Por Maria Júlia Reis Nogueira e Vagner Freitas
A banana que um torcedor atirou no jogador brasileiro Daniel
Alves, do Barcelona, foi apenas mais um dos atos de racismo contra jogadores
negros. A reação do jogador, que descascou e comeu a banana, no entanto,
repercutiu em todo o mundo e se tornou uma das notícias mais comentadas nas
redes sociais.
Com seu gesto, Daniel Alves contribuiu decisivamente para
trazer a tona um problema social e estrutural que buscamos combater todos os
dias que é o preconceito racial entranhado no futebol e em muitas outras instâncias
das sociedades.
No futebol isso fica mais claro por causa de gestos como o
do espanhol, mas a rotina dos/as trabalhadores/as negros/as que não estão sob
os holofotes da mídia, é muito mais perversa e pouco comentada em redes sociais
ou matérias de jornais.
No mercado de trabalho, mesmo ocupando 48,2% dos postos, a
média salarial dos negros é 36,1% menor que a registrada entre não negros.
Ainda que tenham nível de estudo similar ao dos brancos, os negros perdem na
batalha por melhores salários. Um trabalhador negro com nível superior completo
recebe na indústria da transformação, em média, R$ 17,39 por hora, enquanto um
não negro chega a receber R$ 29,03 por hora, segundo o DIEESE.
Os negros também são as maiores vítimas de assassinatos no
Brasil (70%). A cada três assassinatos registrados no país, dois vitimam
negros, segundo o IPEA.
A escravidão foi substituída por relações de subordinação
social por causa do racismo. A falta de emprego e de reconhecimento social fez
com que os negros ficassem às margens da sociedade.
A mensagem que a CUT quer deixar neste 1º de Maio é que
preconceito e racismo se combatem com políticas de inclusão, leis punitivas
realmente duras e de fácil aplicação e com muita educação. Não podemos tolerar
o racismo e a melhor forma de combater o preconceito é acabar com todas as suas
manifestações em nossa sociedade.
* Maria Júlia Reis Nogueira é secretária nacional de Combate
ao Racismo; Vagner Freitas é presidente nacional da CUT.
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