O Ministério Público de São Paulo abriu três investigações
para apurar suspeita de pagamento de propinas pelo doleiro Alberto Youssef em
obras paulistas. Duas miram contratos da empresa de saneamento Sabesp e do
Metrô, estatais do governo paulista sob gestão do PSDB. Com Mário Covas, José Serra e Geraldo
Alckmin, os tucanos estão no poder há mais de 20 anos.
Obras da Sabesp e Metrô aparecem entre 747 contratos
listados em uma planilha apreendida com Youssef em março pela Polícia Federal
durante a Operação Lava Jato. Existem R$ 28,8 milhões suspeitos de ser propina
na Sabesp..
Os valores aparecem ao lado de três obras, a estação de
tratamento de água Jurubatuba, no Guarujá, a adutora Guaraú-Jaguará, na Grande
São Paulo, e tubulação da Sabesp, em Franca.
Na parte referente ao Metrô, a quantia de R$ 7,9 milhões,
também suspeita de referir-se a propina, está associada à obra da Vila
Prudente. Se as investigações confirmarem as suspeitas, é mais um escândalo a
somar-se aos subornos de Alstom e Siemens.
Outro doleiro pego na Operação Lava Jato, Raul Henrique
Srour, conforme outra investigação internacional feita pela Procuradoria de
Luxemburgo, movimentou dinheiro irregular da Siemens, também suspeito de
tratar-se de intermediação de propinas, no paraíso fiscal das Ilhas Virgens
Britânicas, conforme já noticiamos aqui.
A análise da planilha de Youssef ainda não terminou e outras
investigações podem ser abertas pelo Ministério Público paulista nos próximos
dias, segundo o promotor de Justiça Otávio Ferreira Garcia.
A notícia, divulgada discretamente pelo jornal Folha de S.
Paulo, chega em um mau momento político para o governador Geraldo Alckmin, às
voltas com o racionamento de água em São Paulo.
Como se não bastasse a falta de investimentos na ampliação e
segurança do abastecimento – com a opção da Sabesp de distribuir mais lucros
aos acionistas nos últimos anos, inclusive da Bolsa de Valores de Nova York –,
a suspeita de que o dinheiro da tarifa d'água tenha ido para bolsos escusos no
esquema Youssef não contribui para melhorar o humor do paulistano na hora em
que abre a torneira e não sai água.
Esperamos que a imprensa amiga dos tucanos não abafe o caso
e que venham as condenações na Justiça, com devolução dos lucros obtidos fora
dos trilhos e aplicação rigorosa das penas estabelecidas em lei. O exemplo
servirá para começar a demolir um grande obstáculo ao transporte de massa em
São Paulo.
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