Do blog de Zé Dirceu:
O debate econômico cresce a cada dia e exige respostas. Pelo
menos do PT, se não do governo. A mídia em geral se alinha com a oposição, mas
na prática, ela é a oposição. Oposição e mídia vinham criticando a valorização
do real, mas quando a moeda realmente se desvalorizou passaram a atacar também
e a exigir o aumento do superávit e o corte de gastos públicos.
Depois criticaram o contingenciamento de R$ 40 bi do
Orçamento Geral da União (OGU) neste ano e a colocar em dúvida a capacidade do
governo de cumprir o superávit. Mais grave é a insidiosa e permanente campanha
desses dois sócios (oposição-mídia) de pessimismo e a sua torcida para que tudo
vá mal, estimulando as agências de riscos a rebaixarem o país de seu grau de
investimento, amedrontando o capital externo e alarmando os credores, como se a
dívida pública do país fosse impagável.
Escondem o fato que o crescimento mundial caiu e que, mesmo
se comparado com os países do G8 e do G20, o crescimento brasileiro não foge da
regra de um índice menor que 3%, com exceções entre emergentes como a China.
Mesmo na América Latina, aos poucos, todos os países foram afetados pela crise
mundial. Basta ver a queda do crescimento no México, Peru, Chile, Colômbia,
para não falar da Argentina e da Venezuela.
Diversos indicadores colocam Brasil em excelente posição
Os indicadores sobre a dívida/PIB e sobre as reservas
comparadas com a dívida externa, ou com a importação, colocam o Brasil em uma
excelente posição no mundo. Mesmo com relação ao déficit nominal ou as contas externas,
não há nada de alarmante considerando-se a dívida pública e o déficit nominal
dos países desenvolvidos que superam, em muito, os tetos de 3% e 60%,
respectivamente.
A oposição e a mídia apresentam todas essas questões como
insolúveis e como se não houvesse respostas do governo aos problemas que
herdamos depois de 20 anos sem investimentos em infraestrutura, educação e
desenvolvimento científico. Gritam contra a carga tributária, mas se recusam a
aprovar no Congresso Nacional, por exemplo, a reforma do ICMS e do PIS/COFINS.
Não reconhecem os avanços na infraestrutura, educação e
inovação dos últimos 12 anos, as concessões nas áreas de portos e aeroportos.
Na educação, escondem os avanços do ProUni, FIES, PRONATEC, ENEM, SISU, a
extraordinária expansão do ensino e os investimentos em pesquisas e em
iniciativas como o programa Ciência sem Fronteiras.
Campanhas por aumento de juros alimentam expectativas
inflacionárias
Mas exigiram o aumento dos juros, a volta das sucessivas
elevações da taxa Selic com uma campanha ensurdecedora, criando no país
expectativas inflacionárias. Ainda agora, mesmo com uma inflação de 5,4% ao
ano, continuam a explorar picos sazonais de aumento de preços de alimentos,
como se estivéssemos às portas do descontrole inflacionário.
Insistem na política ortodoxa de aumento de juros e corte de
gastos e evitam os reais problemas da nossa economia: a desindexação da
poupança e da dívida interna, dos preços administrados, do controle de capitais
e a administração do câmbio. Ora, sem uma reforma financeira e a redução dos
juros não há como reduzir gastos públicos, já que o serviço da dívida interna
absorve 6% do PIB ao ano das receitas da União, Estados, Municípios e das
estatais.
O fato é que retomam, com tudo, a agenda neoliberal. O que
querem, de fato, são políticas de redução de salários reais e desemprego e uma
nova rodada de privatizações e de abertura comercial. Tudo aquilo que já deu
errado nos 8 anos de neoliberalismo de governos tucanos de FHC (1995-2002).
Questão política exige mobilização das forças que nos apoiam
A questão é política, insistimos, como sempre apontou aqui o
ex-ministro José Dirceu quando escrevia este seu blog. Estamos certos de que
ele mantém essa visão. A questão é política e exige a mobilização das forças
políticas, econômicas e sociais que nos apoiam.
Exige assim, e de forma urgente – já! -, uma repactuação do
programa que elegeu os presidentes Lula (em 2002 e 2006) e Dilma Rousseff
(2010). Uma repactuação da aliança política e social que o PT liderou, já que
nossos adversários, sobre a liderança e hegemonia do capital financeiro
rentista, já escolheram, já decidiram quem são seus candidatos e plataformas. E
eles se movimentam, estão aí em campanha.
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