Ex-presidente pede à militância para "enfrentar o
debate sobre tudo, inclusive a corrupção"; ele procura acordar o partido
para a campanha eleitoral e, ainda, animar uma renovação interna; "Ao
invés de negar a política, faça política. É o Lula que não presta? Tira o Lula,
tente você", incentivou; ao hastear uma bandeira objetiva, cravou que a
regulação da mídia é "imperiosa"; essas frases dirigidas aos
blogueiros, na sexta-feira 16, não renderam destaque em primeira página no pool
da cobertura da mídia tradicional, que preferiu ficar na "babaquice"
de se chegar de metrô num estádio de futebol; isso foi o menos importante que
Lula disse; o que vale são as brigas que ele está comprando
17 de Maio de 2014 às 21:19
Marco Damiani _ 247 – Encoberto pelo destaque à
"babaquice", o discurso feito pelo ex-presidente Lula aos blogueiros,
na sexta-feira 16, foi nada menos que a mais completa mensagem do chefe
político à sua militância nesta campanha eleitoral. Ele se postou como
candidato a renovador do próprio partido que fundou, preocupado com a crescente
despolitização da sociedade e a baixa movimentação da militância do PT. Sabe
que pode ser a primeira vítima desse novo momento:
- Ao invés de negar a política, faça política. É o Lula que
não presta? Tira o Lula, tente você, pediu ele próprio. "Mas não negue a
política. Não existe exemplo de país que melhorou sem ela".
Às portas da Copa do Mundo e no meio de uma campanha
eleitoral marcada por duras críticas ao governo e ao PT, Lula sabe que o
cenário não está completo. Ele teme que manifestações violentas deem margem
para o recrudescimento do que chamou de desmoralização das instituições.
- Antes, a gente acordava cinco da manhã para ir para a
porta de fábrica e ninguém falava nada. Agora, toda manifestação tem cobertura
de imprensa, sai em todo lugar, comparou, indicando temer um possível incentivo
ao descontrole.
A opinião de Lula de que seria uma "babaquice"
chegar a um estádio de futebol de metrô foi dada para arrancar gargalhadas da
plateia. Naquele contexto, o ex-presidente defendia o governo das acusações de
falta de legado significativa do Copa do Mundo em relação ao transporte
público. A parte verdadeiramente forte foi a admissão, por Lula, dos estragos
que podem ser feitos ao projeto de poder do PT pela falta de aguerrimento do
partido em superar suas dificuldades.
- Devemos enfrentar todo o debate, inclusive o da corrupção.
Ninguém fez mais pela transparência do governo do que nós fizemos a partir do
meu governo, frisou Lula.
Em meio a uma escalada de críticas à mídia tradicional e
familiar, Lula detalhou, no que chamou de "conversa" com os
blogueiros, exatamente o que pensa sobre a regulação da mídia. Ele citou, como
nunca fizera antes, legislações específicas de diferentes sobre a mídia:
- E não citei a Venezuela para não dizerem que eu sou
esquerdista, disse Lula, após ter lembrado da lei de meios aprovada na
Argentina, "que derrotou um monopólio (o grupo El Clarín), das restrições
ao gigantismo das empresas de comunicação existentes nos Estados Unidos e das
batalhas do governo inglês contra os tablóides sensacionalistas e, "onde o
Murdoch perdeu".
- A regulação dos meios de comunicação é imperiosa, cravou
Lula.
É de se compreender, assim, porque nos meios tradicionais de
comunicação mais valeu angular que, para Lula, em última análise o metrô é uma
"babaquice". O ex-presidente tocou em pontos que incomodam a muitos
ouvidos poderosos:
- A virulência e a falta e respeito com que estão tratando o
nosso governo só tem uma explicação, sublinhou Lula para seu público.
- E qual é a preocupação deles? Eu fico pensando será que
eles estão pensando 'puta, se essa Dilma ganha agora depois esse Lula volta? Ai
é demais!' ".
Na conversa com os blogueiros, Lula de fato deu frases
suficientes para muitas manchetes.
0 comentários :
Postar um comentário