Eleição fluminense tem característica única em relação ao
resto do País; do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao deputado Anthony
Garotinho (PR), passando pelos senadores Marcelo Crivela (PRB) e Lindbergh Farias (PT), todos querem estar
de bem com a presidente Dilma Rousseff; volume de verbas despejadas pelo
governo federal para obras no Estado leva pré-candidatos a valorizarem o peso
dela como eleitora; presidenciável Aécio Neves (PSDB) ainda não tem candidato
próprio e adversário Eduardo Campos (PSB) aposta em Miro Teixeira (Pros) para
não fazer feio; desvantagem no terceiro maior eleitorado do País
17 de Maio de 2014 às 18:05
247 – Quando se dirigem um ao outro, os quatro principais pré-candidatos
a governador do Rio de Janeiro não têm papas na língua. Com a mesma ferocidade,
atacam-se entre si enfileirando críticas à administração estadual e a uns e a
outros. Do Palácio Guanabara, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB),
pré-candidato à reeleição, devolve os ataques com petardos nas experiências
administrativas do ex-governador e atual deputado Anthony Garotinho (PR) e do
senador e ex-prefeito Lindbergh Farias (PT)– e na falta de experiência do
senador Marcelo Crivela (PRB). Mas eles têm muito em comum. Ninguém menos que a
presidente Dilma Rousseff.
Com ênfases muito semelhantes, Pezão, Garotinho, Crivela e
Lindbergh estão apoiando a reeleição de Dilma e nem querer saber de brigas com
ela durante a campanha. Há uma espécie de consenso entre eles, segundo o qual o
volume de verbas despejado pela administração Dilma no Rio de Janeiro mudou,
para melhor, a face do Estado. E nenhum deles está disposto a trombar com a
muralha de prestígio que a presidente amealhou ali.
A situação chega a ser paradoxal. Em tese, mas nada mais
distante da prática, deveria ser o PT o principal carro-chefe da presidente no
Rio. Mas não é. Considerando o senador Lindbergh Farias lulista demais para o
seu gosto, Dilma sempre jogou todas as suas fichas no prestígio à administração
do até poucas semanas atrás governador Sergio Cabral. Mais que isso, a
presidente sempre demonstrou, em público, carinho especial com o atual
governador Pezão, a quem a tocada das obras federais. Ela já o recebeu no
Palácio do Planalto mais de uma vez, enquanto não deu uma palavra sequer de
incentivo ao lançamento da pré-candidatura do senador Lindbergh. Ainda assim, o
petista não pode deixar de apoiar Dilma – e o peemedebista, pelas razões
anteriores, é o maior cabo eleitoral da presidente.
Entre Garotinho e Crivela, a situação no que toca ao apoio à
presidente é semelhante para ambos. Sem identificação nem com o presidenciável
Aécio Neves nem com seu adversário Eduardo Campos, eles se movimentaram em
Brasília para manter seus partidos na base aliada da presidente. Garotinho
chegou até mesmo a se contrapor ao que parecia ser uma rebelião do PR. Mais
discreto, e rivalizando com o ex-governador na liderança das pesquisas de
opinião, Crivela nunca entrou em polêmica com Dilma. Ele também pedirá votos
para ela.
Enquanto a situação da presidente é confortável no terceiro
maior eleitorado do País, Aécio e Campos não podem dizer o mesmo. Quando o
técnico Bernardinho, da seleção brasileira de vôlei, desistiu da candidatura
proposta a ele por Aécio, o PSDB, que nunca foi expressivo no Rio, ficou sem
nome próprio ao governo do Estado. E ainda está nessa situação. O ex-governador
de Minas tem apenas uma parcela do PMDB ao seu lado, a comandada pelo
presidente regional da legenda, Jorge Picciani. Contra a força da máquina
administrativa comandada por Pezão, talvez ele não possa fazer muito.
Campos, sob inspiração de sua vice Marina Silva, está
tentando construir uma aliança que, ao menos, o insira no eleitorado
fluminense. A aposta é na volta a uma eleição majoritária do deputado Miro
Teixeira, hoje no Pros. Veterano da política do Rio, Miro foi candidato a
governador em 1982. Mesmo bastante conhecido do eleitorado, ele não tem
destaque, neste momento, nas pesquisas de opinião.
Além de Pezão, Dilma tem, ainda, o apoio irrestrito do
prefeito Eduardo Paes. O peso das máquinas que eles pilotam torna a eleição no
Rio de Janeiro uma das mais difíceis para a oposição carregar.
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