHC" com o
Plano Real.
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