Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Dá para perceber certa tristeza no editor do Estadão que
colocou o título de “Sudeste deixa de responder por mais da metade do consumo
brasileiro” na matéria que mostra que o consumo no Brasil caminha na direção de
um ainda distante equilíbrio regional.
Afinal, se o Sudeste tem 42% da população brasileira, é essa
a percentagem que, na teoria, deveria deter do consumo.
E se no Nordeste estão 28% dos brasileiros, deveria
representar 28% o consumo que se faz lá.
Portanto, os números previstos na pesquisa de consumo feita
pela consultoria IPC Marketing que mostram que São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais e Espírito Santo “responderão por 49,21% de tudo o que será consumido no
País este ano” são, ainda o retrato de uma (menor) injustiça, e que não é com o
Sudeste.
A matéria, aliás, o registra, dizendo que a “menor
participação do Sudeste pode ser explicada pela melhora econômica das demais
regiões brasileiras”, uma vez que também o Norte do país (8,4% da população)
vai, finalmente, chegar a 6% do consumo nacional.
Não quer dizer que ninguém esteja consumindo menos, é obvio,
uma vez que o volume total deve crescer para todos. Mas mais para os mais
pobres.
A pesquisa informa que é o salário-mínimo o grande motor
desta expansão: só as aposentadorias, majoritariamente de um salário, respondem
por 20% da renda na região Nordeste.
O Bolsa Família, mesmo que seja visto com um olhar
preconceituoso de que alimenta uma multidão de preguiçosos, só representa 3%.
“Há dez anos, não existia uma classe média, principalmente
no Nordeste. Quando o governo fez chegar dinheiro no bolso da população de mais
baixa renda, ele fez com que essa parte da população tivesse uma condição
melhor de vida e obviamente de consumo”, diz Marcos Pazzini, diretor da empresa
que fez a pesquisa.
Mas quem fica preocupado com os “haitianos” da Bahia
desembarcarem em São Paulo tem motivo de sobressalto.
É que se acaso viessem aquelas “medidas impopulares” da
dupla AA (Aécio-Armínio Fraga) o crescimento que tem ajudado a diminuir a
imigração vai pro brejo.
Ainda bem que quem vai pro brejo é a dupla.
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