Por Miguel do Rosário
O novo tempo que se inicia no Maranhão
Por Theófilo Rodrigues
Em tempos em que governadores aprovam pensões vitalícias
para eles próprios, usam helicópteros e jatinhos para viagens particulares
periódicas, aumentam seus salários e nomeiam assessores e motoristas que os
servirão pelo resto da vida, dá um pingo de esperança ver o que o novo
governador do Maranhão está fazendo.
Eleito em outubro de 2014 com uma grande vitória sobre a
família Sarney, Flávio Dino mal tomou posse e já anunciou medidas que
impressionam. Medidas simples, mas que têm o potencial de levar aquele estado
tão castigado por anos de patrimonialismo para um novo patamar econômico,
político e social.
Em seu discurso de posse o primeiro governador comunista da
história do Brasil listou 17 ações que já começaram a ser implementadas.
Apontando para uma gestão educacional mais democrática, o
governador anunciou em seu discurso de posse que a partir de agora todas as
escolas da rede pública estadual terão seus diretores escolhidos através de
eleições diretas com a participação de estudantes, professores e funcionários.
Através do Decreto 30620 será instituído o Programa Escola
Digna que eliminará as insalubres escolas de taipa e de palha que
vergonhosamente ainda existem no Maranhão. Ainda sob a perspectiva educacional
o governador encaminhou para a Assembleia Legislativa o projeto de lei que cria
o Programa Mais Bolsa Família Escola. Esse programa visa oferecer recursos
anuais para os materiais didáticos das crianças que recebem atualmente o Bolsa
Família.
São conhecidas as relações das velhas oligarquias rurais com
os latifúndios improdutivos e o poder político. Conhecedor profundo e admirador
de Victor Nunes Leal (ver o livro Coronelismo, enxada e voto) Dino não deixou
esse tema passar batido. Não à toa entre suas primeiras ações está a Medida
Provisória 187 que cria a Secretaria de Agricultura Familiar para fomentar uma
nova, rica e democrática produção agrícola no estado.
Outra secretaria a ser criada é a Secretaria de Direitos
Humanos e Participação Popular. Essa secretaria será a responsável pelo orçamento
participativo, ou seja, pela consulta popular sobre o destino do orçamento
estadual, bem como pelos conselhos temáticos de políticas públicas. Ela
assumirá, por exemplo, o “Pacto pelo IDH” que cuidará do desenvolvimento humano
e social de todas as cidades do estado.
A democratização da mídia é outra prioridade do governador.
Entre suas ações prometidas está o fortalecimento da rádio pública (Rádio
Timbira) que estava sendo sucateada nos últimos anos, a redistribuição das
verbas de publicidade para desconcentrar o oligopólio midiático e a expansão da
rede de internet de Banda Larga que hoje alcança apenas 10% da população do
estado.
Há também as mudanças simbólicas que visam enterrar de vez o
patrimonialismo naquele estado. É o caso do Decreto 30611 a partir do qual será
vendida a “Casa de Veraneio do Governador”, bem como o Decreto 30618 que proíbe
os nomes de pessoas vivas em logradouros e prédios públicos.
Fosse vivo, o economista marxista maranhense Ignácio Rangel
estaria orgulhoso de assistir ao que ocorre hoje em seu estado. Não viveu para
ver, mas suas ideias estão aí influenciando diretamente Flávio Dino.
Claro, serão quatro anos difíceis ante as pretensões
colossais do novo governador. Depois de 50 anos de permanência no poder da
família Sarney, a cultura patrimonialista incrustou-se por todo o aparelho
público do estado e não deixará de existir de um dia para o outro. É por essa
razão que Dino precisa de todo o apoio da sociedade civil brasileira para levar
esse desafio adiante. Pois o futuro do Maranhão é o futuro do Brasil.
Theófilo Rodrigues é cientista político
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