Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Vocês lembram, certamente, do caso do adolescente negro,
espancado e acorrentado a um poste no Flamengo, não é?
E lembram também quando Rachel Sheherazade, disse que era
“compreensível” que rapazes de bem, ameaçados violência, reagissem assim, não
é?
E ontem veio a notícia.
Os “bons rapazes” eram…traficantes de drogas!
Nos seus apartamentos, em Laranjeiras, Catete e Flamengo, na
Zona Sul do Rio, foram apreendidos, segundo a polícia, além de R$ 27 mil em
dinheiro, vários tipos de drogas, material para endolação, balança de precisão,
armas e…máscaras de “Anonymous”.
É “compreensível”, Dona Sheherazade?
Mesmo que não seja, ninguém aqui quer amarrá-los no poste.
colocar uma corrente em seus pescoços, chutá-los e humilhá-los.
Têm direito a defesa, a julgamento, a respeito em sua
condição de – apesar do que fazem – pertencerem à espécie humana.
Tanto quanto o rapaz negro do poste, que nunca teve 1% do
que estes rapazes tiveram.
Leia a matéria de O Dia:
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Jovens de classe média são presos acusados de fazer justiça
com as próprias mãos
Grupo agia nos bairros do Flamengo, Catete e Laranjeiras.
Dos 15 mandados de prisão, oito já foram cumpridos
Rio – A prisão de oito jovens de classe média da Zona Sul na
manhã desta quinta-feira — acusados de integrar quadrilha de traficantes de
drogas que agia nos arredores da Praça São Salvador, em Laranjeiras — colocou
atrás das grades, segundo a Polícia Civil, autores de outros crimes. Entre os
detidos em flagrante durante o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão,
está um acusado de agredir um adolescente e amarrá-lo nu a um poste, em
fevereiro, e ‘black blocs’ que respondem por dano ao patrimônio público em atos
violentos no ano passado.
A imagem do menor preso por uma trava de bicicleta, feita
pela socióloga Yvone Bezzerra de Melo, coordenadora do Projeto Urerê, correu o
mundo e foi motivo de discussões acaloradas em redes sociais na internet. O
crime aconteceu na esquina das ruas Oswaldo Cruz e Rui Barbosa. Três
motoqueiros mascarados, intitulados ‘Os justiceiros’, seriam os responsáveis
pela agressão.
De acordo com o delegado Roberto Gomes Nunes, da 9ª DP
(Catete), o grupo foi delatado, inicialmente, por telefonema ao Disque-Denúncia
(2253-1177). As ligações apontavam a venda de drogas pela internet e telefone.
Porém, o inquérito revela a estreita ligação dos presos com traficantes de
morros próximos. “Ao todo, são 44 pessoas citadas. Havia um serviço de
disque-drogas, além do comércio por meio de ‘atravessadores’, para entrega de
LSD, haxixe e maconha na Praça São Salvador, aos finais de semana.
Analisaremos os computadores e smartphones apreendidos para
localizar os ‘clientes’ da quadrilha através do histórico deles nas redes
sociais”, disse o delegado. Os agentes apreenderam na operação pistolas de
diferentes calibres, R$ 28 mil em espécie, joias e eletrônicos importado, além
de máscaras, gás paralisante, caderno de contabilidade do tráfico. Ainda
segundo a polícia, a movimentação financeira do bando, no entanto, ainda não
pode ser estimada. Entre os presos também há acusados de roubos de carros e
estupros. “Os materiais apreendidos com eles reforçam as provas que reunimos”,
garantiu o delegado Nunes.
Reuniões para definir estratégias de ataque a policiais
De acordo com o delegado Roberto Gomes Nunes, cada um dos
presos será indiciado por crimes diferentes. Coquetéis molotov e máscaras
usadas por ‘black blocs’ durante manifestações, que foram encontrados na casa
de alguns dos acusados, deram para a polícia a certeza de que eles,
anteriormente presos por atos de destruição, ainda continuavam adeptos da
tática utilizada durante os protestos.
“Em depoimento, eles confirmaram que se reuniam e discutiam
estratégias de ataque à polícia na Praça São Salvador”, garantiu o delegado.
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