“Existe um desinteresse muito grande em cobrir o Estado por
parte da imprensa, que não dá atenção para os temas estaduais”, disse o
prefeito
De Tiago Michaelsen, no face do C Af
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, atribuiu à
imprensa uma parcela de culpa pela derrota do PT na disputa pelo governo do
Estado. Na última eleição, o candidato do partido, Alexandre Padilha, obteve
18% dos votos válidos e foi derrotado no primeiro turno para o atual governador
Geraldo Alckimin (PSDB-SP).
“São Paulo é o Estado que menos teve alternância no poder no
Brasil. É um caso único de 24 anos de sucessão. Acho que em parte é porque
existe um desinteresse muito grande em cobrir o Estado por parte da imprensa,
que não dá atenção para os temas estaduais. Não há um acompanhamento de metas,
de resultados. Também há uma falta de cultura federativa sobre a distribuição
de responsabilidades. Quando eu pergunto na periferia quem eles pensam que é o
responsável pela segurança pública todos respondem que é o prefeito”, exclamou
Haddad ao El País na última quinta-feira (8).
Em entrevista ao Conversa Afiada em outubro de 2014, o
prefeito já havia dito que a capa da Veja, às vésperas do segundo turno, que
trazia denuncias sobre suposta corrupção na Petrobras, prejudicou o desempenho
da Presidenta Dilma na capital paulista.
“A última semana foi muito atípica. Nós tranquilamente
superaríamos os 40% na cidade de São Paulo. A edição da Revista Veja, a
distribuição gratuita nos metrôs, trens e terminais, o rumor, que vamos apurar
e punir, de que a Prefeitura tirava as revistas das bancas e, por fim, o boato
da morte por envenenamento do doleiro delator”, disse à época.
Ao El País, Haddad relatou as dificuldades enfrentadas na
gestão à frente da prefeitura, desde os protestos de 2013 após anuncio do
aumento da tarifa de ônibus até a
proibição de aumentar o IPTU nas áreas nobres e centrais de São Paulo.
“Houve todo um esforço para sanear as contas da cidade, que
quando eu assumi estava insolvente. A situação se agravou com o congelamento da
tarifa e a suspensão da atualização da planta genérica de valores do IPTU.
Apesar de tudo isso, cortando custos, saneando contratos, auditando contas, nós
conseguimos que nos dois primeiros anos de uma nova administração se investisse
mais do que nos dois últimos de uma administração de oito anos. Nós aumentamos
em 9%, acima da inflação o investimento na cidade”, disse.
Após elevação da tarifa de R$ 3 para R$ 3,50, prefeito classificou como” demagogia e puro
eleitorismo” se não o fizesse.
“Seria demagogia. Seria puro eleitoralismo. Sabendo que isso
não é sustentável porque eu não tenho fonte de financiamento vou adotar essa
política demagógica só pelo calendário eleitoral? Ao invés de adotar uma
política demagógica, nós tomamos três medidas: diminuímos a idade da gratuidade
de idosos para 60 anos, criamos o passe livre estudantil, incorporando o
transporte ao direito à educação, e mantivemos as tarifas dos bilhetes
temporais para estimular uma nova visão do transporte por parte do empregador.”
Leia aqui a entrevista completa:
Alisson Matos, editor do Conversa Afiada
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