Deu na versão online do Correio Brasiliense: “Metrô aceitou
readmissão de demitidos, mas governo vetou”.
É sintomático, na grande mídia, como o nome do governo some
das manchetes quando esse governo é do PSDB e faz besteira ou safadeza. E o que
faz o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao endurecer com os grevistas
metroviários justamente quando há possibilidade de interromper o confronto, é
as duas coisas – entre várias outras qualificações possíveis.
Diz a linha fina da reportagem do jornal supracitado que “A
principal reivindicação dos trabalhadores, a readmissão de 42 metroviários
demitidos, chegou a ser parcialmente aceita pelo Metrô, mas foi recusada pelo
Palácio dos Bandeirantes”.
Por que Alckmin fez isso? Ora, porque essa greve não
representa perigo à imagem do governo tucano, apesar de, em grande medida,
decorrer de sua intransigência e das cada vez mais conhecidas más condições de
trabalho dos funcionários do Metrô.
Muito pelo contrário. Alckmin, com a última pesquisa
Datafolha – que o mostra com grande aprovação em SP, apesar de tudo –, acaba de
receber dos paulistanos uma licença para deixar ocorrer corrupção em sua
administração, para não investir nos transportes, para não investir até em
distribuição de água.
E até para pagar mal a professores, pois os de São Paulo
fazem greve contra o salário maior que Haddad lhes paga e não fazem greve
contra o salário menor que paga Alckmin.
Mas por que diabos, então, os paulistanos iriam fazer mau
juízo de seu angelical governador só por causa de uma greve que os está
massacrando?
Vida de gado, povo feliz.
Enfim, se durante a abertura da Copa, por falta de
transporte, ocorrer uma hecatombe, ainda melhor. Imune às responsabilidades do
cargo, Alckmin seria poupado pelos paulistas. Não duvido de que ainda lucraria
política e eleitoralmente. Até porque, diria que tudo teria sido “sabotagem do
PT”, a explicação recorrente do PSDB para tudo que dá errado em seus governos.
Por incrível que pareça, em São Paulo – e, se procurarem
bem, na internet e na própria mídia tucana – a conta de todo esse sofrimento da
população recai sobre os grevistas e, de quebra – por óbvio –, nela, no alvo
exclusivo de grande parte dos paulistanos: em Dilma.
Assim, se na quinta-feira, por conta de Alckmin querer
“esmagar” o movimento paredista dos metroviários, não tiver metrô e a abertura
da Copa for um fracasso, muito melhor. Ninguém lembrará que, com um pouco de
bom senso do governador, tudo poderia ter sido superado.
Que reintegrasse os demitidos. Alckmin poderia abrir um
canal de comunicação com os metroviários a fim de achar um meio de estabelecer
um acordo, sem revanchismos. Mas ele quer esmagar o movimento. Se a população
está no caminho, que se dane.
Claro que eventuais excessos têm que ser apurados e os
culpados, responsabilizados. Mas não dessa forma, ao estilo atirar primeiro e
perguntar depois. Poderia ser aberta uma sindicância, com amplo direito de
defesa para os acusados e com representantes dos metroviários acompanhando o
processo.
Que ninguém espere para quinta-feira, portanto, maior
esforço do governador do Estado de São Paulo para colaborar com o sucesso do
evento. Ele quer é ver o circo pegar fogo.
Por fim, a intransigência e a truculência de Alckmin devem
ser muito bem anotadas pelos que acham que PT e PSDB são “iguais”. Que se
lembrem do que é um governo tucano. Um governo Aécio Neves, por exemplo, não
mandaria um “Gilberto Carvalho” tucano negociar com o movimento Não Vai Ter
Copa; mandaria baixar o cacete e fim de papo.
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