Diário Liberdade - Galiza
A redução de uma perspectiva de desenvolvimento com justiça
social, no cálculo financeiro de custo/benefício que domina o sistema
capitalista (e o pensamento dos que hoje detêm o poder na União Europeia e na
potência imperialista) empobrece a inteligência e a capacidade criativa dos
seres humanos.
É a volta ao fantasma do poder medieval onde os
agiotas, donos das moedas, conduziam monarquias a fazerem
guerras expansionistas e deixarem que as doenças e a fome dizimassem as
populações escravizadas.
A imposição do modelo imperial na América Latina levou o
Continente ao atraso, à fome endémica da maior parte da sua população, à queda
da produção, ao desemprego, ao pagamento de uma dívida externa crescente que
sugava todas as fontes de riqueza existentes. A década de 1980 foi considerada
"perdida" para os povos latino-americanos e de grandes lucros para as
sangue-sugas multinacionais, o sistema financeiro e o FMI com toda a corja
parceira.
O aprofundamento da crise estrutural e sistémica do
capitalismo está no centro dos principais problemas e conflitos internacionais,
mas o seu preço foi cobrado às populações trabalhadoras, aos idosos e as
crianças atirados à miséria em todas as nações do Terceiro Mundo.
As classes dominantes reacionárias e suas instituições económicas
e financeiras transnacionais buscaram "soluções" nas velhas medidas
que sempre resultaram em retumbante fracasso: diminuição do Estado, contenção
salarial e redução do valor das pensões de aposentadoria, desregulamentação
financeira, precarização dos serviços públicos com a semi falência do Serviço
Nacional de Saúde e do Ensino Público obrigatório, desmantelamento das
conquistas dos trabalhadores, circulação livre de capitais, privatização do
património público, socialização das perdas das corporações.
Isto ocorreu na América Latina até que os povos decidiram
substituir os governantes subservientes ao modelo imposto, por lideranças
comprometidas com as forças sociais que lutavam contra o domínio oligárquico e
pelo desenvolvimento com independência nacional.
Hoje, a miserabilização dos países mais pobres é o que está
ocorrendo na Europa, destroçando as economias e o Estado na Grécia, Portugal,
Irlanda, Espanha, Itália, amarrados a uma falsa "união comunitária"
continental onde a moeda única permitiu que um Banco Central decidisse dos
destinos das suas economias empenhadas nos créditos financeiros que beneficiam
diretamente o Banco Europeu que fez uma operação triangular de agiotagem
elevando os juros pagos pelas populações asfixiadas."É neste quadro de crise
que se desencadeia uma brutal ofensiva dos potentados internacionais e das
classes dominantes retrógradas contra as liberdades e os direitos fundamentais,
a soberania e a autodeterminação dos povos e nações.
A ação imperialista resultante da evolução do sistema
capitalista que só se mantêm em bases predatórias tanto das riquezas naturais
do Planeta como da força de trabalho da humanidade, visa exclusivamente o poder
para obter os maiores lucros alem dos saques perpetrados com as invasões
periódicas contra os povos que lutam pela independência. Isto explica a
autofágica ação contra as nações historicamente independentes da Europa.
Os modelos do capitalismo e a destruição das nações
A criação de "modelos" - visuais e mentais -
definidos pelos critérios impostos pela elite dominante, pretende uniformizar a
população tornando-a mais facilmente controlável. É a "formatação"
imprescindível para manter uma organização do poder, autoritária e inflexível. A
lógica do sistema capitalista, especialmente na sua fase de imposição do
mercado a nível global, é intrínseca à acumulação centralizada do capital nas
mãos de uma elite que exerce um poder discriminatório sobre os povos. Esta
dinâmica foi despoletada na expansão colonialista com a descoberta do Terceiro
Mundo, dando início à destruição progressiva de civilizações indígenas e
seguiu, mesmo nos países colonizadores onde as antigas culturas ficaram marcadas
pela pobreza e o atraso por falta de acesso à comunicação e desenvolvimento do
conhecimento intelectual fechado nos cofres dos "escolhidos" pelo
poder.
A estrutura administrativa deste tipo de poder define a
sociedade como uma estratificação de acordo com a qualificação econômica dos que
tiveram oportunidade de formação profissional e adquiriram conhecimento moderno
e comportamento social consideradas "superiores". Os privilegiados
atingem graus de chefia com autonomia para classificarem os seus subalternos
enquadrados de acordo com os seus próprios critérios eivados de preconceitos e
má fé. As instituições que dinamizam o Estado, formadas de cima para baixo
reproduzem o "modelo" do poder central e garantem a sua permanência
executando as "ordens" emitidas pelos seus superiores mesmo que
contrárias aos conceitos específicos da matéria pela qual é responsável
profissionalmente. Aqueles que se rebelarem apresentando argumentos alternativos
às decisões superiores serão afastados da escala de poder administrativo ou
mesmo demitidos.
O medo é o móbil do comportamento funcional para alcançar e
conservar o emprego com os benefícios oferecidos pelas instituições do Estado e
empresas. Em função do medo proliferam as formas de oportunismo que anulam os
conceitos éticos básicos no comportamento humanista e independente que
caracterizam a formação de personalidades criativas e solidárias com o desenvolvimento
coletivo da sociedade, contrária às ambições individualistas e mesquinhas
dependentes das estreitas metas
oferecidas pelo poder de uma elite.
O sistema capitalista, hoje predominante em todo o planeta,
nasceu pela via financeira que passou a servir as famílias da nobreza que
dominavam nações, feudos e condados herdeiros da situação medieval. Financiaram
confrontos, guerras de expansão territorial, intrigas palacianas, crimes que
eliminam opositores, enquanto consolidavam as primeiras instituições que
constituíam o eixo dos futuros Estados republicanos. As famílias reais passaram
a coadjuvantes daqueles que haviam sido os seus antigos assessores e
investidores.
Foram abandonados os punhos de renda e a roupagem pouco
prática para os novos políticos e executivos que assumiram os trabalhos que o
poder capitalista exige aos executivos do sistema. Conservaram a gravata
distinguindo-se dos trabalhadores mais rudes, de uma classe que apenas recebe
para sobreviver. Entre as duas classes com condições de vida e interesses
opostos, permaneceu uma classe média que tem capacidade de adquirir formação
profissional e de consumir mantendo a dinâmica do mercado e recebendo benefícios
do Estado como cidadãos. A perspectiva de futuro a faz adotar os modelos da classe
dominante mesmo que construídos com matéria prima e Europa colonizada.
Curiosamente, enquanto os povos do Terceiro Mundo que lutam
para implantar uma verdadeira democracia e aos poucos vão cortando as amarras
lançadas pelo sistema colonialista que desde o século XVI afogou as suas
características culturais e destruiu os seus recursos de desenvolvimento
nacional, a moderna exploração imperialista voltou-se para antigas nações
europeias colonizadoras. A criação da Troika pela União Européia e o FMI exerce
hoje um poder que anula a existência de Governos nacionais e traça os programas
de Estados, que eram independentes há dezenas de séculos, como se fossem suas
colônias. Isto já ocorre em Portugal, Espanha e Grécia, avança na Irlanda e
Itália, e invade com maior ou menor visibilidade em todos os demais países do
Velho Continente enquanto dilacera as nações do Oriente Médio. O valor cultural
e humano das nações europeias hoje sofre o mesmo aniquilamento que as
civilizações na África, nas Américas, no Oriente Médio e na Ásia imposto pela
invasão colonial. Para além de ser um crime hediondo contra a humanidade é o
retorno da barbárie fascista.As grandes empresas farmaceuticas multinacionais
substituiram o uso de cobaias nos laboratórios dos países ricos pelos testes
feitos com pessoas que vivem na miséria a quem pagam uns tostões e, no melhor
dos casos, dão uma "compensação" financeira à família quando a
"cobaia humana" morre em consequência dos testes. Isto foi denunciado
em filme (TVI,pt - programa Observatório) com entrevistas na Índia onde cresce a
estatística de mortes por responsabilidade de laboratórios norte-americanos,
franceses, suiços e alemães. O colonialismo britânico, ao dominar aquela
civilização milenar, abriu as portas à desagregação nacional e foi expulso em
1947 pelo movimento conduzido por Ghandi, deixando o território minado para a
infiltração imperialista da qual participa. Este é um dos muitos exemplos que
explicam as chacinas e os projetos "errados" aplicados pelo Banco
Mundial que levou povos inteiros à fome na África.
Hoje os "projetos de desenvolvimento econômicos e
organização de supostos Estados Sociais" são aplicados impunemente pelo
FMI e a Troika nos paises mais pobres da Europa (como anteriormente em todo o
Terceiro Mundo) e têm o desplante de reconhecerem que não deu certo, por falhas
técnicas dos governos subalternos de cada nação, e inventam outro programa. O
mundo todo está servindo de "cobaia" para os cérebros doentios de uma
elite que só visa lucros financeiros
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