Autor: Fernando Brito
A fase que naturalmente viria depois do surpreendente
resultado positivo alcançado nas urnas por Aécio Neves no primeiro turno
terminou ontem, com a melancólica adesão de Marina Silva contorcendo-se em
palavras pedantes para explicar como não a tendo atendido em nada, o PSDB terá seu voto e seu apoio, tudo o que
disse antes que os tucanos não teriam, sem meias-palavras, devidamente
gravadas.
Foi o último ato de uma semana de artilharia pesada, a
começar pela utilização asquerosa da Justiça como ferramenta de campanha, com
um “sigilo seletivo” inexplicável, ainda mais quando envolve a formação da
decisão de voto do eleitor, um magistrado que dependerá do próximo presidente
para ser indicado, como sugere a Associação de Juízes Federais – que aliás
decretou uma “greve branca” para aumentarem-se os R$ 30,5 mil que recebem entre
vencimentos e auxílio moradia.
Mas o canhoneio não foi somente este: a barragem de fogo da
mídia e das oligarquias políticas foi intensa e impiedosamente monolítica.
E temperada com pesquisas produzidas sem que ninguém as
contratasse e, depois, vendidas no varejo a quem quer converncer a população de
que esta eleição está ganha por Aécio Neves.
Agora, porém, começa um novo período, em que o povo
brasileira vai poder olhar diretamente não o que dizem dos candidatos, mas o
que dizem os candidatos, no confronto direto dos debates, agora sem o
diversionismo de candidatos que, em geral, nada visavam senão a promoção
pessoal.
Aécio Neves, como qualquer um a quem faltam ideias e
origens, vai buscar o papel de bom-moço, daquele que está sendo atacado, mas
que está interessado em “apresentar propostas”.
Claro, não precisa “atacar”, mas apenas se vale dos ataques
que faz a mídia ao governo Dilma de maneira furiosa, num desequilíbrio
monstruoso do qual já se tornou enfadonho falar, mas é imperioso fazê-los nos
debates, até como forma de “vacinar” a população pelo que ainda virá.
Desta maneira, também, Aécio protege-se do seu principal
defeito: é frágil no confronto direto.
Natural, aliás, para quem teve uma formação na vida fácil de
“filhinho de papai” e “netinho de vovô” e viveu, desde antes de completar 18
anos, do nepotismo político administrativo.
Tão natural que ele próprio o registra em seus dados
biográficos na Câmara dos Deputados, que aos 17 anos (ele nasceu em 1960) já
fora nomeado para o Conselho de Defesa Econômica e, depois, para um cargo de
assessor na Câmara.
Dilma, ao contrário, terá de ser firme e se fixar mais na
postura política e no significado de uma eleição presidencial do que nos
debates anteriores, onde buscava, essencialmente, apenas preservar seu
favoritismo.
Agora, porém, chegamos à batalha decisiva, onde é preciso
demonstrar claramente que Aécio, o “novo” é o que de mais velho existe na
política e que é a reencarnação medíocre de um passado de sofrimentos para o
povo brasileiro.
E que não pode voltar.
0 comentários :
Postar um comentário