Por Renan Truffi, na revista CartaCapital:
Quase um mês depois da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
entrar com uma representação contra a apresentadora Rachel Sheherazade, do SBT,
o Ministério Público Federal de São Paulo começou a analisar as denúncias de
incitação à violência que teriam sido cometidos pela âncora. Rachel causou
polêmica ao defender, no jornal SBT Brasil, que a “ação de justiceiros” que
agrediram e amarraram um garoto acusado de roubo ao poste, no Rio de Janeiro,
era uma “legítima defesa coletiva”.
O caso foi levado ao procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, que afirmou ver a situação com “muita preocupação”. Na opinião dele, em
entrevista concedida ao site Congresso em Foco, incitação à violência é crime
e, por isso, não se enquadra em liberdade de imprensa. Por conta disso, Janot
encaminhou a representação ao Ministério Público de São Paulo, que separou
nesta quinta-feira 3 a denúncia em duas partes. Isso porque, além do suposto
crime de incitação à violência, a deputada pede no documento a suspensão do
envio de verbas publicitárias do governo federal à emissora de Silvio Santos.
Dados recentes mostram que o SBT embolsou 153,5 milhões de reais para veicular
propagandas do governo em 2012.
A denúncia começou a ser analisada pela procuradora Ryanna
Veras, que passou os protestos em relação aos gastos com publicidade para a
divisão cível do MPF-SP. Ela optou, no entanto, por não apurar no órgão os
crimes que teriam sido cometidos por Rachel Sheherazade, já que seriam
responsabilidade do Ministério Público Estadual. Por isso, a representação
criminal deve ser repassada ao MPE nos próximos dias, quando isto também será
analisado.
Além da representação da deputada do PCdoB, a procuradora
Ryanna reuniu e repassou outras quatro representações que já tinham sido feitas
sobre o mesmo assunto no órgão. Entre outras coisas, os documentos acusam a
âncora de “desafiar o código de ética dos jornalistas e incitar a intolerância,
a violência e o crime contra minorias sociais em seu programa”.
Na época, diante do que classificou como desmoralização da
polícia e da omissão do Estado, Sheherazade disse na TV que era “compreensível”
que o “cidadão de bem” reagisse. Ela chamou o adolescente de marginal e pediu,
em tom de deboche, aos grupos em defesa de direitos humanos que estavam com
"pena" do garoto para adotarem o “bandido”.
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