Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
“Alguém tem que matar esse cara!!! Tá na hora de invadir a
casa desses políticos e matar todo mundo!!! Eu vou ficar e organizar tudo pela
net. Preciso de voluntários para fazer o serviço sujo.”
Este é um comentário que um leitor do G1, da Globo, postou
numa reportagem que contava que Genoino decidira recorrer ao plenário do STF
contra a decisão de Joaquim Barbosa de devolvê-lo à Papuda.
É um comentário clássico do G1. Há outros parecidos. Ele não
é uma aberração no universo do portal da Globo, mas a regra, a norma, o padrão.
“Morre logo, Genoino!”, brada outro comentarista. Um outro diz que o vaso
sanitário deveria ter caído na cabeça de Genoino.
Isso tudo oferece material para uma fascinante reflexão.
Primeiro, e antes de tudo, alguém lê os comentários dos
leitores no G1? Os acionistas? Os anunciantes? Os editores? O autor do texto? O
porteiro?
Alguém, enfim?
Sabe-se que, na internet, os comentários fazem parte da
discussão, tanto quanto o texto que lhes dá origem.
No DCM, acompanhamos um a um. Em nosso manual de regras,
está estipulado que rejeitamos coisas como insultos e incitações à violência. O
motivo é simples: isso estraga o debate.
Bom site é aquele que tem boas discussões. É notável que
isso seja ignorado pelo G1, a maior apista da Globo para sobreviver na Era
Digital que vai matando suas mídias.
Isto é G1
Você pode classificar os autores de comentários como o que
abre este artigo como os filhos de Reinaldo Azevedo e Rachel Sheherazade. São
intolerantes, raivosos, agressivos, racistas, ignorantes, desinformados,
maldosos, desumanos, preconceituosos — e perfeitos para serem manipulados. É o
tipo de gente que, na Idade Média, acendia os troncos de árvores para queimar
pessoas e, na Alemanha de Hitler, vibrava com a violência contra as “raças impuras”.
São - repito - os filhos de Azevedo e Sheherazade.
Você percorre os comentários e logo descobre quem eles
idolatram, além de seus pais espirituais. Joaquim Barbosa é intensamente
admirado, por exemplo. O “menino pobre que mudou” o Brasil acabou conquistando
a escória da sociedade brasileira, sua parcela mais repugnante. Trabalhou para
isso, é preciso notar. Ninguém conquista o coração – se existe coração no caso
– daquele grupo sem se esforçar por isso.
Outro ídolo daquele grupo é Bolsonaro, o exemplo maior de
político para eles. Eduardo Campos e Marina são dois perigosos comunistas.
Menos que Lula e Dilma, é verdade, mas não muito.
Um jornalismo decente se esforça por elevar seu público. Os
filhos de Reinaldo Azevedo e Rachel Sheherazade foram rebaixados à degradação
humana por articulistas e publicações interessados em mantê-los na mais
completa escuridão mental, porque assim é fácil manobrá-los e perpetuar um
Brasil campeão da desigualdade social.
No caso específico de Azevedo, faz tempo que seu blog parece
um asilo de lunáticos fanatizados. Considere este comentário tão comum entre os
leitores do blog de Azevedo: “Genuino guerreiro do povo brasileiro. Mostra que
tu e homem … Pera ai ge ge, tu vai ficar na mesma cela com Zé…? Hum isso não
vai prestar.”
Aqui, uma distinção: Azevedo sabidamente lê todos os
comentários e, metodicamente, deleta os que não o saúdam porque são obra de
“petralhas” - palavra que ele se orgulha de ter criado como se houvesse escrito
Guerra e Paz. Isto significa que ele chancela o leitor que afirma que “não vai
prestar” Genoino e Dirceu na mesma cela.
Sinal dos descaminhos da mídia, com esse tipo de conteúdo
imbecilizante Azevedo vai conquistando cada vez mais espaço: fora a Veja, está
presente também na Folha e na Jovem Pan. Quanto tempo até ter um programa de
entrevistas na Globonews?
Uma das ironias, em tudo isso, é que o dinheiro público -
via Secom - foi (e é) largamente empregado para patrocinar colunistas e
publicações que vão dar no leitor do G1 que deseja invadir a casa de políticos
como Genoino e matar todo mundo.
Este leitor fez sucesso entre seus pares. O G1 tem uma
ferramenta pela qual você pode aplaudir ou vaiar comentários. Nenhuma pessoa o
tinha vaiado no momento em que escrevo. Vinte tinham aplaudido.
Alguém lê os comentários, portanto, para voltar à pergunta
que fiz lá para trás. Mas não são os acionistas, e nem os editores, e nem os
anunciantes. São os leitores do G1.
Um site é o reflexo de seus leitores e de seus
comentaristas.
O G1 é uma prova disso.
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