Por Altamiro Borges
Desmentindo os rumores, que inclusive serviram aos agiotas
que especulam no mercado financeiro, a pesquisa Ibope divulgada nesta
quinta-feira confirmou a vantagem da presidenta Dilma Rousseff na disputa
eleitoral deste ano. Pelos números da sondagem, ela seria reeleita já no
primeiro turno. Dilma registrou 43% das intenções de voto, o mesmo percentual
da pesquisa de novembro. Em segundo lugar, surge o senador Aécio Neves, o
cambaleante candidato tucano, com 15%; em terceiro, empacado, figura o
governador Eduardo Campos (PSB), com 7%. Diante deste cenário, velhos e novos
oposicionistas devem radicalizar ainda mais os seus discursos. As denúncias
requentadas sobre a venda da refinaria de Pasadena (EUA) para a Petrobras
servem a este propósito incendiário.
Pela pesquisa Ibope, a oposição não tem alternativas. A
própria troca de candidatos, que alimenta o sonho de alguns políticos verdes,
não parece seduzir os eleitores. O instituto até testou o cenário com Marina
Silva, substituindo Eduardo Campos. Dilma registra com 41% das intenções de
voto, seguida por Aécio, com 14%, e pela ex-senadora, com 12%. Chama atenção a
vertiginosa queda de Marina Silva. Em outubro, ela tinha 21% das intenções de
voto. Pelo jeito, as suas pragmáticas manobras recentes, com o ingresso no PSB
e o discurso matreiro da inovação na política, não convenceram sequer os seus
seguidores. Mesmo na hipótese do segundo turno, Dilma venceria com folga – 47%
a 20% contra Aécio; 47% a 16% contra Eduardo Campos; e 45% a 21% contra a
ex-verde!
Como se sabe, toda pesquisa é uma fotografia do momento.
Daqui até outubro, um longo filme de baixarias e surpresas ainda vai rolar.
Isto explica porque a oposição, abatida pelo resultado do Ibope, voltou a
respirar no mesmo dia com o retorno dos virulentos ataques à Petrobras, que
teria comprado a refinaria de Pasadena, em 2006 – ainda no governo Lula –, por
preços bem acima dos valores de mercado. No desespero, tucanos, demos e
dissidentes se apegam a qualquer esperança e contam sempre com a ajuda da mídia
amiga. Nos jornalões e emissoras de rádio e tevê, uma overdose “informativa” já
tenta colocar a presidenta Dilma Rousseff como o principal alvo das denúncias.
Antes tratada como “gerentona”, ela agora é acusada de incompetente.
O editorial da Folha tucana desta sexta-feira (11) já
decretou que o “escândalo” não se limita aos ex-diretores da estatal. “Era
Dilma Rousseff, na qualidade de ministra-chefe da Casa Civil no governo Lula,
quem presidia o Conselho de Administração da Petrobras em 2006, quando se fez a
estapafúrdia aquisição da refinaria californiana... No mínimo, sai arranhada a
imagem de administradora rigorosa e detalhista que tantas vezes se projetou em
torno da presidente da República”. Na mesma toada, o editorial do Estadão,
intitulado “Omissão ou mentira”, acusa a ex-ministra e atual presidenta de ter
sido conivente com o “danoso negócio” e ter omitido dados sobre a compra para
salvar seu “padrinho Lula”. “Mais uma vez, Dilma só tem a culpar a si própria
por seus dissabores”.
Teleguiada pela mídia privatista e oposicionista – que nunca
escondeu o seu ódio à Petrobras e ao “lulopetismo” –, a fragilizada oposição
tenta respirar. “A presidente contradiz a diretoria anterior da Petrobras e é
preciso que o Brasil saiba a verdade”, esbraveja Aécio Neves, que não fala a
verdade nem diante de um bafômetro. “Muitas explicações precisam ser dadas”,
exigiu o agora agressivo Eduardo Campos. PSDB, DEM, PPS e PSB inclusive já
requerem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar os contratos da Petrobras. Até o ex-procurador-geral da República, o
sinistro Roberto Gurgel, ressuscitou para afirmar que as denúncias são
“extremamente graves” e que Dilma Rousseff deveria ser convocada a depor pelo
Ministério Público Federal.
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