domingo, 18 de maio de 2014

Todos contra todos no Rio, mas todos com Dilma

Eleição fluminense tem característica única em relação ao resto do País; do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao deputado Anthony Garotinho (PR), passando pelos senadores Marcelo Crivela (PRB)  e Lindbergh Farias (PT), todos querem estar de bem com a presidente Dilma Rousseff; volume de verbas despejadas pelo governo federal para obras no Estado leva pré-candidatos a valorizarem o peso dela como eleitora; presidenciável Aécio Neves (PSDB) ainda não tem candidato próprio e adversário Eduardo Campos (PSB) aposta em Miro Teixeira (Pros) para não fazer feio; desvantagem no terceiro maior eleitorado do País


17 de Maio de 2014 às 18:05

247 – Quando se dirigem um ao outro, os quatro principais pré-candidatos a governador do Rio de Janeiro não têm papas na língua. Com a mesma ferocidade, atacam-se entre si enfileirando críticas à administração estadual e a uns e a outros. Do Palácio Guanabara, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), pré-candidato à reeleição, devolve os ataques com petardos nas experiências administrativas do ex-governador e atual deputado Anthony Garotinho (PR) e do senador e ex-prefeito Lindbergh Farias (PT)– e na falta de experiência do senador Marcelo Crivela (PRB). Mas eles têm muito em comum. Ninguém menos que a presidente Dilma Rousseff.

Com ênfases muito semelhantes, Pezão, Garotinho, Crivela e Lindbergh estão apoiando a reeleição de Dilma e nem querer saber de brigas com ela durante a campanha. Há uma espécie de consenso entre eles, segundo o qual o volume de verbas despejado pela administração Dilma no Rio de Janeiro mudou, para melhor, a face do Estado. E nenhum deles está disposto a trombar com a muralha de prestígio que a presidente amealhou ali.

A situação chega a ser paradoxal. Em tese, mas nada mais distante da prática, deveria ser o PT o principal carro-chefe da presidente no Rio. Mas não é. Considerando o senador Lindbergh Farias lulista demais para o seu gosto, Dilma sempre jogou todas as suas fichas no prestígio à administração do até poucas semanas atrás governador Sergio Cabral. Mais que isso, a presidente sempre demonstrou, em público, carinho especial com o atual governador Pezão, a quem a tocada das obras federais. Ela já o recebeu no Palácio do Planalto mais de uma vez, enquanto não deu uma palavra sequer de incentivo ao lançamento da pré-candidatura do senador Lindbergh. Ainda assim, o petista não pode deixar de apoiar Dilma – e o peemedebista, pelas razões anteriores, é o maior cabo eleitoral da presidente.

Entre Garotinho e Crivela, a situação no que toca ao apoio à presidente é semelhante para ambos. Sem identificação nem com o presidenciável Aécio Neves nem com seu adversário Eduardo Campos, eles se movimentaram em Brasília para manter seus partidos na base aliada da presidente. Garotinho chegou até mesmo a se contrapor ao que parecia ser uma rebelião do PR. Mais discreto, e rivalizando com o ex-governador na liderança das pesquisas de opinião, Crivela nunca entrou em polêmica com Dilma. Ele também pedirá votos para ela.

Enquanto a situação da presidente é confortável no terceiro maior eleitorado do País, Aécio e Campos não podem dizer o mesmo. Quando o técnico Bernardinho, da seleção brasileira de vôlei, desistiu da candidatura proposta a ele por Aécio, o PSDB, que nunca foi expressivo no Rio, ficou sem nome próprio ao governo do Estado. E ainda está nessa situação. O ex-governador de Minas tem apenas uma parcela do PMDB ao seu lado, a comandada pelo presidente regional da legenda, Jorge Picciani. Contra a força da máquina administrativa comandada por Pezão, talvez ele não possa fazer muito.

Campos, sob inspiração de sua vice Marina Silva, está tentando construir uma aliança que, ao menos, o insira no eleitorado fluminense. A aposta é na volta a uma eleição majoritária do deputado Miro Teixeira, hoje no Pros. Veterano da política do Rio, Miro foi candidato a governador em 1982. Mesmo bastante conhecido do eleitorado, ele não tem destaque, neste momento, nas pesquisas de opinião.


Além de Pezão, Dilma tem, ainda, o apoio irrestrito do prefeito Eduardo Paes. O peso das máquinas que eles pilotam torna a eleição no Rio de Janeiro uma das mais difíceis para a oposição carregar.

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