Miguel do Rosário
Para você ver como funciona nossa imprensa. A Folha de hoje
dá quase uma página inteira para nos informar que “Três condenados do mensalão
passarão 5 dias fora da cadeia”. Trata-se do direito, concedido a milhares de
presos em todo país, para passar alguns dias com suas famílias no feriado de
Páscoa.
Realmente, é uma informação essencial para os brasileiros…
Enquanto isso, ficamos sabendo que Claudio Mourão,
tesoureiro da campanha de Eduardo Azerado na campanha de 1998, completa hoje 70
anos, e, com isso, fica livre de qualquer punição no caso do “mensalão tucano”,
porque ainda não foi sequer julgado.
Só que isso não merece nem notinha na imprensa. Quer dizer,
talvez saia alguma coisa no domingo. Mas certamente não motivará nenhuma
“campanha midiática”. Nem os patrocinadores de grupos anticorrupção na internet
parecem interessados em organizar protestos contra a impunidade dos
“mensaleiros” tucanos. Aliás, o termo “mensaleiro” jamais é usado para designar
os tucanos envolvidos no esquema de Marcos Valério.
Também já foi esquecido que o único mensalão comprovado, com
admissão de culpa, motivo e arma do crime, foi aquele pago para se aprovar a
emenda da reeleição. Mas isso todo mundo esqueceu, né. A imprensa jamais fará
um “caderno especial” sobre o mensalão de FHC. Ainda mais agora, que o
ex-presidente virou garoto-propaganda de Aécio Neves.
Eduardo Azeredo renunciou e seu caso será julgado em
tribunal inferior, conferindo-lhe direito a uma dupla jurisdição. O caso
motivou minúsculos editoriais de protesto, fingidos.
A continuarmos nesse ritmo, daqui a pouco será aprovada uma
nova emenda na Constituição segundo a qual nenhum político filiado aos partidos
conveniados à mídia pode ser investigado. Se for investigado, não poderá ser
condenado. Se for condenado, não poderá ser preso. Se for preso, bem, aí o
Congresso terá que fazer uma nova lei abolindo o regime carcerário brasileiro.
0 comentários :
Postar um comentário