Muitos não entenderam quando, na última terça-feira (16),
este Blog publicou post intitulado Ibope: ótimo para Dilma, bom para Aécio e
péssimo para Marina. Isso ocorreu porque poucos entendem que pesquisa não se lê
literalmente, mas pelas tendências ao longo do tempo.
O fato, porém, é um só: o Datafolha “amarelou” e publicou
uma pesquisa basicamente igual à do Ibope – de 3 dias antes –, mas sem
“mexidas” nas famigeradas “margens de erro” que há meses vêm turvando as
pesquisas sobre a eleição presidencial.
E o Datafolha “amarelou” por várias razões. A principal
delas é a de que estamos a duas semanas da eleição em primeiro turno e quanto
mais próximo o pleito vai ficando, mais arriscado fica manipular os dados que
uma pesquisa apura.
Há, também, um fato que este blogueiro lembrou ontem pelo
Twitter.
Para acessar o link de reportagem do IG de 2010, clique na
imagem acima
Enfim, apesar de os trackings e as pesquisas dos partidos
não acusarem a reação de Aécio, os 17% que o Datafolha lhe dá ficam na margem
de erro dos cerca de 15 pontos que as campanhas de todos os candidatos –
inclusive a do próprio Aécio – vêm apurando.
Tanto Ibope quanto Datafolha mostram o mesmo quadro, mas o
Ibope do dia 16 deu uma forçada de barra ao insinuar que Aécio crescera em cima
de Dilma quando se sabe que a aprovação dela vem melhorando a passos largos e a
rejeição a Marina (que já ultrapassa a de Aécio, com 22%), vem subindo.
No segundo turno, tanto Datafolha quanto Ibope mostram o que
dizem as campanhas dos candidatos: Dilma (43%) e Marina (46%). Ou seja,
empatadas tecnicamente. A única diferença é que a campanha do PT vem apurando
Dilma numericamente à frente de Marina, com média de 43% contra 41% de Marina.
Portanto, para aqueles que questionaram o Blog quanto à
razão de ter dito, na última terça-feira, que o Ibope tinha sido ótimo para
Dilma, bom para Aécio e péssimo para Marina, agora entendem que pesquisa não
pode ser lida pelos números secos – há que ver a tendência.
Em resumo: os números são ótimos para Dilma porque ela vem
em trajetória ascendente e em cerca de 20 dias reduziu a vantagem de Marina no
segundo turno de 10 pontos para praticamente nada, pois com 2 pontos de “margem
de erro” pode ter 45% e Marina, 44%.
Os números são bons para Aécio porque, apesar de continuar
moribundo, conseguiu mostrar que não está morto. E, finalmente, são péssimos
para Marina por razões óbvias: a trajetória dela é de queda há várias semanas.
O que é mais relevante na pesquisa, porém, é que, apesar de
a mídia atribuir a queda de Marina aos ataques do “maldoso” PT, essa
vitimização acusatória em benefício da candidata do PSB, que ganhou até capa da
Veja, não produziu efeito. Ou teve efeito contrário.
Na verdade, a vitimização de Marina – por ela mesma e pela
mídia – parece ter enojado grande, enorme parte da sociedade. E não era para
menos. Foi nojento. E injusto. Dilma apenas fez críticas políticas a Marina e
esta fez críticas pessoais ao se dizer “caluniada”.
Fica a lição do avô de Aécio, Tancredo Neves – que o neto
certamente nunca aprendeu: “A esperteza, quando é muita, cresce e engole o
dono”. A lição também vale para Marina. Talvez até mais do que para Aécio.
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